A greve conjunta de roteiristas e atores tem gerado muita conversa em torno do uso de inteligência artificial na indústria criativa. Entretanto, na opinião do diretor Steven Soderbergh, um aspecto muito mais importante é a falta de transparência dos principais serviços de streaming com relação a dados.
O cineasta, vencedor do Oscar por “Traffic” e comandando atualmente a minissérie da HBO Max “Círculo Fechado”, conversou sobre o tema em entrevista ao Defector (via The Hollywood Reporter). A reflexão giruo em torno da razão por trás de serviços como Netflix não compartilharem dados de audiência. Ele disse:
“Existem duas razões possíveis para explicar por que não estamos recebendo informações completas. Uma é que eles estão gerando muito mais dinheiro do que todo mundo acha e do que estão dispostos a falar pra gente. A outra é que estão fazendo muito menos do que qualquer um pensa. E não querem Wall Street examinando embaixo do capô porque isso significaria um choque de realidade bem desagradável. É um dos dois.”
Quando perguntado se prefere uma das duas opções, Soderbergh respondeu que aceitaria até a segunda se significasse trabalhar em um ambiente onde sabe o que está acontecendo.
“Se a gente quebrar todas as paredes e descobrir que a matemática do negócio não bate, será uma transformação. Minha sensação – e estou operando numa posição de privilégio aqui – é que quanto mais cedo soubermos, melhor, porque de um jeito ou de outro, precisa ser reconstruído, então por que não começar agora?”
Quanto a inteligência artificial, Soderbergh afirma não se preocupar com a tecnologia. O diretor revelou que usou IA para criar imagens conceituais de um projeto futuro e duvida que seja capaz de replicar o trabalho de humanos em termos de roteiro e direção.
Por fim, descreveu como a ideia não faz sentido sob o ponto de vista dos executivos:
“É minha impressão dos executivos com quem trabalho, ou com quem trabalhei, que eles não precisam de mais trabalho. Eles estão sobrecarregados. E a ideia de comandar um departamento gerando material novo, baseado em ideias de IA, que então precisaria ser curado e melhorado por humanos? Eu não faria. Não acho que podemos ser substituídos assim. Não acho.”
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