A opinião atual de Kirk Hammett sobre “Kill ‘Em All” e “Ride the Lightning”, do Metallica

Guitarrista ainda exaltou a mentalidade semelhante de outras bandas que participaram dos primórdios da cena thrash americana

Lançados respectivamente em 1983 e 1984, “Kill ‘Em All” e “Ride the Lightning” ajudaram a sedimentar a carreira do Metallica. Obviamente, um sucesso ainda maior veio com os álbuns seguintes – o que deu até mesmo um novo impulso às vendas dos dois citados acima. Porém, o que as obras iniciais deram jamais pode ser ignorado.

Em entrevista à rádio americana 93.3 WMMR (transcrita pelo Blabbermouth), o guitarrista Kirk Hammett refletiu sobre a importância desses discos 40 anos após serem gravados.

“Quando os ouço hoje, fico impressionado. Éramos todos muito jovens, mas tínhamos uma visão muito clara do que queríamos fazer, como queríamos soar, como queríamos executar as coisas, o tipo de música que queríamos escrever. Quero dizer, por mais jovens que fôssemos, todos tínhamos uma visão coletiva e sabíamos exatamente o que queríamos. O que estávamos buscando era único.”

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Membro fundador do Exodus, o músico também fez questão de ressaltar a importância de todos os colegas de cena.

“Poucas outras bandas tinham a mesma visão. Éramos nós, o Slayer, Anthrax, Megadeth, Exodus, Overkill, Testament… Tínhamos um objetivo conjunto. Mas o que me impressiona é que temos mais ou menos a mesma idade. Não sei se isso acontece hoje em dia. Você encontra apenas um grande grupo de pessoas, uma cena em que todos estão na mesma coisa e se apoiando. E então as gravadoras começaram a dizer: ‘o que está acontecendo?’ e ficaram curiosos. Quando você percebe, de repente há uma companhia na sala contratando todo mundo. Tínhamos, tipo, 22, 23 anos. O fato de termos feito tanto em uma idade tão jovem me surpreende, porque parece que tínhamos algo do nosso lado – tínhamos algum tipo de energia, ou Deus estava sorrindo para nós ou o universo estava nos empurrando.”

Impacto sentido na atualidade

Kirk Hammett ainda destaca que o impacto real de tudo que foi feito é sentido mais atualmente do que na própria época.

“Quando estávamos fazendo esses álbuns e as turnês por trás deles, nós meio que estávamos apenas seguindo o fluxo das coisas. Não parávamos e refletíamos sobre o que havíamos conquistado. Hoje, 40 anos depois, sou capaz de fazer isso e dizer: ‘Cara, nós realmente conseguimos’.”

Metallica e “Kill ‘Em All”

Lançado em 25 de julho de 1983, “Kill ‘Em All” é considerado uma das pedras fundamentais do subgênero que viria a ser conhecido como thrash metal. Inicialmente o título seria ‘Metal Up Your Ass’. A capa já estava até pronta. Porém, lojas avisaram que não venderiam o trabalho sob essas condições. A nova denominação veio após o baixista Cliif Burton bradar que tinha que “matar todos eles” que se recusaram a comercializar o play.

Demitido pouco antes do lançamento, o guitarrista Dave Mustaine teve suas partes regravadas por Kirk Hammett. Ele ganhou créditos como compositor em 4 das 10 faixas. Não obteve grande repercussão à época em que chegou às lojas. Porém, com o estouro de seus sucessores, atingiu mais de 4,5 milhões de cópias vendidas só nos Estados Unidos.

Metallica e “Ride the Lightning”

Disponibilizado em 27 de julho de 1984, “Ride the Lightning” foi gravado em três semanas no Sweet Silence Studios em Copenhague, Dinamarca, com o produtor Flemming Rasmussen. Foi o último a contar com contribuições de Dave Mustaine nas composições, assim como o primeiro a ter colaborações de seu substituto, Kirk Hammett.

A sonoridade já contava com maior sofisticação em comparação à crueza de “Kill ‘Em All”. O mesmo pode ser dito do conteúdo lírico, com citações a escritores como Stephen King, Ernest Hemingway e H.P. Lovecraft.

Vendeu mais de 6 milhões de cópias em território estadunidense. A turnê contou com a primeira aparição no Monsters Of Rock, em Donington, tocando entre Ratt e Bon Jovi – o que despertou a ira de James Hetfield, com direito a discurso inflamado em pleno palco.

E para quem critica a banda por ter “se vendido” nos anos 1990, Lars Ulrich sempre lembra que a banda já enfrentou críticas dos die-hard esta época por ter feito uma balada – “Fade To Black” – e outra canção mais acessível para os padrões do Metal – “Escape”.

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João Renato Alves
João Renato Alveshttps://twitter.com/vandohalen
João Renato Alves é jornalista graduado pela Universidade de Cruz Alta (RS) e pós-graduado em Comunicação e Mídias Digitais. Colabora com o Whiplash desde 2002 e administra as páginas da Van do Halen desde 2009. Começou a ouvir Rock na primeira metade dos anos 1990 e nunca mais parou.

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