A história do criticado filme “Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band”

Longa disponibilizado em 1978 teve a presença dos Bee Gees, Peter Frampton e George Martin - que não salvaram o projeto do fracasso

Lançado pelos Beatles em 1967, “Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band” é citado como um dos melhores álbuns de todos os tempos. Não dá para dizer o mesmo a respeito do filme baseado no disco, que foi detonado pela crítica especializada, a própria banda e seu estrelado elenco.

O longa de mesmo nome que o álbum foi disponibilizado em 1978, com Bee Gees e Peter Frampton interpretando os protagonistas da história. Só que ninguém se lembra dele pelo simples fato de ter sido muito criticado.

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O filme de “Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band”  

O responsável por ter transformado “Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band”  em filme é Robert Stigwood. Ele era empresário dos Bee Gees e sua companhia também bancava peças de teatro e filmes, incluindo sucessos como “Grease – Nos Tempos da Brilhantina” e “Os Embalos de Sábado à Noite”.

Em 1974, a empresa de Stigwood lançou uma peça de teatro inspirada no álbum dos Beatles, chamada “Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band on the Road”, após o empresário ter comprado os direitos de 29 canções dos Beatles.

Foi a partir da peça que Stigwood teve a ideia de lançar um filme inspirado no disco. Ele convidou o crítico musical Henry Edwards para escrever o roteiro – sendo que o próprio nunca havia feito isso em sua vida – e George Martin, produtor original dos Beatles, para ser o responsável pela trilha sonora

Com o roteiro pronto no início de 1977, a obra entrou em produção pra valer. Stigwood chamou os Bee Gees e Peter Frampton para estrelarem o longa, que iniciou as gravações em outubro do mesmo ano e foi lançado nos cinemas em 24 de julho de 1978.

História e elenco

O enredo do filme adapta sem muita fidelidade a peça de teatro. Um musical, contou com quase todas as canções presentes em “Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band” (apenas “Within You, Without You” e “Lovely Rita” ficaram de fora), além de incluir boa parte das faixas de “Abbey Road” (1969).

A história é contada pelo personagem Mr. Kite, vivido pelo ator George Burns. A narração é intercalada com as canções dos dois álbuns dos Beatles, que foram regravadas pelos vários artistas presentes na obra e interpretadas por seus personagens.

No enredo, Mr. Kite, o prefeito da cidade de Heartland, relembra a história da banda do Sgt. Pepper, a Lonely Hearts Club Band, responsável por trazer felicidade ao local. Porém, o sargento morre durante uma apresentação. Antes de partir, revelou que os mágicos instrumentos da banda deveriam permanecer em Heartland para garantir que a população continue feliz.

Billy Shears (Peter Frampton), neto do Sgt. Pepper, decide honrar o legado do avô e recria a banda na companhia de seus amigos, os irmãos Mark, Dave e Bob Henderson (Bee Gees).

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A obra contou também com participações de Alice Cooper, Aerosmith, Earth, Wind & Fire, Heart, Curtis Mayfield, Etta James, Tina Turner e Billy Preston, além do ator Steve Martin.

Alta expectativa e fracasso

Esperava-se bastante do longa, mesmo sem os Beatles, já que Bee Gees e Peter Frampton faziam grande sucesso da época. A presença do próprio George Martin também foi vista como algo positivo para o público antes do lançamento.

O crítico de cinema Sergio Mims lembrou da expectativa gerada na época e que o filme também seria um dos primeiros de Hollywood dirigido por um diretor negro, Michael Schultz. Para o site “Shadow and Act”, escreveu o seguinte:

“‘Sgt. Pepper’s’ foi um GRANDE negócio na época. Não era um filme de baixo orçamento voltado especificamente para o público negro. Ele era genuíno, foi bastante promovido, era uma produção multimilionária de Hollywood feita para as grandes massas, e um diretor negro estava na frente dele pela primeira vez.”

No entanto, foi um verdadeiro fiasco, tanto de bilheteria quanto de crítica. No Rotten Tomatoes, famoso site de avaliações de filmes, o longa tem apenas 11% de aprovação. Sergio Mims afirma:

“Infelizmente, quando filme saiu no verão daquele ano, para o meu e o horror de outras pessoas, se tornou um desastre. Claro, foi uma péssima ideia, em primeiro lugar. Pegaram um clássico álbum conceito dos Beatles como premissa para o filme sem os Beatles, mas com os Bee Gees, que tentaram e falharam miseravelmente em capturar o espírito e tom dos grandes filmes dos Beatles dos anos 1960, dirigidos por Richard Lester.”

Em 1979, George Harrison foi perguntado pela Rolling Stone a respeito do filme. O lendário guitarrista dos Beatles garantiu que desistiu de assisti-lo após ler as inúmeras críticas negativas e que sentiu pena de Peter Frampton e dos Bee Gees por terem se envolvido com o projeto.

“Sinto pena do Robert Stigwood, os Bee Gees e o Peter Frampton por terem feito isso, porque eles já se firmaram como artistas decentes. Acho que danificou a imagem e carreiras deles, não precisavam ter feito o filme. É como se os Beatles tentassem ser os Rolling Stones. Mas os Rolling Stones fariam bem melhor.”

Por que Peter Frampton aceitou aparecer

Em entrevista para a Billboard, concedida em 2017, Peter Frampton explicou por que aceitou participar de “Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band”:

“Existem apenas duas razões para eu ter aceitado o convite. Uma era porque o George Martin estava (produzindo a trilha sonora) e a outra é porque Paul McCartney iria participar. Recebi a promessa do Robert Stigwood de que Paul estaria no filme. Pensei ‘se um Beatle vai participar, vou participar’, caso contrário, seria errado eu fazer qualquer coisa relacionada aos Beatles – e ainda é, a menos que você faça como o Joe Cocker (em referência à versão de ‘With a Little Help from My Friends’) e algumas outras pessoas fizeram.”

Frampton garante que foi “perdoado” pelos Beatles por sua participação. Na mesma entrevista, relembrou um episódio divertido em que foi convidado a comentar sua aparição no longa, com Ringo Starr ao seu lado.

“Durante uma turnê (da All-Starr Band, grupo de Ringo que teve uma breve participação de Frampton), estavam me entrevistando e Ringo estava próximo, no vestiário. Aí, o jornalista disse: ‘o que você pensa de sua participação no filme de Sgt. Pepper?’. Não disse uma palavra e o Ringo falou: ‘ah, não conversamos sobre isso (risos)’. E eu pensei: ‘obrigado, nós não conversamos sobre isso’. Todos nós cometemos erros, não é?”

A participação do Aerosmith

Outro nome de sucesso presente em “Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band” foi o Aerosmith. Mas segundo o guitarrista Joe Perry, o grupo não estava muito disposto a participar do filme e mudou de ideia após pedirem uma mudança no roteiro.

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Perry disse o seguinte para o Yahoo!:

“Quando nos apresentaram o filme, fomos totalmente contra. Achamos muito forçado e ficamos céticos. E quando vimos que o Peter Frampton mataria o Steven (Tyler, vocalista do Aerosmith) no roteiro original, dissemos: ‘se vocês querem que façamos o filme, terão de mudar o roteiro’. Não consideramos o Peter Frampton digno de vencer um de nós. E aí, disseram: ‘vamos mudar!’. Fizemos (o filme) mais pela aventura de gravá-lo. E nos disseram: ‘venham, todas as despesas serão pagas!’. Também nos deram a chance de fazer não apenas o cover de uma de nossas músicas favoritas dos Beatles (‘Come Together’), mas de trabalhar com George Martin. Esse foi o negócio para nós.’”

No filme, o Aerosmith interpretou uma banda que se opôs aos protagonistas vividos por Frampton e os Bee Gees.

A banda gravou seu cover de “Come Together” para a cena em que Steven Tyler entra em luta com Peter Frampton – que também ajuda a explicar o porquê do fracasso do filme, como você pode conferir abaixo.

Por fim, Perry também admitiu que o Aerosmith teve sorte de passar ileso da enxurrada de críticas contra “Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band”.

“Acho que os críticos nos deixaram de lado nessa. Não fomos massacrados, então conseguimos sair limpos dessa.”

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Augusto Ikeda
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Formado em jornalismo pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU). Atua no mercado desde 2013 e já realizou trabalhos como assessor de imprensa, redator, repórter web e analista de marketing. É fã de esportes, tecnologia, música e cultura pop, mas sempre aberto a adquirir qualquer tipo de conhecimento.

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