Embora boa parte do mundo conheça Sammy Hagar a partir da metade dos anos 1980, quando assumiu os vocais do Van Halen, sua história é bem mais significativa. O vocalista e guitarrista gravou os dois primeiros álbuns do Montrose, um dos pilares do hard rock americano. Após sair, conseguiu se estabelecer como artista solo. Sua carreira ia tão bem nos Estados Unidos que ele chegou até mesmo a ficar brevemente em dúvida se realmente deveria entrar em uma das maiores bandas do mundo.
Porém, até estabelecer seu nome, o Red Rocker enfrentou vários perrengues. Um deles se deu em 1977, quando abria uma turnê do Kiss, que divulgava seu quinto álbum de estúdio, “Rock and Roll Over”, lançado no ano anterior. Após encarar as vaias de um lotado Madison Square Garden, em Nova York, Sammy destruiu a própria guitarra no palco. Para encerrar, baixou as calças e mostrou os órgãos genitais.
Em entrevista ao “That Rocks!”, transcrita pelo Ultimate Classic Rock, Hagar recordou o ocorrido. E destacou o lado positivo do desfecho.
“Foi lindo à sua maneira, porque me deu um impulso. Fiquei com raiva e decidi que não toleraria novamente esse tipo de coisa. Nunca mais iria acontecer.”
O artista aproveitou para ressaltar que a produção foi a principal culpada, já que não houve qualquer aviso ao público sobre uma atração de abertura.
“Eles realmente não sabiam que eu estava no programa. Então, quando o cara saiu para anunciar, eu estava de pé ao lado do palco, empolgado e ele disse: ‘Senhoras e senhores, por favor, deem as boas-vindas a Sammy Hagar!’ E todo o lugar começou a vaiar! Nem sabiam quem diabos eu era.”
Tentativa frustrada
Sammy até que tentou conquistar a plateia. Porém, sem sucesso.
“Abri com duas canções mais rock. Então fui para a balada – naquela época você tocava dois sons pesados e depois fazia uma balada, que geralmente era seu hit – e, cara, eles me detonaram. Apenas parei a música e disse: ‘Estou tão feliz que trouxeram uma audiência especialmente de Los Angeles para mim’. Então, despedacei minha guitarra ’61 Strat. Acredito que essa coisa valeria meio milhão de dólares hoje. Mas eu quebrei em pedaços, chateado.”
A seguir, o músico encarou a perplexidade do lendário promotor de shows Bill Graham, além de um dos membros do Kiss.
“Graham colocou as mãos no rosto, não sabia o que dizer, estava sem palavras. E Paul Stanley disse ‘Sammy! Oh, meu Deus, você não pode fazer isso, cara.’ Os caras do Kiss estavam pirando, enquanto eu ligava o f*da-se. Disse ao meu empresário que nunca mais faria um show com eles. E cumpri. Já fui vê-los porque somos amigos, mas eu nunca tentaria abrir para eles novamente.”
Após pensar melhor e concluir que o público de hoje teria uma reação diferente, Hagar reconsiderou a última parte.
“Honestamente, agora eu faria isso, seria a coisa mais legal do mundo. Mas apenas por esse motivo. ‘Vamos ao Madison Square Garden e eu abrirei para vocês. Vamos tentar outra vez!’.”
Sammy Hagar solo
À época, Sammy Hagar divulgava seu segundo disco solo, que levava seu nome. No mesmo ano, ainda lançaria “Musical Chairs”. Ambos chegaram ao Top 100 da parada norte-americana. O sucesso viria apenas na década seguinte, com os platinados “Standing Hampton” (1982) e “VOA” (1984), além do dourado “Three Lock Box” (1983).
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