Cavalera promove nostalgia bem bolada com regravações do Sepultura

Novas versões de “Bestial Devastation” e “Morbid Visions” não acrescentam às originais, devendo ser encaradas como um autotributo à banda mais importante do metal brasileiro

Não dá para dizer que foi uma real surpresa o anúncio do que Max e Iggor Cavalera regravariam o EP “Bestial Devastation” (1985) e o álbum “Morbid Visions” (1986), primeiros lançamentos do Sepultura. Na verdade, os irmãos já vinham declarando essa intenção há um bom tempo. Pode-se até dizer que demorou, considerando as especulações.

Quando a ideia se oficializou, foi inevitável causar discussões sobre o significado do projeto. Alguns aprovaram, outros interpretaram como algo desnecessário e até mesmo oportunista no pior sentido da palavra. Como sempre, é preciso ser ponderado na hora de avaliar algo do tipo – pedido quase impossível quando o fanatismo toma conta.

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A despeito de estranhezas e posicionamentos discordantes, dá para considerar a proposta válida. Max e Iggor são músicos muito melhores hoje do que no período em que as sessões originais foram registradas – além de o vocalista e guitarrista conseguir se expressar em inglês como não era capaz anteriormente.

Se formos colocar os aspectos de produção, então, não dá nem para começar uma argumentação contrária. Não é culpa de ninguém, mas todo mundo sabe como era difícil fazer um disco bem gravado no Brasil da década de 1980. A coisa ficava ainda pior em se tratando de metal, um segmento ainda restrito aos fãs.

Por conta de todos esses elementos, os Cavalera tinham argumentos suficientes para retrabalhar algo que havia sido feito de forma tão primitiva e rudimentar. E o resultado tem tudo para agradar quem for adepto da era mais extrema e rústica do Sepultura – da mesma forma que os adeptos do que foi feito dos anos 1990 em diante podem se sentir desconfortáveis caso ouçam com a mente fechada.

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As novidades ficam por conta de duas faixas compostas à época que acabaram ficando de fora dos plays. “Sexta Feira 13” encerra “Bestial Devastation”, enquanto “Burn the Dead” fecha o tracklist de “Morbid Visions”. Ambas são bastante condizentes com a proposta dos trabalhos. E é sempre bom ouvir metal cantado em português, algo muito em falta na nossa cena historicamente.

As novas versões foram registradas no estúdio The Platinum Underground, em Phoenix, Arizona. John Aquilino cuidou da engenharia de som, enquanto Arthur Rizk foi o responsável pela mixagem e masterização. As capas foram recriadas com base nas originais por Eliran Kantor.

Vale ainda citar que Igor Amadeus Cavalera (Healing Magic, Go Ahead and Die) – filho de Max – se encarregou do baixo, com a guitarra solo ficando a cargo de Daniel Gonzales (Possessed, Gruesome).

Não há maiores destaques individuais, visto não se tratar exatamente de uma novidade. Obviamente, “Troops of Doom” foi a única que sobreviveu no setlist do atual Sepultura, sendo o que mais próximo temos da sonoridade que seria seguida por todos os envolvidos em álbuns posteriores. E apesar de não ter tido a mesma repercussão de músicas seguintes, dá sim para dizer que se trata do primeiro clássico do grupo.

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Talvez nem todo mundo venha a entender o que levou Max e Iggor a realizar esse projeto. Possivelmente, eles nem estão interessados em lidar com qualquer tipo de reação e apenas decidiram promover uma nostalgia bem bolada. Até por isso, a melhor maneira de aproveitar o conteúdo é simplesmente apertando o play e se deixando transportar a um tempo de ingenuidade metálica com bastante capirotismo lírico.

*As regravações serão lançadas pela Nuclear Blast na próxima sexta-feira (14). Clique no nome de cada trabalho para fazer o pré-save nas plataformas digitais:Bestial Devastation|Morbid Visions”. Não haverá lançamento em formato físico (CD, vinil etc) no Brasil.

“Bestial Devastation”

  1. The Curse
  2. Bestial Devastation
  3. Antichrist
  4. Necromancer
  5. Warriors Of Death
  6. Sexta Feira 13

“Morbid Visions”

  1. Morbid Visions
  2. Mayhem
  3. Troops Of Doom
  4. War
  5. Crucifixion
  6. Show Me The Wrath
  7. Funeral Rites
  8. Empire Of The Damned
  9. Burn The Dead

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João Renato Alves
João Renato Alveshttps://twitter.com/vandohalen
João Renato Alves é jornalista, 40 anos, graduado pela Universidade de Cruz Alta (RS) e pós-graduado em Comunicação e Mídias Digitais. Colabora com o Whiplash desde 2002 e administra as páginas da Van do Halen desde 2009. Começou a ouvir Rock na primeira metade dos anos 1990 e nunca mais parou.

2 COMENTÁRIOS

  1. Como assim não vai ter distribuição física no Brasil,?
    Estava certo que a Shinigami Records lançaria versão nacional.
    Será que esqueceram que estes discos originais foram lançados primeiro no Brasil?
    VTN*

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