Após as sessões de “Abbey Road” (1969), estava cada vez mais claro que o futuro dos Beatles não era em conjunto. A representatividade e a relevância do grupo seguem intactas até hoje, mais de meio século depois. Porém, era difícil manter tantos craques jogando para o coletivo, em uma analogia esportiva.
George Harrison já havia tentado sair. Mas foi John Lennon quem decidiu que o tempo tinha passado o suficiente para sair em busca de novas aventuras. Sendo assim, Paul McCartney resolveu se antecipar, romper acordos e anunciar sua retirada – e por consequência, o encerramento da banda que mudou a história da música.
Só que a coisa não ficou por aí. Logo a seguir, Macca processou os colegas. A ação foi uma manobra para evitar que o ex-empresário Allen Klein tivesse controle sobre suas finanças e obra. Cinquenta anos depois, em entrevista à British GQ (resgatada pelo Showbiz CheatSheet) o músico disse que, se não tivesse feito isso, o Fab Four teria perdido tudo e não conseguiria seguir trabalhando em seu catálogo nos anos posteriores.
“Era a única maneira de salvar os Beatles e a Apple. Sem isso, não teríamos lançado o documentário ‘Get Back’ de Peter Jackson, a saga ‘Anthology’ e todas essas grandes remasterizações de todos os discos. Era preciso processar a banda. Se eu não tivesse feito isso, tudo teria pertencido a Allen Klein. A única maneira que me foi dada para nos tirar disso foi fazer o que eu fiz.”
Paul venceu a apelação, rompeu com Klein – em quem nunca confiou de verdade – e manteve os direitos de suas criações. Em 1974, durante uma coletiva de imprensa, o próprio George Harrison admitiu que o amigo havia feito a coisa certa.
“Para dizer a verdade, há muito dinheiro em recuperação judicial desde que Paul McCartney nos processou. É uma sorte que ele tenha feito isso, porque enquanto o dinheiro estiver em liquidação ninguém poderá gastá-lo.”
Paul reconheceu ter sido difícil para si mesmo não incorporar o papel de responsável pelo fim.
“Eu era considerado o cara que separou os Beatles e o babaca que processou seus amigos. E, acredite, eu comprei isso. Era tão comum que durante anos quase me culpei.”
Vendas dos Beatles após o fim
Apenas após o encerramento, os Beatles comercializaram mais de 600 milhões de cópias dos seus discos em todo o mundo. Junto de Elvis Presley – e considerando singles, coletâneas e afins –, são os únicos artistas que superaram a marca do bilhão de vendas – Michael Jackson está quase lá, mas ainda não chegou.
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“Sendo assim, Paul McCartney resolveu se antecipar, romper acordos e anunciar sua retirada – e por consequência, o encerramento da banda que mudou a história da música”. Essa parte não está correta.
Ele poderia se antecipar porque os Beatles já tinham se separado desde o ano anterior! O responsável pela separação foi John Lennon. Assim que chegou do festival de Toronto ele anunciou que estava deixando a banda. Mas combinaram que não falariam sobre isso por enquanto. O que Paul fez foi informar que a banda tinha se separado. E não que ele estava deixando, visto que a banda nem mais existia. Foi um jornal tabloide que deu a informação falsa. De fato, os demais ficaram chocados por ele ter revelado que estavam separados. John não gostou porque achava que ele é quem devia dar a má notícia. Nunca entendi tanta vontade assim de ser aquele que nos causaria tanta dor.
John Lennon também reconheceu que Paul fez o que devia ter feito. Tem um video onde ele diz que Paul estava certo quanto a Alan Klein. Era um safado mesmo. E a única maneira de se livrar dele seria pelo processo, visto que os outros três confiavam em Alan Klein. Quando George, finalmente descobriu o quão desonesto ele era, revelou ter sido como se tivesse sido esfaqueado pelas costas. E que todos deviam um pedido de desculpas a Paul. Afinal Paul tinha avisado a eles…e ninguém acreditou.
Allen Klein trabalhou com os Rolling Stones e causou muitos problemas. A diferença é que os Stones ainda eram iniciantes e quando Klein foi trabalhar com os Beatles, eles eram experientes, mas McCartney percebeu o caroço no angu.