Zeca Baleiro parou no meio o show que realizava em Penedo, Alagoas, no último domingo (7), após um homem da plateia o atrapalhar e mencionar a Lei Rouanet (Lei de Incentivo à Cultura). O cantor falava sobre a importância do posicionamento político, quando o indivíduo gritou.
A apresentação aconteceu na FliPenedo, festa literária do local. Durante o set, o artista deu uma pausa nas músicas e resolveu contar uma história ao público, envolvendo as eleições para a presidência do ano passado.
“No ano passado, a gente foi tocar num festival gastronômico no interior de Minas, numa cidade chamada Nova Era. E durante o período das eleições eu não fiquei neutro, acho que nenhum artista, nenhum cidadão, deve ficar neutro. Mas eu também não era espalhafatoso, até mesmo porque atrapalhava o show, virava quase um comício. Quando começavam os gritos entalados na garganta de pelo menos 50% dos brasileiros, eu era obrigado a me manifestar, pedia que votassem com consciência, com discernimento, porque era um momento histórico e declarava meu voto naturalmente porque eu acho que o artista tem que fazer isso.”
Ele preparava-se para dar continuidade à narrativa, até que um homem presente gritou “Lei Rouanet”. Como mostra o vídeo postado por Túlio Gonçalves no YouTube, Zeca mudou os planos e desceu do palco, para conversar diretamente com o rapaz.
No registro, ele chamou o indivíduo, que se recusou a acompanhá-lo. Então, pelo microfone, o artista mandou um recado:
“Tu sabe o que é a Lei Rouanet? Venha falar sobre Lei Rouanet. Não sabe p#rra nenhuma, bicho. Não sabe o que falar, não fala, não sabe o que é a Lei Rouanet. Tem parente seu que foi beneficiado pela lei, porque isso gera trabalho para uma cadeia imensa de trabalhadores. Isso é ignorância sua, não sai falando isso por aí não. E pode se retirar do meu show, se quiser. Isso tem em todo país civilizado.”
Por fim, Zeca Baleiro disse que é pago “para fazer o show e não para mudar de opinião” e seguiu com o repertório previsto. Assista ao vídeo abaixo.
Sobre a Lei Rouanet
A Lei Rouanet está em vigor no país desde 1991 e prevê a isenção de impostos para quem investe no setor cultural. O valor destinado não vai apenas para os artistas, mas também para todo o custeamento da equipe e do projeto envolvidos.
O site do Governo Federal explica:
“O que é a Lei de Incentivo? “Principal ferramenta de fomento à Cultura do Brasil, a Lei de Incentivo à Cultura contribui para que milhares de projetos culturais aconteçam, todos os anos, em todas as regiões do país. Por meio dela, empresas e pessoas físicas podem patrocinar espetáculos – exposições, shows, livros, museus, galerias e várias outras formas de expressão cultural – e abater o valor total ou parcial do apoio do Imposto de Renda. A Lei também contribui para ampliar o acesso dos cidadãos à Cultura, já que os projetos patrocinados são obrigados a oferecer uma contrapartida social, ou seja, eles têm que distribuir parte dos ingressos gratuitamente e promover ações de formação e capacitação junto às comunidades. Criado em 1991 pela Lei 8.313, o mecanismo do incentivo à cultura é um dos pilares do Programa Nacional de Apoio à Cultura (Pronac), que também conta com o Fundo Nacional de Cultura (FNC) e os Fundos de Investimento Cultural e Artístico (Ficarts).”
O funcionamento também é explicado na página:
“Um produtor cultural, artista ou instituição, como um museu ou teatro, por exemplo, planeja fazer um evento cultural – um festival, uma exposição, uma feira de livros, entre outros. Para tornar a ideia dele mais atrativa para patrocinadores, ele pode submetê-la à análise da Secretaria Especial da Cultura do Ministério do Turismo para receber a chancela da Lei de Incentivo à Cultura. Se a proposta apresentada for aprovada, o produtor vai poder captar recursos junto a apoiadores (pessoas físicas e empresas) oferecendo a eles a oportunidade de abater aquele apoio do Imposto de Renda. O governo abre mão do imposto (renúncia fiscal) para que ele seja direcionado à realização de atividades culturais. Com isso, ganha o produtor cultural, ganha o apoiador e ganham os brasileiros, que terão mais opções à disposição e mais acesso à cultura.”
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As pessoas não cansam de passar vergonha, parece que sentem orgulho da própria ignorância. O dinheiro que vai para os artistas é das empresas, o governo só abre mão do imposto, nada mais. É uma maneira de incentivar a arte e a cultura .