Winger educa para o hard rock do presente milênio em “Seven”

Veterana banda de hard rock acerta ao não se limitar a agradar fãs saudosistas em seu sétimo álbum de estúdio, primeiro em 9 anos

O título do então último álbum de estúdio do Winger, “Better Days Comin’” (2014), previa dias melhores. Em incontáveis esferas, isso não se concretizou: atendo-nos a agruras mais recentes, tivemos pandemia, uma onda de negacionismo e a ascensão de movimentos de extrema direita, entre outras coisas. A esperança pode até ser a última que morre, mas morre.

Exceto quando se trata de algumas bandas de reputação ilibada e qualidade musical inquestionável. Caso, veja só, do Winger, que comemora três décadas e meia na ativa lançando seu sétimo disco, irremediavelmente denominado “Seven”, pela Frontiers Records.

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O primeiro detalhe que chama a atenção é a volta do logotipo original, presente nas capas do álbum homônimo de 1988 e do sucessor, “In the Heart of the Young”, de 1990. Mas basta apertar o play para se ter a certeza de que o saudosismo fica restrito ao design.

Os caras — Kip Winger (vocais, baixo, violão, teclados, piano), Reb Beach (guitarras, backing vocals, gaita, teclados, piano), Rod Morgenstein (bateria, percussão, backing vocals, piano), Paul Taylor (teclados, guitarras, backing vocals, piano) e John Roth (guitarras, backing vocals, baixo, teclados) — são os mesmos, mas sua recusa em permanecerem engessados no passado, como muitos de seus contemporâneos, é patente e louvável.

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Dito isso, “Seven” não soa como produto de outrora nem visa a agradar o ouvinte que parou no tempo. É quase como uma cartilha, uma atualização de bases e valores, cujo objetivo é educar para o hard rock do presente milênio; o que é curioso em se tratando da gravadora pela qual estão lançando.

Como eles fazem isso? Por meio de composições a quais poderia ser atribuído o rótulo de “comercial”, não fossem alguns toques de gênio nos arremates, algumas quebras de expectativa nas métricas e a versatilidade elegante de Morgenstein, um dos maiores bateristas vivos.

As duas prévias, “Proud Desperado” e “It All Comes Back Around” — faixas de abertura e encerramento de “Seven” —, são como os dois lados da moeda. A primeira é um vendaval de urgência; a segunda, um poço de emoções e transitoriedade. A representação de todas as facetas do álbum se dá na mosca, mas as duas, por “increça que parível”, sequer beiram os destaques no repertório.

Isso porque temos uma atmosfera questionadora e dilacerante em “Heaven’s Falling”; um aceno a “Hells Bells”, do AC/DC, na introdução de “Tears of Blood”; a elementaridade dos riffs baseados em acordes à Scorpions em “Resurrect Me”.

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Fora “Voodoo Fire” — conduzida por um baixo tão insinuante quanto era o músico por ele responsável nos videoclipes no começo dos anos 1990 —, “It’s Okay” (sempre um alento ouvir o bom e velho talkbox); a indispensável cota baladeira preenchida por “Broken Glass” (com direito a Beach dando uma aula de feeling no solo) e a espetacular “Do or Die” que já é a preferida deste que vos escreve. Ufa!

No fim das contas, “Seven” pode ser resumido numa frase: o Winger está na briga pelo título de melhor do ano de 2023. Sem exageros: que discaço!

Ouça “Seven” a seguir, via Spotify, ou clique aqui para conferir em outras plataformas digitais.

O álbum está na playlist de lançamentos do site, atualizada semanalmente com as melhores novidades do rock e metal. Siga e dê o play!

Winger – “Seven”

  1. “Proud Desperado”
  2. “Heaven’s Falling”
  3. “Tears Of Blood”
  4. “Resurrect Me”
  5. “Voodoo Fire”
  6. “Broken Glass”
  7. “It’s Okay”
  8. “Stick The Knife In And Twist”
  9. “One Light To Burn”
  10. “Do Or Die”
  11. “Time Bomb”
  12. “It All Comes Back Around”

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Marcelo Vieira
Marcelo Vieirahttp://www.marcelovieiramusic.com.br
Marcelo Vieira é jornalista graduado pelas Faculdades Integradas Hélio Alonso (FACHA), com especialização em Produção Editorial pela Universidade Estadual Paulista (UNESP). Há mais de dez anos atua no mercado editorial como editor de livros e tradutor freelancer. Escreve sobre música desde 2006, com passagens por veículos como Collector's Room, Metal Na Lata e Rock Brigade Magazine, para os quais realizou entrevistas com artistas nacionais e internacionais, cobriu shows e festivais, e resenhou centenas de álbuns, tanto clássicos como lançamentos, do rock e do metal.

2 COMENTÁRIOS

  1. In the Heart of the Young, foi um dos primeiros albuns de rock que tive; como gosto de baladas rockeiras e este ábum não deixa por menos, adquiri o novo ábum deles, e dou de cara com essa balada; Broken Glass, caraca!

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