Show de Roger Waters em Munique também pode ser cancelado por acusação de antissemitismo

Apresentação em Frankfurt não irá acontecer pelo mesmo motivo; shows estavam marcados para o mês de maio

Acusado de antissemitismo por algumas de suas declarações e posturas em turnês, Roger Waters afirmou no início do mês passado em uma entrevista que estavam tentando “suspender” sua série de apresentações na Alemanha. De fato, aconteceu o cancelamento do show em Frankfurt e, agora, o concerto em Munique está tomando o mesmo caminho.

Segundo o site Algemeiner, partidos de centro e de esquerda fizeram uma aliança e pediram conjuntamente para que o show do ex-integrante do Pink Floyd no dia 21 de maio, no Olympiahalle, não aconteça. A razão está no posicionamento do artista a favor da Rússia em relação à Guerra na Ucrânia e dos comentários contra Israel.

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Caso não seja possível, por questões contratuais, o grupo propôs uma alternativa: receber o público no local da apresentação de maneira diferente do habitual. Na entrada, estariam espalhadas bandeiras israelenses e ucranianas. Além disso, uma com informações a respeito dos comentários de Waters seria entregue para os presentes.

O Comitê Econômico de Munique debaterá a proposta em uma reunião nesta terça-feira (14). Caso seja aprovada, o prefeito da cidade, Dieter Reiter, ficará responsável por fornecer instruções para o cancelamento do show.

Outros cancelamentos

O conselho municipal de Frankfurt anunciou no fim de fevereiro que o show de Roger Waters na cidade, anteriormente marcado para acontecer no Festhalle em 28 de maio, foi cancelado. Em uma declaração oficial, o conselho municipal categorizou a posição anti-Israel do cantor como prova de seu status de “um dos antissemitas mais famosos do mundo”.

No mesmo mês, um grupo de políticos da Câmara Municipal de Colônia se uniu para impedir a apresentação do ex-Pink Floyd no local, agendada para o dia 9 de maio, na Lanxess Arena. “Não deve haver espaço para conteúdo antissemita em nossos palcos”, disseram em carta.

Em resposta, a administração da Lanxess Arena afirmou que não tinha qualquer poder para barrar o concerto por causa de suas “obrigações contratuais”. Além dos lugares citados, Berlim e Hamburgo são outras cidades alemãs que, até o momento, receberão o cantor.

Em outras circunstâncias, Roger Waters também teve shows cancelados na Polônia. O músico se apresentaria em Cracóvia, nos dias 21 e 22 de abril. A nota oficial divulgada na época se limita a anunciar a decisão, sem mais explicações. Porém, informações obtidas nos bastidores dão conta de que recentes posicionamentos do músico sobre o atual conflito na Ucrânia teriam influenciado.

Pouco tempo antes do cancelamento, Waters publicou uma carta aberta direcionada a Olena Zelenska, primeira-dama ucraniana. Nela, pede que o país esteja disposto a negociar o fim do conflito com a Rússia, além de criticar as nações que fornecem suporte de armamento. O texto gerou uma série de críticas ao ex-líder do Pink Floyd.

Em postagem nas redes sociais, Waters se manifestou negando ter sido o responsável pelo cancelamento dos shows, contrariando o que fontes locais teriam alegado.

Roger Waters e Israel

Roger Waters faz parte do movimento BDS (traduzido: Boicote, Desinvestimento e Sanções), que promove boicote em diversas esferas, inclusive cultural, a Israel. O motivo é a política aplicada agressivamente pelo governo israelense com relação a cidadãos palestinos que muitas outras autoridades compararam ao apartheid na África do Sul. Os objetivos são, de acordo com a organização, “o fim da ocupação e da colonização dos territórios palestinos, igualdade de direitos para os cidadãos árabes de Israel e respeito ao direito de retorno dos refugiados palestinos”.

Durante a The Wall Tour, que teve mais de 200 shows entre 2010 e 2013, Waters incluiu na produção um porco voador estampado com a estrela de Davi junto de várias logomarcas corporativas. Para muitos, tal retratação reforça estereótipos em torno do povo judeu.

Em 2020, como observa o Tenho Mais Discos Que Amigos, Roger foi criticado por apontar em entrevista ao Middle East Media Research Institute uma suposta conexão entre a morte de George Floyd, homem negro assassinado pela polícia americana, e Israel, ao dizer que militares israelenses foram os responsáveis por ensinar aos estadunidenses a técnica de pressionar o pescoço de alguém rendido com o joelho. Ele chegou a dizer que o país estaria “orgulhoso” pelo crime cometido.

Roger Waters e “This is Not a Drill”

A parte europeia da atual turnê de Roger Waters, “This is Not a Drill”, terá início nesta sexta-feira (17) em Lisboa, Portugal, se estendendo até junho.

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Maria Eloisa Barbosa
Maria Eloisa Barbosahttps://igormiranda.com.br/
Maria Eloisa Barbosa é jornalista, 24 anos, formada pela Faculdade Cásper Líbero. Colabora com o site Keeping Track e trabalha como assistente de conteúdo na Rádio Alpha Fm, em São Paulo.

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