Eric Clapton, Nick Mason e outros pedem que shows de Roger Waters não sejam cancelados

Músicos assinaram petição para que apresentações do ex-Pink Floyd na Alemanha aconteçam; ele está sendo acusado de antissemitismo

O show que Roger Waters faria em Frankfurt, na Alemanha, no dia 18 de maio, acabou cancelado sob a acusação de antissemitismo pelo conselho da cidade. Partidos políticos ainda fizeram um pedido para que a apresentação agendada em Munique no mesmo mês deixe de acontecer.

Diante da situação, o ex-integrante do Pink Floyd entrou na Justiça e tomou medidas legais com seus advogados a fim de contornar o episódio. Desde o início de março, também está circulando na internet uma petição no site Change.org, criada pela comediante Katie Halper, para tentar impedir tais cancelamentos (via Prog).

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Até o momento, o documento conta com quase 11 mil assinaturas, que, segundo a descrição, incluem os nomes de personalidades conhecidas da música como Peter Gabriel, Eric Clapton, Tom Morello, Brian Eno e Robert Wyatt, além de Nick Mason, ex-colega de Waters no Pink Floyd. Atores, jornalistas e cineastas participaram juntamente do abaixo-assinado.

Na petição, há um texto defendendo os posicionamentos de Waters. A página afirma que o cantor condena o antissemitismo e o racismo e que luta por direitos humanos iguais em todo o mundo, por isso, assume uma posição crítica à Israel.

“A crítica de Roger Waters ao tratamento dado por Israel aos palestinos faz parte de sua defesa por direitos humanos em todo o mundo. Waters acredita que ‘todos os nossos irmãos e irmãs, em todo o mundo, independentemente da cor de sua pele ou do seu dinheiro, merecem direitos humanos iguais sob a lei’.

Com relação a Israel e à Palestina, ele diz: ‘Minha solução é simples: é a implementação da Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948 para todos os nossos irmãos e irmãs em Israel e na Palestina. O antissemitismo é odioso e racista e eu o condeno, junto de todas as formas de racismo, sem exceções’.

Autoridades na Alemanha, organizadores de shows e plataformas de música não devem sucumbir à pressão daquelas pessoas e grupos que preferem remover a música de Waters do que se envolver diretamente com as questões que seu trabalho destaca.”

Os cancelamentos

O conselho municipal de Frankfurt anunciou no fim de fevereiro o cancelamento do show de Roger Waters na cidade, anteriormente marcado para acontecer no Festhalle em 28 de maio. Em uma declaração oficial, o conselho municipal categorizou a posição anti-Israel do cantor como prova de seu status de “um dos antissemitas mais famosos do mundo”.

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No mesmo mês, um grupo de políticos da Câmara Municipal de Colônia se uniu para impedir a apresentação do ex-Pink Floyd no local, agendada para o dia 9 de maio, na Lanxess Arena. “Não deve haver espaço para conteúdo antissemita em nossos palcos”, disseram em carta. Em resposta, a administração da Lanxess Arena afirmou que não tinha qualquer poder para barrar o concerto por causa de suas “obrigações contratuais”.

No caso de Munique, partidos de centro e de esquerda fizeram uma aliança neste mês e pediram conjuntamente para que o show do ex-integrante do Pink Floyd no dia 21 de maio, no Olympiahalle, não aconteça. A razão está no posicionamento do artista a favor da Rússia em relação à Guerra na Ucrânia e dos comentários contra Israel. Além dos lugares citados, Berlim e Hamburgo são outras cidades alemãs que, até o momento, receberão o cantor.

Em outras circunstâncias, Roger Waters também teve shows cancelados na Polônia. O músico se apresentaria em Cracóvia, nos dias 21 e 22 de abril. A nota oficial divulgada na época se limita a anunciar a decisão, sem mais explicações. Porém, informações obtidas nos bastidores dão conta de que recentes posicionamentos do músico sobre o atual conflito na Ucrânia teriam influenciado.

Pouco tempo antes do cancelamento, Waters publicou uma carta aberta direcionada a Olena Zelenska, primeira-dama ucraniana. Nela, pede que o país esteja disposto a negociar o fim do conflito com a Rússia, além de criticar as nações que fornecem suporte de armamento. O texto gerou uma série de críticas ao ex-líder do Pink Floyd.

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Em postagem nas redes sociais, Waters se manifestou negando ter sido o responsável pelo cancelamento dos shows, contrariando o que fontes locais teriam alegado.

Roger Waters e Israel

Roger Waters faz parte do movimento BDS (traduzido: Boicote, Desinvestimento e Sanções), que promove boicote em diversas esferas, inclusive cultural, a Israel. O motivo é a política aplicada agressivamente pelo governo israelense com relação a cidadãos palestinos que muitas outras autoridades compararam ao apartheid na África do Sul. Os objetivos são, de acordo com a organização, “o fim da ocupação e da colonização dos territórios palestinos, igualdade de direitos para os cidadãos árabes de Israel e respeito ao direito de retorno dos refugiados palestinos”.

Durante a The Wall Tour, que teve mais de 200 shows entre 2010 e 2013, Waters incluiu na produção um porco voador estampado com a estrela de Davi junto de várias logomarcas corporativas. Para muitos, tal retratação reforça estereótipos em torno do povo judeu.

Em 2020, como observa o Tenho Mais Discos Que Amigos, Roger foi criticado por apontar em entrevista ao Middle East Media Research Institute uma suposta conexão entre a morte de George Floyd, homem negro assassinado pela polícia americana, e Israel, ao dizer que militares israelenses foram os responsáveis por ensinar aos estadunidenses a técnica de pressionar o pescoço de alguém rendido com o joelho. Ele chegou a dizer que o país estaria “orgulhoso” pelo crime cometido.

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Maria Eloisa Barbosa
Maria Eloisa Barbosahttps://igormiranda.com.br/
Maria Eloisa Barbosa é jornalista, 22 anos, formada pela Faculdade Cásper Líbero. Colabora com o site Keeping Track e trabalha como assistente de conteúdo na Rádio Alpha Fm, em São Paulo.

1 COMENTÁRIO

  1. Esse é o preço de tentar monopolizar a virtude: qualquer hora pode se voltar contra você. Em geral surfar na hipocrisia tem um alto custo, e a dor é sentida no bolso.

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