“Food for Worms” é o primeiro passo de um Shame que arrisca sem medo

Agora mais punk tradicional do que post-punk, banda soube explorar criatividade e estruturas de sua música em novo álbum

Foi em novembro do ano passado quando os britânicos do Shame ainda estavam em turnê pelo Brasil, que a divulgação do terceiro álbum da banda começou. “Fingers of Steel”, primeiro single de “Food for Worms”, chegou ao streaming empolgando com clipe bem produzido e som um pouco diferente do resto do catálogo da banda. Esse frescor, notado à primeira audição, já antecipava o que esperar do lançamento.

“You feel like a different person, with the same old tongue.”

Prosseguindo faixa a faixa no disco, ainda se reconhece o mesmo Shame. Com a sujeira e intensidade características deles, mas também é perceptível que o quinteto não se encontra mais no mesmo lugar que em “Drunk Tank Pink” (álbum demasiado cru de 2021). Que estão estudando como expandir seu som e buscarem novas referências.

- Advertisement -

Para colaborar com essa ideia, trouxeram Mark Ellis, o Flood. Produtor entendido de como moldar um som obscuro e torná-lo abrangente sem deixar escapar sua essência. Sua lista de realizações inclui “Violator”, do Depeche Mode; “Mellon Collie and the Infinite Sadness”, dos Smashing Pumpkins e outros artistas como The Killers, Nick Cave, U2 e Warpaint.

Assim, “Food for Worms” experimenta inserindo coros da banda nos refrãos, equilibrando a atuação dos outros hooligans integrantes que antes pareciam orbitar em torno da aura do vocalista Charlie Steen. Quem mais brilha nessa remodelação é o baterista Charlie Forbes, que desce a mão sem dó e sabe dar a evolução correta às músicas mais lentas.

O resultado é um álbum ainda agressivo, que supera o post-punk dos anteriores com melodias que tornam algumas músicas até assoviáveis. “Orchid”, guiada inteira por um violão, não deixa de ser um soco na cara. “Adderall”, que parece ter sido gravada dentro de um pub prestes a explodir, é outro single do disco e conta com uma inusitada participação de Phoebe Bridgers, que já está fervendo nos shows.

É revigorante observar em atividade uma banda que não dá bola para tempo ruim. Que faz o corre do seu jeito – se doando para os fãs com energia, carisma e humor inglês. Esses detalhes também fazem com que “Food for Worms” seja maior. É valor intrínseco. É uma banda que se diverte tocando e transmite essa força a sua comunidade.

Este álbum apresenta o retrato de uma banda que se mantém fiel à sua obra e ao público, mas que agora tem novas possibilidades para explorar. E o horizonte que o Shame vislumbra para o futuro é de otimismo, com festivais, programas e turnês à vista. Em março, começam a promover o álbum pelo Reino Unido – em viagem que logo se estende pela União Europeia.

Ouça “Food for Worms” a seguir, via Spotify, ou clique aqui para conferir em outras plataformas digitais.

Shame – “Food for Worms”

  1. Fingers of Steel
  2. Six-Pack
  3. Yankees
  4. Alibis
  5. Adderall
  6. Orchid
  7. The Fall of Paul
  8. Burning by Design
  9. Different Person
  10. All the People

Clique para seguir IgorMiranda.com.br no: Instagram | Twitter | Facebook | YouTube.

ESCOLHAS DO EDITOR
InícioLançamentos“Food for Worms” é o primeiro passo de um Shame que arrisca sem medo
Gabriel Caetano
Gabriel Caetano
Publicitário que escreve sobre arte e entretenimento. Desde 09 tô na internet falando do que gosto (e do que não gosto) para quem possa gostar (ou não) também.

2 COMENTÁRIOS

  1. Amo demais essas novas bandas do pós-punk (Idles, Dry Cleaning, Fontaines DC, Protomartyr…)e geralmente, compro todos os cd’s importados ( haja grana rsrsrs), e esse ” Food for worms ” já compõe seu lugar na estante ao lado dos outros dois anteriores da banda. Discaço de 2023.

DEIXE UMA RESPOSTA (comentários ofensivos não serão aprovados)

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui


Últimas notícias

Curiosidades