Após o sucesso de “Blood Sugar Sex Magik” (1991), o Red Hot Chili Peppers enfrentou um período conturbado com a saída de John Frusciante e a piora do vício de Anthony Kiedis em substâncias químicas. Aos tropeços o grupo se reuniu, desta vez com Dave Navarro (Jane’s Addiction) como guitarrista, e a partir de um novo processo criativo surgiu “One Hot Minute” (1995).
Marcado por uma sonoridade pesada (mais próxima do metal e completamente distante do funk rock), o trabalho recebeu críticas mistas e teve um desempenho comercial fraco em comparação a seu antecessor.
Mesmo afastado da banda no período, Frusciante se manteve atento à marca deixada por “One Hot Minute” na discografia do Chili Peppers. Em áudio disponível no YouTube (com transcrição do JFeffects), o guitarrista compartilhou sua opinião sobre o trabalho, destacando um desequilíbrio vindo da presença de Navarro.
“O que eu ouvi desse álbum, eu não gostei. E você tem que entender o que é sentir ser membro de um grupo equilibrado, com uma química perfeita, e então ouvir alguém vir e aquela química não ser mais balanceada. Isso soa tão fora de mim. E eu não acho que soe assim para ninguém, do mesmo modo que soa pra mim.”
Red Hot Chili Peppers “forçado”
A intenção por trás do lançamento também foi colocada como um problema. Para John Frusciante, o sexto álbum de estúdio do Red Hot Chili Peppers é forçado e soa como uma obrigação contratual.
“E eu também tenho um problema com a música que é feita porque alguém está em uma banda de sucesso e não porque na verdade tem que fazer música, sabe? Quando eu sinto que alguém fez música porque é isso que o contrato da gravadora diz pra fazer, eu simplesmente tenho um problema com isso.
Para mim um álbum como esse foi feito de um jeito muito forçado, não foi algo que simplesmente fizeram como um grupo de amigos. Foi algo que fizeram porque eles eram uma banda de rock de sucesso e eu, pessoalmente, tenho problema com música assim. Quando sinto que alguém está fazendo pois o contrato obriga a fazer e quando soa assim e tipo… sabe? Para mim é o que foi esse álbum.”
Por fim, o guitarrista abordou a relação dos outros membros da banda com o disco e revelou que os colegas respeitam sua recusa em tocar músicas dessa era.
“No caso do ‘One Hot Minute’ é algo que não se encaixa pra mim. Essa coisa toda. E ninguém de um modo geral, nem Chad, nem Flea e nem Anthony são orgulhosos desse álbum também. Na verdade, eu não tenho certeza de Chad, mas sei que Flea e Anthony, sabe, eles gostam de algumas coisas, mas não acham um ponto forte e eles estariam bem se nunca o tivessem gravado. E eles nunca exigiram que eles tocassem, eles só disseram uma vez ‘a gente gostaria de tocar algumas músicas, mas só se você quiser’ e eu realmente não quero.”
Pós-“One Hot Minute” e retorno de John Frusciante
“One Hot Minute” é o único álbum de Dave Navarro com o Red Hot Chili Peppers. Após a conclusão da turnê de divulgação, em julho de 1997, a banda se reuniu para um novo trabalho, que não evoluiu em função do vício do guitarrista em substâncias químicas que entrou em conflito com a sobriedade de Anthony Kiedis.
A demissão do ex-Jane’s Addiction veio no mesmo período em que John Frusciante superou a dependência e ficou apto a retomar seu posto de guitarrista do Chili Peppers. A banda se reergueu com o lançamento dos álbuns de maior sucesso da carreira: “Californication” (1999) e “By the Way” (2002).
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