Os melhores discos de 2022 na opinião de Gustavo Diakov

Colaborador fotográfico do site oferece sua primeira contribuição em texto apresentando álbuns em que metal extremo e melancolia dão a tônica

Não é nada fácil listar os melhores discos de um ano recheado de lançamentos. Algo sempre fica de lado, principalmente quando o gosto dentro do metal é variado.

Dito isso, acabei selecionando álbuns dentro dos estilos que mais escuto e tocados por aqui com uma frequência maior, mas sem deixar de citar outros trabalhos importantes nas menções honrosas. Não deixe de conferir, também, a playlist no Spotify feita com os destaques do ano.

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Os melhores discos de 2022 na opinião de Gustavo Diakov

10) Watain – “The Agony & Ecstasy of Watain” (Black Metal)

Em seu sétimo álbum de estúdio, o Watain apresenta um estilo mais ríspido e objetivo, mantendo uma linha que para muitos se assemelha ao Black Metal tradicional. Mesmo que não esteja muito próximo das obras mais recentes, agrada e segue fazendo jus ao seu legado.

9) Aara – “Tríade II: Hemera” (Atmospheric Black Metal)

Diretamente da Suíça, o Aara dá continuidade ao trabalho iniciado em seu antecessor, “Tríade I: Eos” (2021). As inspirações recaem no romance Gótico “Melmoth the Wanderer”, do dramaturgo e romancista irlandês Charles Robert Maturin.

Não muito diferente do seu antecessor, “Tríade II: Hemera” é melancólico e traz uma atmosfera sombria que contribui de forma harmônica ao uso de vocais femininos e aos gritos agressivos, mantendo forte influência do Black Metal tradicional. O instrumental também é forte, com destaque aos riffs pesados de Berg se encaixando perfeitamente aos blast beats que ditam a sonoridade do disco.

8) Conan – “Evidence of Immortality” (Sludge / Stoner / Doom Metal)

Mantendo a tradição e sem decepcionar, Conan (não o Bárbaro e sim a banda) entregou um álbum relativamente curto, mas muito bem trabalhado em suas 6 músicas. Há uma mescla forte de Doom e Sludge e logo a primeira faixa “A Cleaved Head no Longer Plots” resume o que esperar do restante: em seus pouco mais de 10 minutos de duração, soa densa, arrastada e pesada.

A mais curta, “Ritual of Anonymity”, chega à marca de 4 minutos e é a mais agressiva do material, mas sem perder a atmosfera densa. Outro destaque é a grandiosa “Grief Sequence”, com exatos 14 minutos e 29 segundos de um instrumental épico quem une riffs a sons virtuosos de sintetizadores que nos fazem imergir em uma espécie de ritual religioso.

7) Blut Aus Nord – “Disharmonium – Undreamable Abysses” (Atmospheric Black Metal)

A melhor forma de descrever esse trabalho seria “assustador”. Alia-se instrumental assombroso a guturais agressivos ao longo das 7 músicas do tracklist. A atmosfera densa é fortemente influenciada pelo uso dos sintetizadores, onde nota-se uma grande pitada de Industrial Metal.

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6) Celeste – “Assassine(s)” (Black / Sludge Metal / Hardcore)

Não é fácil distinguir o estilo dos franceses do Celeste em um primeiro momento: é um misto de hardcore, black metal e talvez um pouco de doom. Tais ingredientes resultaram em “Assassine(s)”, que traz na abertura “Des Torrents De Coups”, uma faixa de um instrumental técnico e bem elaborado – tudo se encaixou, mesmo com os músicos criando suas partes individualmente durante a pandemia. O encerramento “Le Coeur Noir Charbon” também se destaca com sua variação de ritmos e vocais masculinos e femininos, estes de Emily Marks.

5) Cult of Luna – “The Long Road North” (Post-Metal)

É impossível falar de Post-Metal sem citar o Cult of Luna em algum momento. Em “The Long Road North”, um de seus melhores trabalhos, o grupo soa mais complexo e harmônico, com arranjos densos e ricos. Com pouco mais de uma hora de duração, o disco mantém o padrão de apresentar músicas longas que oscilam entre trechos instrumentais e vocais rasgados.

4) Konvent – “Call Down the Sun” (Death / Doom Metal)

Com um Death/Doom extremamente sombrio e raivoso, este quarteto feminino da Dinamarca arrasta melancolia e tensão nas 9 músicas desse trabalho, divididas por 45 minutos. A baixista Heidi Withington Brink esbanja talento com linhas agressivas que conversam com os vocais pesados e sombrios de Rikke Emilie.

3) Absent in Body – “Plague God” (Post-Metal/Industrial)

Em meio a tantos supergrupos criados nos últimos tempos, o Absent in Body certamente merece destaque. Junte músicos com passagens por Amenra (o guitarrista Mathieu J. Vandekerckhove e o vocalista Colin H. Van Eeckhout), Neurosis (o vocalista/guitarrista Scott Kelly) e Sepultura (o baterista Iggor Cavalera) em um mesmo projeto e desfrute do resultado.

“Plague God” oferece uma experiência única. É praticamente uma imersão a outra dimensão, onde a divisão dos vocais dão vida a essa viagem, com os gritos angustiantes do Colin H. Van Eeckhout devidamente intercalados entre os guturais de Scott Kelly.

2) Conjurer – “Páthos” (Sludge/Doom/Post-Metal)

A música “It Dwells” deixa bem claro o que esperar de “Páthos”: passada a introdução, há acordes simples e desafinados que iniciam a entrega de peso e guturais já conhecidos de trabalhos anteriores. A oscilação entre o instrumental arrastado e brutal bem distribuído em 7 minutos de música transmite um misto de sensações, entre eles a angústia e o medo sentidos nos gritos de “I’ll have peace”.

“Rot” segue a mesma linha depressiva e angustiante, mas com destaque às partes mais viscerais e repugnantes por meio das quais, segunda a própria banda, busca-se dar voz ao medo e pavor. Como em outras faixas, aqui o instrumental se destaca pelas suas quebras de ritmo durante seus quase 6 minutos e meio minutos de música.

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Outro destaque é “All You Will Remember”, também em linha mais leve e arrastada. Os vocais limpos de Brady Deeprose se misturam harmonicamente com os guturais do Dan Nightingale, transmitindo melancolia e angústia. Já “Suffer Alone” e “In Your Wake” são mais agressivas e brutais. Instrumentais mais rápidos ligam as duas músicas (características já utilizadas nos trabalhos anteriores) sendo possível notar a transição apenas pelo breakdown que quebra o ritmo.

“Cracks in the Pyre” foi a melhor escolha possível para encerrar o trabalho, por ser mais “distante” do esperado. O ritmo também é leve, mas sem abrir mão dos vocais rasgados e do ritmo cadenciado e arrastado. O videoclipe foi gravado na costa escocesa e conversa diretamente com a letra.

1) Wiegedood – “There’s Always Blood at the End of the Road” (Black Metal)

Denso, caótico, angustiante… todas as características citadas fazem parte deste album. Diferente da trilogia “De Doden Hebben Het Goed I-III”, onde o som é mais obscuro e nitidamente triste, “There’s Always Blood at the End of the Road” transmite raiva e ódio do início ao fim.

Nota-se tais sentimentos logo em “FN SCAR 16”, com seus suspiros angustiantes. “And In Old Salamano’s Room, The Dog Whimpered Softly” é uma das minhas favoritas por ter guitarras estridentes em total harmonia com uma bateria agressiva, além dos diálogos assustadores que completam a atmosfera densa.

A sequência da audição é natural e contagiante, com os vocais agudos de Levy Seynaeve soando como gritos de angústia e sofrimento em grande parte do material. Na faixa mais longa, “Now Will Always Be”, os riffs agressivos contracenam com um vocal mais limpo em algumas partes, numa abordagem Black Metal mais moderna.

“Wade”, que não entra por acaso, surge apenas no violão e um leve agudo ao fundo somente para terminar com um som de algo como um brinquedo quebrado, seguindo-se com a caótica e perturbadora “Nuages”. É o trabalho de destaque do ano em minha opinião.

Menções honrosas

  • Lamb of God – “Omens”
  • Zeal & Ardor – “Zeal & Ardor”
  • Gaerea – “Mirage”
  • Russian Circles – “Gnosis”
  • Harakiri for the Sky – “Aokigahara MMXXII”
  • Behemoth – “Opvs Contra Natvram”
  • Therion – “Leviathan II”

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