Exclusivo: Michael Romeo comenta todos os álbuns do Symphony X

Guitarrista e fundador da banda aponta seus itens favoritos da discografia em estúdio e indica de quais não gosta tanto e o porquê

Às vésperas do vigésimo aniversário de lançamento de “The Odyssey” (2002), até hoje um dos trabalhos mais festejados pelos fãs do Symphony X, pedi a Michael Romeo, durante entrevista originalmente realizada para a revista Guitarload, que tecesse alguns comentários sobre cada um dos nove álbuns de estúdio da banda.

Ainda que meio relutante – talvez pensando no tempo que isso poderia levar caso não conseguisse ser conciso o suficiente –, ele topou.

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Veja abaixo a discografia comentada do Symphony X por seu guitarrista e fundador, Michael Romeo.

A discografia do Symphony X, por Michael Romeo

“Symphony X” (1994)

Michael Romeo: “Putz, cara… É uma demo, né? Tínhamos acabado de assinar um contrato [de gravação] e tal, e tentamos fazer [o disco] por conta própria. Só que não tínhamos equipamentos muito bons, éramos meio inexperientes e ainda estávamos tentando encontrar o som da banda também. Portanto, para mim, é como se fosse uma demo, mas, pelo menos, foi o começo de tudo.”

“The Damnation Game” (1995)

MR: “Foi nesse que trouxemos o Russ [Russell Allen, vocalista] e, sim, isso foi ótimo para nós. Analisando esse disco, com foco nas composições, dá para sacar o quanto o Pinella [Michael Pinella, tecladista] e eu temos background clássico e neoclássico, pois há muita coisa do tipo lá. Fora que você meio que começa a ver alguns dos elementos que mais adiante se tornariam algumas de nossas marcas registradas. Não todas, mas certamente algumas delas.”

“The Divine Wings of Tragedy” (1996)

MR: “A mensagem é clara: isso é o que somos e o que fazemos. Riffs pesadões, uma faixa-título gigantesca repleta de elementos do progressivo, violões, piano etc. O ‘Divine Wings’ é como se fosse uma declaração de identidade e estilo, e acredito que tudo que veio depois dele, de certa forma, remonta ao que fizemos nele.”

“Twilight in Olympus” (1998)

MR: “Corrido. Tínhamos prazos a cumprir, e eu me lembro de que algumas músicas não ficaram prontas a tempo de serem incluídas. Tipo, é um disco que dá para ouvir, tem lá seus bons momentos, mas soa inacabado de certa forma. Talvez falte nele uma música mais longa ou coisa do tipo.”

“V: The New Mythology Suite” (2000)

MR: “Começamos a trabalhar no que seria uma peça única, uma faixa extensa e repleta de movimentos independentes, e essa faixa acabou se tornando o álbum. Foi durante a gravação dele que descobrimos o quanto era legal trabalhar em cima de um conceito. Nos divertimos muito gravando-o.”

“The Odyssey” (2002)

MR: “A faixa-título é o carro-chefe. Lembro que quando comecei a escrevê-la, a ideia era fazer algo nos moldes da ‘The Divine Wings of Tragedy’: um número longo, épico, orquestral; uma música que fosse sinônimo de aventura. Daí pensei em ‘A Odisseia’ [de Homero] e fui me baseando no poema.”

“Paradise Lost” (2007)

MR: “Foi aí que começamos a tocar mais pesado, e isso se deve a memórias da minha infância e adolescência, quando estava aprendendo a tocar guitarra e tirava riffs de músicas do Metallica e do Judas Priest. ‘Paradise Lost’ tenta capturar essa energia da juventude, mas sem retroceder no aspecto composicional da coisa. O foco continuou sendo as canções, mas a produção foi um indicativo do que estava por vir.”

“Iconoclast” (2011)

MR: “Provavelmente meu disco favorito da banda. Músicas pesadas, outras mais progressivas; de tudo um pouco, e talvez muito de tudo. Quando estava compondo e gravando, eram tantas ideias, tanta coisa a ser posta em prática… Parte de mim se arrepende de termos feito um disco duplo, pois isso exige muito do nosso ouvinte. Mas, independentemente disso, algumas das minhas músicas favoritas da banda estão nele.”

“Underworld” (2015)

MR: “Medalha de prata. ‘Underworld’ e ‘Iconoclast’ são como álbuns gêmeos para mim. Ao passo que ‘Iconoclast’ tem mais peso, ‘Underworld’ tem maior polidez e permite que você trace paralelos com discos como o ‘Divine Wings’ e o ‘The Odyssey’. Embora algumas músicas soem como outras de tempos passados, posso ver com clareza que estamos em meio a uma nova transição; caminhando sempre em frente em busca do novo.”

O futuro do Symphony X

Em entrevista a IgorMiranda.com.br, conduzida por Tatiane Correia, Michael Romeo disse que há planos para trabalhar em um novo álbum de estúdio para suceder “Underworld” (2015). Na ocasião, o guitarrista disse que a banda estava “apenas voltando ao ritmo das coisas” após a fase mais crítica da pandemia de covid-19.

Uma turnê realizada nos Estados Unidos, no primeiro semestre deste ano, ajudou os músicos a se reaproximarem. O guitarrista pontuou:

“Como alguns de nós moram em diferentes partes do país, não nos vimos durante todo esse tempo. Então essa última turnê nos Estados Unidos foi muito boa para nós… reunindo-nos novamente, fazendo shows, saindo e tocando. Estamos conversando sobre algumas ideias agora para um novo álbum e continuaremos trabalhando nele no próximo ano.”

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Marcelo Vieira
Marcelo Vieirahttp://www.marcelovieiramusic.com.br
Marcelo Vieira é jornalista graduado pelas Faculdades Integradas Hélio Alonso (FACHA), com especialização em Produção Editorial pela Universidade Estadual Paulista (UNESP). Há mais de dez anos atua no mercado editorial como editor de livros e tradutor freelancer. Escreve sobre música desde 2006, com passagens por veículos como Collector's Room, Metal Na Lata e Rock Brigade Magazine, para os quais realizou entrevistas com artistas nacionais e internacionais, cobriu shows e festivais, e resenhou centenas de álbuns, tanto clássicos como lançamentos, do rock e do metal.

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