Alvvays continua a fazer guitar pop perfeito em “Blue Rev”

Molly Rankin e cia chegam ao terceiro álbum refinando ainda mais a fórmula que fez do grupo um dos principais nomes em ascenção no indie

A capa do novo disco do Alvvays, “Blue Rev” apresenta um contraste forte. As pessoas sendo retratadas usam roupas destinadas para um dia agradável num barco, mas duas coisas chamam atenção na imagem: o céu ao fundo está com cara de tempestade e a menina sendo ajudada a bordo que olha para a câmera com uma expressão inquietante.

Essa é uma encapsulação perfeita da sonoridade do grupo desde o início. As melodias são doces e o clima geral das canções é ensolarado, mas existe uma ameaça onipresente ao fundo.

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No caso do processo de gravação de “Blue Rev”, todas essas ameaças se manifestaram: o Alvvays foi afetado negativamente por um número de problemas. Demos foram roubadas e uma enchente destruiu o equipamento todo do grupo, além da pandemia que fechou fronteiras, dificultando ensaios. 

Quando finalmente conseguiram entrar num estúdio em Los Angeles com o produtor Shawn Everett, responsável pelos discos mais recentes do War on Drugs, não perderam tempo e gravaram tudo o mais rápido possível. Duas passagens pela tracklist ao vivo e pronto.

A boa notícia é que, mesmo com todos esses revezes, o Alvvays produziu um de seus lançamentos mais fortes até agora. O

grupo sempre se distinguiu de outros grupos influenciados por dream pop e shoegaze por não terem medo de explorarem os aspectos mais angulares e abrasivos de seu som. Em “Blue Rev”, o contraste entre as bonitas melodias e a mixagem agressiva cria uma harmonia estética poderosa, onde as músicas frequentemente explodem em momentos de beleza pura.

Em canções como “After The Earthquake”, cuja letra foi baseada na obra do escritor japonês Haruki Murakami, a vocalista e guitarrista Molly Rankin não entrega a versão completa do refrão de cara, esperando até o clímax da canção, possibilitando que o grupo crie uma coda extremamente melódica.

O clima geral das letras de “Blue Rev” é literário. Toda música parece focada em expressar emoções complexas relacionadas à deterioração de relações amorosas ou até escolhas difíceis da vida adulta – como o processo de decidir se uma gravidez é mantida ou não, no caso da melhor faixa do disco, “Belinda Says”.

Ao todo são 14 faixas em 39 minutos, um turbilhão de melodias açucaradas, guitarras barulhentas e ainda mais beleza o quanto mais se vasculha. O Alvvays será um daqueles grupos capazes de lançar discos lindos por anos sem esforço.

Ouça “Blue Rev” a seguir, via Spotify, ou clique aqui para conferir em outras plataformas digitais.

Alvvays – “Blue Rev”

  1. Pharmacist
  2. Easy On Your Own?
  3. After The Earthquake
  4. Tom Verlaine
  5. Pressed
  6. Many Mirrors
  7. Very Online Guy
  8. Velveteen
  9. Tile By Tile
  10. Pomeranian Spinster
  11. Belinda Says
  12. Bored In Bristol
  13. Lottery Noises
  14. Fourth Figure

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Pedro Hollanda
Pedro Hollanda
Pedro Hollanda é jornalista formado pelas Faculdades Integradas Hélio Alonso e cursou Direção Cinematográfica na Escola de Cinema Darcy Ribeiro. Apaixonado por música, já editou blogs de resenhas musicais e contribuiu para sites como Rock'n'Beats e Scream & Yell.

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