A série “Dahmer: Um Canibal Americano”, da Netflix, tem sido elogiada por retratar com fidelidade a vida do serial killer Jeffrey Dahmer e algumas situações de seu julgamento, de 1992. Uma cena específica que circula nas redes sociais traz Rita Isbell (interpretada por DaShawn “Dash” Barnes), irmã de Errol Lindsey, uma das vítimas do canibal, perdendo o controle no depoimento diante dele.
Ao mesmo tempo em que registra ótimos números de audiência, a produção é alvo de críticas por falta de sensibilidade com as famílias das vítimas do assassino.
O Insider publicou um texto com trechos de uma entrevista com a própria Rita Isbell. Ela, assim como toda a família, está muito impactada com a série – e no caso dela, com essa cena.
A irmã de Lindsey afirma que a Netflix é puramente gananciosa com a série e que ninguém da família foi consultado a respeito. No texto, ela diz:
“Se eu não soubesse, pensaria que era eu. O cabelo dela era como o meu, ela tinha as mesmas roupas. Foi assim que me senti, revivendo tudo aquilo de novo. Trouxe de volta todas as emoções que eu sentia na época.
Nunca fui contatada sobre a série. Sinto que a Netflix deveria ter perguntado se nos importaríamos ou como nos sentíamos sobre fazer (a série). Não me perguntaram nada, apenas fizeram.
Mas não estou atrás de dinheiro, e é sobre isso que essa série é: a Netflix tentando ganhar dinheiro.”
“Eu vivi aquilo”
Rita também declara que a cena do julgamento na qual ela é retratada foi a única cena da série toda que ela viu. O motivo é o mais óbvio: ela não precisa assistir à produção.
“O episódio comigo foi a única parte que eu vi. Não assisti a série toda. Não preciso assistir. Eu vivi aquilo. Sei exatamente o que aconteceu.”
Fora de controle
Também no texto, Rita Isbell conta que as palavras dela no depoimento não foram pensadas ou calculadas. Sem poupar uma vírgula, ela se posicionou perante a todos que tentavam provar que Jeffrey Dahmer estava “fora de controle” quando cometeu seus crimes, mostrando ao assassino e aos juristas o que é realmente estar “fora de controle”.
“Eu não estava com medo. Isso definitivamente não sou eu. Nunca tive um osso de medo em meu corpo. Acredito que ele sabia disso também. E então fiquei brava porque ele não olhava para mim.
O motivo pelo qual eu disse o que eu disse durante o depoimento foi porque, durante o julgamento, eles estavam tentando mostra-lo como alguém tão fora de controle que não conseguia se segurar. Mas você precisa estar em controle para fazer as coisas que ele estava fazendo. Você precisa estar muito no controle.
Então foi por isso que eu disse ‘deixe-me mostrar o que é fora de controle. Isso é fora de controle’. Eu estava fora do meu corpo. Não era eu naquele momento.”
O artigo pode ser lido na íntegra, em inglês, no Insider.
Primo também fez críticas
Outro familiar de Errol Lindsey também se manifestou pelas redes sociais. Eric Isbell, primo da vítima, declarou que a iniciativa da Netflix foi “cruel”.
“Eu não estou dizendo para ninguém o que devem assistir, sei que a mídia de true crime é enorme nos dias de hoje, mas se você está realmente curioso sobre as vítimas, minha família (os Isbells) está furiosa com essa série. Está nos retraumatizando de novo e de novo, e para quê? De quantos filmes / séries / documentários precisamos? Recriar minha prima tendo um colapso emocional no tribunal diante do homem que torturou e assassinou seu irmão é CRUEL. CRUEL!”
Sucesso no streaming
Apesar dos comentários em questão, “Dahmer: Um Canibal Americano” teve a melhor audiência semanal para uma estreia de série na história da Netflix. A produção Jeffrey Dahmer acumulou 196,2 milhões de horas assistidas no período.
Conforme aponta o IndieWire, curiosamente, o resultado foi alcançado em apenas cinco dias. Normalmente, séries do Netflix estreiam às sextas-feiras, mas “Dahmer: Um Canibal Americano” saiu no serviço de streaming na última quarta (21).
O sucesso foi tamanho a ponto do segundo colocado no ranking da semana, a segunda temporada de “Fate: The Winx Saga”, ter conseguido menos de um terço das horas assistidas.
O recorde considera apenas séries que acabaram de estrear. Produções como “Stranger Things” e “Bridgerton” conseguiram números mais expressivos, mas não com a primeira temporada delas.
A morte de Jeffrey Dahmer
Jeffrey Dahmer assassinou 17 pessoas entre 1978 e 1991, em crimes que envolviam estupro, necrofilia e canibalismo. Ele foi preso em 1991 e recebeu condenação perpétua.
Acabou espancado até a morte em 28 de novembro de 1994 na Columbia Correctional Institution, prisão de segurança máxima no estado de Wisconsin onde cumpria pena.
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