Bullet For My Valentine faz alegria dos fãs de São Paulo com setlist singular

Em show na Audio, banda galesa acertou ao mesclar repertório atual com resgates de “Suffocating Under Words of Sorrow” e a tão pedida “Hand of Blood”

Menos de 24 horas após concluir sua apresentação no Palco Sunset do Rock in Rio, onde dividiu espaço com Living Colour em um set especial com participação de Steve Vai, Metal Allegiance (supergrupo composto por figuras importantes do heavy metal, como Mike Portnoy, Jack Gibson, Chuck Billy e Josh Bush) e Black Pantera + Devotos, o Bullet For My Valentine realizou, no último sábado (3), uma apresentação à parte na Audio, em São Paulo. A performance na capital paulista finalizou a miniturnê da banda galesa pelo Brasil.

Ícone do metalcore, o Bullet For My Valentine tornou-se um dos nomes mais importantes do cenário rock mundial durante os anos 2000. A banda ganhou fama por mesclar estética, sonoridade e temática lírica do emocore com o “thrash metal oitentista”. Apesar do criticado álbum “Temper Temper” (2013), o grupo jamais caiu no esquecimento ou perdeu o respeito de seus fãs e segue lançando trabalhos cada vez mais maduros, profissionais e criativos. Atualmente, o quarteto roda o mundo apresentando seu elogiado disco homônimo, sétimo trabalho de estúdio da carreira, lançado em 2021.

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*Fotos de Gustavo Diakov / Sonoridade Underground.

Iniciando os trabalhos

Para a tristeza dos comerciantes e ambulantes da avenida Francisco Matarazzo e ruas vizinhas, o frio e a garoa que enfeitava a capital paulista espantou o público que costuma fazer o famoso “esquenta pré-show” na porta da Audio e bares locais. Muitos preferiram se abrigar dentro da casa de espetáculo assim que os portões foram abertos, por volta das 20h.

Por outro lado, a experiência não foi totalmente negativa para os fãs, que tiveram a oportunidade de conferir uma excelente discotecagem com músicas estratégicas e alinhadas à apresentação principal, entre elas: “Break Stuff” (Limp Bizkit), “One Step Closer” (Linkin Park), “Chop Suey” (System of a Down), “Last Resort” (Papa Roach) e “Hail to the King” (Avenged Sevenfold).

Começa o show

Após a reprodução de “Walk”, do Pantera, as luzes da casa foram apagadas. Logo depois, uma música dramática cuja harmonia remetia ao clímax de um acontecimento épico começou a soar nos alto-falantes da Audio. Então, o baterista Jason Bowld começou a agitar o público com as viradas iniciais de “Your Betrayal” – faixa que abre o disco “Fever”, lançado em 2010. Foi a deixa para que o vocalista e guitarrista Matthew Tuck, o guitarrista Michael “Padge” Padget e o baixista Jamie Mathias subissem ao palco para acompanhar o companheiro na execução da faixa inicial.

Sem deixar o ânimo da plateia cair, o quarteto mandou logo na sequência “Waking the Demon”, hit do disco “Scream Aim Fire” (2008). A performance da música foi marcada pelo uso de iluminação sincronizada e, diferentemente da gravação original, um breakdown a preencheu ao término do primeiro refrão. Próximo ao solo de guitarra, Matt Tuck pediu um moshpit e o público respondeu com duas rodas punk na pista.

Com o fim da música anterior, Tuck comentou sobre o show no Rock in Rio na noite anterior e disse que participar do evento foi a realização de um sonho. Na sequência, o grupo mandou uma “dobradinha” direta com duas faixas mais recentes: “Pieces of Me”, do álbum “Gravity” (2018), e “Knives”, single do trabalho homônimo de 2021. O frontman perguntou a opinião do público sobre o recente disco de estúdio e afirmou: “streaming, download ou versão física… eu realmente estou pouco me f*dendo; tudo o que eu quero é que todos vocês escutem e curtam o nosso novo trabalho”.

“The Last Fight”, outro single da era “Fever”, chegou com seu riff empolgante que se destaca das demais faixas de seu álbum original. Quando Michael Padget iniciou o solo da música, o público acompanhou reproduzindo o som das notas, o que arrancou um enorme sorriso do guitarrista.

Nostalgia reforçada

Com o término da sessão composta por mais faixas recentes, foi a vez do grupo levar os fãs de volta aos anos 2000 com “4 Words (to Choke Upon)”, faixa do “The Poison” (2005). Os fãs reagiram empolgados e logo na introdução organizaram um dos circle pits mais bonitos da noite. A escolhida para garantir a violência da roda punk logo após foi “You Want a Battle? Here’s a War”.

Matt disse, então, que havia chegado o momento de apresentar uma de suas músicas favoritas. Em “All These Things I Hate (Revolve Around Me)”, o frontman estimulou a plateia a cantar o mais alto possível e chegou a se aproximar da grade de proteção para aumentar a interação com o público. O momento foi sucedido por mais uma “dobradinha” estratégica com faixas de “Gravity” e do álbum homônimo: “Over It” e “Shatter”. Por representarem a fase mais pesada do quarteto galês, ambas causaram enormes moshpits na pista – e alguns mais corajosos arriscaram os primeiros crowd surfings da noite. 

Para fechar o set com chave de ouro, o Bullet For My Valentine selecionou os principais sucessos dos dois primeiros álbuns. A primeira foi “Tears Don’t Fall”, que gerou sentimentos diversos entre os fãs: enquanto alguns se digladiaram no moshpit, outros simplesmente desabaram em lágrimas. Depois, foi a vez de “Suffocating Under Words of Sorrow”, outra clássico do álbum “The Poison” e uma das maiores surpresas da noite, já que desde 2019 havia sido tocada apenas uma vez. 

Velocidade e surpresa

Um pequeno intervalo antecedeu um retorno ao palco para celebrar o aniversário do roadie/técnico de guitarra, Adam. Matt Tuck pediu para que a plateia cantasse “Happy birthday to you” junto aos integrantes. Em seguida, a pesadíssima e veloz “Scream Aim Fire” garantiu a alegria dos “mosheiros” pela última vez na noite. Além das enormes rodas punk que se formaram na pista, os presentes na plateia reuniram as últimas forças possíveis para gritar o emocionante coro “Over the top/Over the top/Right now it’s killing time”, que acompanha o refrão da música. 

Durante as pausas de todo o show, os fãs clamaram pela música “Hand of Blood”. O single presente na trilha sonora do jogo “Need For Speed: Most Wanted” impulsionou a carreira do grupo galês no Brasil devido à popularidade que o game tinha em nosso país em meados dos anos 2000. O quarteto não se mostrou disposto a atender de bate-pronto à solicitação de seus seguidores, mas ao fim do set, o improvável aconteceu: depois de “Scream Aim Fire”, Matt logo pediu desculpas por possíveis erros que poderiam acontecer, já que a banda não ensaiou a faixa recentemente, e assim foi tocada a canção pedida tantas vezes ao longo da noite. Após o término do show, os integrantes retornaram ao palco cobertos em uma bandeira do Brasil e ainda distribuíram baquetas, palhetas e setlists. 

Apesar da ausência de decoração temática e efeitos especiais, o show na Audio não ficou devendo nada em comparação ao do Rock in Rio. Em cima do palco, o Bullet For My Valentine demonstrou humildade e carisma, além de arrancar sentimentos viscerais de seus seguidores. Além disso, nem o fã mais otimista do quinteto galês poderia esperar a execução de “Hand of Blood”, o que tornou o evento na capital paulista em uma experiência singular.

*Fotos de Gustavo Diakov / Sonoridade Underground.

Bullet For My Valentine – ao vivo em São Paulo

  • Local: Audio
  • Data: 3 de setembro de 2022

Repertório:

  1. Your Betrayal
  2. Waking the Demon
  3. Piece of Me
  4. Knives
  5. The Last Fight
  6. Rainbow Veins
  7. 4 Words (To Choke Upon)
  8. You Want a Battle? Here’s a War
  9. All These Things I Hate (Revolve Around Me)
  10. Over it
  11. Shatter
  12. Tears Don’t Fall
  13. Suffocating Under Words of Sorrow (What Can I Do)
  14. Scream Aim Fire
  15. Hand of Blood

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Guilherme Góes
Guilherme Góeshttp://www.igormiranda.com.br
Guilherme Góes, 27 anos, estudou jornalismo na Faculdades Metropolitanas Unidas (FMU). Apaixonado por música desde criança, participa do cenário musical independente paulistano desde 2009. Já passou pelos veículos Besouros.net e Hedflow.

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