Roger Waters, que deixou o Pink Floyd em 1985 para nunca mais voltar, considera que a banda o “segurava” e o afastava de seu instinto natural. Mesmo que tenha sido o comandante do Floyd na parte artística, apesar dos atritos com os colegas, o vocalista e baixista acredita que só conquistou a total liberdade em carreira solo.
Em entrevista ao jornal canadense The Globe & Mail, Waters explicou como se sentia restringido por sua ex-banda. O músico também acredita que hoje o público está mais sintonizado com sua mensagem do que naquela época, apesar de Roger sempre ter sido bastante claro em seu posicionamento a respeito de vários assuntos.
“As plateias estão bem mais atentas ao que eu tenho a dizer agora do que eram antes. E também, eu digo as coisas de forma mais coerente e clara do que fazia antes, porque agora não estou constrangido pelo grupo de rock com quem eu estava antes. Eles estavam sempre tentando me afastar de meu instinto natural, que é falar a verdade.”
Além disso, Waters citou a restrição que os governos e a época em si colocavam em sua mensagem, admitindo que ele mesmo está mais “desperto”. O artista ainda relembrou o famoso episódio ocorrido em Montreal, Canadá, em 1977, quando ele se irritou com um fã e cuspiu nele. O ocorrido foi um dos estopins para a criação do que viria a ser “The Wall” (1979).
“Talvez eu esteja um pouco mais acordado. Você foi ao show e viu o que eu tinha a dizer em ‘The Happiest Days of Our Lives’ e ‘Another Brick in the Wall, Part 2’ e ‘Another Brick in the Wall, Part 3’, sobre como éramos restringidos pelo que o governo e a classe dominante queriam que acreditássemos. Eu acho que isso está mais aberto para escrutínio do que estava em 1977, quando eu cuspi em um pobre cara na plateia em Montreal.”
Relação tóxica no Pink Floyd
Em entrevistas anteriores, Roger Waters culpou os integrantes do Pink Floyd por terem desenvolvido uma relação tóxica com ele. Ao podcast de Marc Maron (transcrição via Ultimate Guitar), em 2021, o baixista criticou especialmente o guitarrista David Gilmour e o tecladista Richard Wright, falecido em 2008. O baterista Nick Mason foi poupado.
“Sempre me senti insignificante e inepto para fazer música. Mais recentemente, ao longo dos anos, percebi que tenho um cérebro musical bastante sofisticado e que entendo muitas coisas que outros não notam. Acho que sair do Pink Floyd (me fez perceber isso). Estava em um ambiente muito tóxico, onde estava perto de algumas pessoas… bem, David e Rick, principalmente, estavam sempre tentando me colocar para baixo. Estavam sempre tentando me derrubar.
Eles alegavam que eu não tinha ouvido musical, que não entendia de música. ‘Oh, ele é apenas um professor chato que nos diz o que fazer, mas não consegue afinar seu próprio instrumento’. Eles eram muito arrogantes porque sentiam que eram muito insignificantes, eu acho. Não os estou desprezando. Aqueles anos em que estivemos juntos, independente de como éramos socialmente… não há dúvida de que fizemos um trabalho realmente bom juntos.”
Na época, ao Coda Collection (via Live for Live Music), Nick Mason reagiu com surpresa às declarações de Waters.
“Fiquei um pouco chocado com isso. Mas acho que é uma forma um pouco emocional demais de colocar que havia algum tipo de divisão na banda. Roger sempre estava olhando além da música, de certo modo. Acho que era artificial, mas acho que havia o lado da banda que queria fazer bonecos infláveis e filmes, além da música, e quem queria apenas fazer música. Não acho que eles tenham sido maus com ele. (Risos) É difícil imaginar alguém sendo mau com Roger! Stalin foi alvo de bullying…”
Roger Waters e “This is Not a Drill”
Atualmente, Roger Waters roda a América do Norte com a turnê “This is Not a Drill”. Informações extraoficiais apuradas pelo jornal chileno La Tercera indicam que o artista deve trazer este show à América do Sul nos próximos tempos. Na ocasião, foi dito que as negociações estavam em estágios iniciais. Ainda não há nenhuma confirmação oficial.
*Texto por André Luiz Fernandes e Igor Miranda.
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