Por que Elvis Presley serviu ao Exército no auge da carreira

Presença nas Forças Armadas dos Estados Unidos tinha intuito de fazer cantor ser mais aceito entre público conservador

Descrever o efeito de Elvis Presley na sociedade americana dos anos 50 como grande seria minimizar as coisas. O cantor era a pessoa mais famosa dos Estados Unidos. Era capaz de inspirar adoração e ódio na mesma medida pelas mesmas ações. Foi inclusive responsável – quisesse ele ou não – pelo início da formação do conflito entre as gerações nascidas antes e depois do início da Segunda Guerra.

Quando Elvis foi selecionado para servir ao Exército em 1958, o senso geral era de que a geração anterior havia vencido e o sistema tinha tomado o maior símbolo da juventude para si.

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Contudo, se olharmos para a história inteira, é possível notar que era tudo um pouco mais complicado.

Recuperação de imagem

A história começa em janeiro de 1956, quando Elvis fez 21 anos. Naquela época, americanos dessa idade eram sujeitos à loteria de alistamento das Forças Armadas. Uma vez selecionado, ele teria que servir durante dois anos, um período de tempo talvez prejudicial à sua carreira.

Entretanto, existia uma possibilidade para ele se livrar do alistamento. Seu empresário, o coronel Tom Parker, escreveu uma carta ao Pentágono pedindo para que Elvis fosse considerado para os Special Services, um braço especial das Forças Armadas encarregado de entreter as tropas.

Caso selecionado para esse tipo de serviço, o cantor só precisaria passar pelo treinamento básico e voltar à sua rotina normal, tendo apenas que se apresentar para as tropas algumas vezes por ano.

O problema era que essa possibilidade nunca foi real. A ideia de ver as Forças Armadas enriquecendo nas costas de seu cliente era algo intragável para o coronel. O plano dele era justamente fazer o rei do rock servir como um soldado raso.

Apesar de sua popularidade, Elvis era detestado por americanos mais velhos. Dessa forma, seu alistamento era visto por Parker como uma oportunidade para lavar sua imagem. 

O cantor ficou furioso ao ser informado do plano por seu empresário e ser colocado numa posição de não ter como recusar. Porém, foi acalmado pelo coronel lhe prometendo que sairia do serviço militar uma estrela maior ainda.

Negociações

Como Elvis era uma celebridade, ele tinha ao seu dispor diversas opções oferecidas para acomodá-lo. Os braços das Forças Armadas estavam ativamente brigando para consegui-lo em suas fileiras e ter as vantagens inerentes.

A Marinha ofereceu formar uma companhia especial composta de gente de Memphis e alguns dos amigos mais próximos do cantor. O Exército fez a oferta dele viajar pelo mundo visitando bases americanas, aumentando a moral das tropas. A Força Aérea o queria apenas encorajando jovens a se alistar, efetivamente um garoto propaganda.

Contrariando isso tudo, Elvis resolveu se alistar como soldado raso no Exército, vendo todas as outras opções como covardia. Ele foi despachado para uma base americana na Alemanha onde começaria seu serviço como motorista de caminhão, sua profissão antes da fama.

Anos depois, Presley falaria sobre esse período para o Washington Post:

“Pessoas esperavam que eu fizesse algo errado, que eu fizesse burrada de alguma maneira. Eles acharam que eu não aguentaria, e eu estava determinado a provar o contrário a qualquer preço. Não apenas às pessoas pensando isso, mas a mim mesmo.”

Mesmo estando no exército, ele continuava sendo Elvis. O correio de sua companhia aumentou de um saco por dia para 15, tamanha era a quantidade de cartas de fãs inconsoláveis. Garotas alemãs chegavam a escalar as cercas da base onde o cantor estava ordenado só para vê-lo.

Em meio a isso tudo, a mãe do cantor, Gladys Presley, morreu. Elvis pôde voltar aos Estados Unidos para o enterro, mas quando retornou, começou a demonstrar um comportamento inconsequente.

Esbórnia de Elvis Presley

Durante suas folgas, o rei do rock viajava com seus companheiros de unidade pela Europa, provocando brigas em bares e visitando casas de prostituição. Nesse período, ele também foi apresentado pela primeira vez a anfetaminas e começou a usar comprimidos diariamente.

Foi nesse período que ele conheceu uma pessoa marcante em sua vida: Priscilla Beaulieu, uma uma garota de 14 anos, filha de um oficial do Exército, apresentada ao cantor durante uma das viagens de folga. Os dois começaram a namorar quase imediatamente e viriam a se casar em 1967.

Apesar de ter conhecido Priscilla, Elvis ainda estava mostrando sinais de estar fora de controle. Numa conversa entre os dois citada no livro “Careless Love: The Unmaking of Elvis Presley”, de Peter Guralnick, o cantor disse:

“Se eu não as tivesse (pílulas), nunca conseguiria aguentar o dia sozinho. Mas está tudo bem, elas são seguras.”

Novos rumos

Quando deixou as Forças Armadas, em 1960, Elvis Presley continuou a ter muito sucesso, mas o rock havia mudado. As maiores estrelas dos anos 1950 haviam morrido, ido para a prisão ou caído na infâmia. O serviço militar ajudou o cantor a evitar esses destinos, mas também mudou a imagem que o público tinha dele.

Elvis havia se tornado uma versão sanitarizada de si mesmo. Estavam fora as canções de Lieber e Stoller, as referências a artistas negros. O rei agora cantava canções românticas com arranjos reminiscentes a Frank Sinatra.

Em 1961, Elvis parou de fazer shows, uma decisão mantida por cerca de oito anos. O cantor estava cada vez mais afundado no vício em anfetaminas e havia descoberto analgésicos. Ele evitava o público a ponto de alugar salas de cinema e parques de diversão para poder se divertir sozinho sem multidões o importunando.

Essa reclusão, junto com a invasão britânica encabeçada pelos Beatles, acabou o tornando uma figura fora de moda na maior parte dos anos 1960 – algo que ele só reverteu em 1968, com o especial de TV “’68 Comeback Special”.

É difícil argumentar factualmente que o alistamento de Elvis causou sua queda de status, mas a situação poderia ter sido lidada melhor.

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Pedro Hollanda
Pedro Hollanda
Pedro Hollanda é jornalista formado pelas Faculdades Integradas Hélio Alonso e cursou Direção Cinematográfica na Escola de Cinema Darcy Ribeiro. Apaixonado por música, já editou blogs de resenhas musicais e contribuiu para sites como Rock'n'Beats e Scream & Yell.

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