A segunda metade dos anos 80 viu a improvável volta do Aerosmith ao estrelato depois de muita gente dar a banda como morta. O mega-crossover com o Run-DMC em “Walk this Way” os deu impulso o suficiente para conseguir sucesso nos discos “Permanent Vacation” (1987) e “Pump” (1989), sem falar do obrigatório box-set que toda banda de sucesso dos anos 70 lançou no início dos anos 90. O público estava interessado novamente no grupo, mesmo com o surgimento do grunge.
Percebendo essa oportunidade, os caras entraram no estúdio em 1992 e gravaram 12 canções para o que seria o sucessor de “Pump”. O problema foi que a gravadora não gostou do resultado. Eles queriam hits e não viam nenhum.
O esquadrão dos hits
O Aerosmith já havia trabalhado com compositores profissionais nos dois lançamentos anteriores, mas “Get a Grip” foi um divisor de águas na carreira da banda no que diz respeito ao número de colaboradores.
Desmond Child e Jim Vallance, dois dos maiores hitmakers do rock nos anos 80 e envolvidos com o grupo desde “Permanent Vacation”, agora tinham a companhia de Lenny Kravitz e da dupla Tommy Shaw e Jack Blades – consagrados separados no Styx e Night Ranger, respectivamente, e unidos pelo supergrupo Damn Yankees –, além de Mark Hudson, Richard Supa e Taylor Rhodes.
Enquanto em outros lançamentos havia um certo equilíbrio entre canções escritas pela dupla Steven Tyler-Joe Perry e as que tiveram participação de compositores profissionais, dessa vez apenas uma canção é assinada exclusivamente pelos Toxic Twins: “Fever”.
Mesmo assim, algumas faixas exploram assuntos bastante pessoais relacionados aos demônios passados e a sobriedade adquirida às duras custas, como Tyler explicou para o Los Angeles Times em 1993 sobre “Amazing” e a faixa-título:
“Estávamos dizendo que dá pra apontar para algumas daquelas velhas crenças sobre a encruzilhada e fazer um pacto com o diabo, que dá pra olhar pras drogas como isso: podem ser divertidas no começo, mas chega a hora de pagar a sua dívida, e se você não for esperto o suficiente pra ver que está acabando contigo, aí que vai te pegar de jeito.”
O poder da balada
Décimo-primeiro álbum de estúdio do Aerosmith, “Get a Grip” se tornou o primeiro da banda a estrear em primeiro lugar nas paradas. Uma das grandes razões foi o disco ter posicionado de vez o grupo como sinônimo de power ballad, graças a seus maiores hits e respectivos videoclipes.
As músicas “Cryin’” e “Crazy” ganharam rotação pesada nas rádios e nas MTVs do mundo todo. Os clipes estrelados pela atriz Alicia Silverstone – o segundo trazendo também a filha recém-revelada de Tyler, Liv – ajudaram bastante nesse sentido.
Fruto de um caso rápido do vocalista com a ex-playmate Bebe Buell, Liv Tyler nasceu em 1977 e cresceu achando que seu pai era o músico Todd Rundgren. Ela só foi descobrir a verdade em 1988 – e o mundo só veio a saber quando ela mudou o sobrenome oficialmente para o do pai biológico em 1991.
Com o passar dos anos 90, Liv construiu uma carreira respeitável de atriz e sempre manteve uma relação próxima com o pai, seja no âmbito pessoal ou profissional. Em 1998, ela estrelou em “Armageddon”, um dos maiores sucessos de bilheteria daquele ano cuja música-tema, “I Don’t Want to Miss a Thing”, foi gravada pelo Aerosmith após ser composta por Diane Warren.
Os hits gerados pela mudança de abordagem interna fizeram com que o Aerosmith não ficasse para trás na década de 90, diferentemente do que aconteceu na virada dos anos 70 para os 80. “Get a Grip” não só preservou como amplificou o sucesso já atingido, além de estabelecer as bases sonoras para os próximos trabalhos – quando, aí sim, a situação da banda voltou a se complicar.
* Texto por Pedro Hollanda, com pauta e edição por Igor Miranda.
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Sou fã da banda, tenho boa parte da discografia da banda em cd’s, e o meu favorito é o Get A Grip. Álbum impecável do início ao fim, ficou longe de soar datado e sobreviveu com folga ao teste do tempo. É também o favorito do Joe Perry, o que quer dizer bastante coisa, afinal o cara gravou o trabalho e sem dúvidas é o mais abalizado para falar do trabalho.
Gosto de vários discos do Aerosmith, mas deste nunca consegui gostar, e não é por causa dos famosos singles e clipes em que Alicia Silverstone e a filha do Steven Tyler participam, mas sim por causa de sua capa que, de certa forma, tinha alguma conexão com a capa de Atom Heart Mother (disco do Pink Floyd de 1970). Se Get a Grip saísse com uma embalagem melhor e menos polêmica do que essa que saiu, eu com certeza aprovaria com todos as porcentagens possíveis, mas… Paro de ouvir a banda no Pump!