Espancado na prisão? A suspeita por trás da morte de Mark St. John

Guitarrista que tocou apenas em um álbum do Kiss faleceu pouco tempo após, de acordo com investigação, ser agredido brutalmente enquanto cumpria pena por porte de drogas e tentativa de destruição de evidências

Em 1984, o Kiss tentava mais uma vez seguir em frente com um novo guitarrista na formação. Mark St. John foi o nome escolhido para substituir Vinnie Vincent e logo começaram as gravações do álbum “Animalize”.

Essa história, que parecia ter mais desdobramentos, foi interrompida muito antes do previsto – e encerrada de vez em 2007, com a morte do guitarrista, aos 51 anos.

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St. John gravou a maior parte do álbum, mas não tudo, e conseguiu fazer apenas dois shows e meio com a banda antes de ser substituído oficialmente por Bruce Kulick. O motivo foi um tipo raro de artrite nas mãos que o impediam de tocar. Anos depois, o próprio músico afirmou que a tal doença estava mais distante do que próxima da verdade.

Atividades musicais após o Kiss

Fora do Kiss – após mal ter entrado –, Mark St. John deu sequência à sua carreira de forma tímida. Ainda nos anos 1980, formou a banda White Tiger com David Donato, vocalista que teve uma passagem ainda mais discreta e rápida pelo Black Sabbath. Completo por Michael Norton (baixo, irmão de Mark) e Brian James Fox (bateria), o grupo produziu apenas um álbum, homônimo, e logo deixou de existir.

Em 1990, o guitarrista voltou a ter um elo com o Kiss ao montar um projeto com Peter Criss, baterista original de sua antiga banda, chamado The Keep. O restante da formação era o mesmo do White Tiger: Norton no baixo, Donato no vocal. O quarteto gravou uma demo, mas a coisa não evoluiu.

Após um hiato na carreira, o músico produziu seus últimos materiais entre o final da década de 1990 e o início dos anos 2000, quando lançou o EP “Mark St. John Project” (1999) e o álbum instrumental “Magic Bullet Theory” (2003). Também fez uma aparição em uma convenção de fãs do Kiss na mesma época.

Prisão e morte de Mark St. John

Uma das últimas fotos públicas de Mark St. John

Tudo mudaria em 2006, quando o ex-guitarrista do Kiss foi preso por porte de drogas e tentativa de destruição das evidências. Ele passou alguns poucos meses em uma prisão no sul da Califórnia, mas acabou morrendo em 5 de abril de 2007, devido a problemas causados por uma hemorragia cerebral.

Depois de seu falecimento, investigações começaram a ligar a lesão que o matou a fatos ocorridos dentro da prisão. O caso permanece misterioso até hoje, mas algumas informações mostram a gravidade da situação.

Documentos relacionados ao tempo em que passou na cadeia citam pedidos de transferência do músicos, que estava com medo de retaliação após ser pego roubando biscoitos de outro interno.

Uma apuração exposta pelo jornal Orange County Weekly cita que St. John foi vítima de um esquema de espancamento de presos com permissão dos guardas da prisão. Mais de 20 detentos agrediram o guitarrista com socos, pontapés e até mesmo lápis, na intenção de furá-lo.

Segundo declarações de amigos e pessoas próximas ao jornal, o músico evitava falar sobre o tempo em que passou na prisão. Logo após cumprir a pena, caiu em depressão e voltou a abusar das drogas, além de se queixar com frequência de dores em várias partes do corpo, provável resultado de espancamento.

O óbito, segundo o legista responsável por examinar seu corpo, foi causado por uma overdose acidental de metanfetamina. Foi o que gerou a hemorragia cerebral, de acordo com o laudo.

Infelizmente, Mark St. John teve um fim tão misterioso quanto seu tempo com Paul Stanley e Gene Simmons.

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* Texto por André Luiz Fernandes, com pauta e edição por Igor Miranda.

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André Luiz Fernandes
André Luiz Fernandes
André Luiz Fernandes é jornalista formado pela Universidade Metodista de São Paulo (UMESP). Interessado em música desde a infância, teve um blog sobre discos de hard rock/metal antes da graduação e é considerado o melhor baixista do prédio onde mora. Tem passagens por Ei Nerd e Estadão.

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