Helloween e Kai Hansen se retratam após guitarrista criticar vacina obrigatória

Em seção de comentários na página de política de extrema-direita alemã, músico havia dito que ministro da Saúde alemão é “louco ou fantoche da indústria famarcêutica” por “forçar vacina obrigatória sem mencionar riscos e mortes confirmadas pelo imunizante”

O guitarrista Kai Hansen se retratou oficialmente após uma declaração feita nas redes sociais sobre a vacinação contra Covid-19. O Helloween, banda que voltou a tê-lo como integrante a partir de 2016, também divulgou uma nota em que pede desculpas pelo incidente.

Na seção de comentários de uma publicação feita no Facebook pela política alemã Alice Weidel, líder do partido de extrema-direita Alternativa para a Alemanha (AfD), Hansen fez críticas a ações do ministro da Saúde local, Karl Lauterbach, por “forçar vacinação obrigatória” no país.

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Diante da reação negativa a seu comentário, Kai enviou nota à Metal Hammer alemã para se desculpar. O músico disse que não tem qualquer admiração pelo AfD e que está “apenas com medo da vacina, pois duas pessoas próximas morreram por causa dela”.

“Sinto muito pelo que fiz sem pensar e apenas por uma frustração. Eu me distancio de todos os partidos políticos, mas acima de tudo do AfD. Foi um ato estúpido comentar algo desta forma na página. A frustração que me guiou como um dos artistas que foram muito afetados pela pandemia é compreensível, mas a forma de me expressar foi equivocada. Estou apenas com medo da vacina, pois duas pessoas próximas a mim morreram por causa dela.”

Em comunicado separado, o Helloween também se desculpou pelo incidente. A banda declarou não ter qualquer vínculo com qualquer ideologia política, especialmente a do AfD. Os músicos pediram ainda que o grupo não seja culpado por completo em função de um erro cometido apenas por um integrante.

“Nós, a comunidade da banda Helloween, sentimos muito pelo que nosso membro Kai Hansen desencadeou por frustração reprimida e impensada. Foi um ato estúpido da parte dele permitir-se ser influenciado a comentar em uma página de extrema-direita. Como Kai já disse em sua declaração, na qual ele se desculpou, nós como banda gostaríamos de enfatizar novamente: não somos uma banda de caráter político e nos distanciamos da AfD e de qualquer atitude de extrema-direita.

Nenhum de nós – nem mesmo Kai – tem a menor simpatia por este partido. Nós, membros da banda, estamos muito chateados com essa situação. Por favor, não culpe a banda como comunidade pela culpa de um indivíduo! Somos músicos e amamos o que fazemos com todo o nosso coração e mal podemos esperar para estarmos unidos novamente com todos os fãs em breve.”

O que Kai Hansen havia dito

Conforme apontado no fórum Reddit, o comentário do músico do Helloween e Gamma Ray, originalmente em alemão, diz:

“A veemência com que o senhor Lauterbach força vacinação obrigatória sem nunca mencionar os riscos e mortes confirmadas causadas pela vacinação levanta a suspeita de que ele é completamente louco ou um fantoche do farmacêutico indústria. Agora, ele tem que decidir entre cair na insignificância ou chegar à vitória final por todos os meios.”

É um pouco complicado traduzir o significado literal de todo o comentário, visto que há elementos específicos do idioma alemão que não se convertem ao português. Porém, cabe ressaltar que o trecho em que se fala de “vitória final” originalmente faz uso da expressão “Endsieg”, usada por nazistas no passado e tanto neonazistas quanto grupos antivacina hoje em dia.

Neste caso, o emprego do termo soa como se Hansen quisesse traçar um paralelo entre a ação de Lautarbach e atitudes que nazistas do período totalitário poderiam ter se existissem atualmente. Membros do movimento antivacina na Alemanha (e também em outros países) usualmente comparam vacinação obrigatória com o Holocausto, o regime nazista ou a escravidão.

Alemanha, pandemia e vacinação

A vacinação obrigatória não está em vigor para toda a população na Alemanha. O parlamento chegou a aprovar a medida para profissionais da saúde no último mês de dezembro, mas o plano de expansão aos cidadãos de forma geral não foi adiante. O assunto voltou a ser discutido no fim do último mês de janeiro, tendo em vista o aumento de casos de Covid-19.

De acordo com as agências EFE e Reuters, aproximadamente 73% da população alemã está com seu esquema vacinal completo e cerca de 50% recebeu dose de reforço. Porém, há milhares de pessoas no país que se recusam a receber o imunizante, o que tem atrasado a meta nacional de aplicar a injeção em 80% dos cidadãos.

Embora apresente riscos como qualquer medicamento, a vacina contra a Covid-19 foi comprovada como segura por diversos cientistas em todo o mundo, sabendo-se que as chances de reações adversas são baixas na comparação com os benefícios trazidos. A leitura da bula antes de receber o imunizante é recomendada como no caso de qualquer outro fármaco. Ainda assim, no Brasil, até novembro de 2021, foram registrados 11 óbitos relacionados à vacinação em um universo de 194 milhões de doses aplicadas até então.

Para mais informações sobre a vacinação contra a Covid, acesse os sites dos órgãos competentes, como o Ministério da Saúde, Organização Mundial da Saúde (OMS), Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Instituto Butantan e Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).

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Igor Miranda
Igor Miranda
Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), com pós-graduação em Jornalismo Digital. Escreve sobre música desde 2007. Além de editar este site, é colaborador da Rolling Stone Brasil. Trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, revista Guitarload, jornal Correio de Uberlândia, entre outros. Instagram, Twitter e Facebook: @igormirandasite.

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