Por motivos óbvios, a criação musical do Nirvana era centralizada em Kurt Cobain. Porém, Dave Grohl teve a chance de contribuir com um riff de guitarra que acabou sendo aproveitado pelo líder da banda.
A faixa é “Scentless Apprentice”, presente no álbum “In Utero”. Curiosamente, o atual frontman do Foo Fighters revelou em 2018 ao CBS Sunday Morning (via Far Out Magazine) que a decisão de não contribuir mais foi consciente.
“Antes mesmo da banda eu já gravava minhas próprias canções. Apenas não deixava ninguém ouvir, pois não as considerava tão boas. Não gostava da minha voz nem me via como compositor. Além disso, tocava com um dos maiores escritores da nossa geração. Não tinha como querer assumir a direção.”
Sobre a colaboração de Grohl em “Scentless Apprentice”, Cobain disse em 1993 ao jornalista Michael Azerrad o seguinte:
“O riff era tão clichê do grunge que relutei em tocá-lo. Mas eu decidi compor uma música com isso apenas para fazê-lo (Grohl) se sentir melhor. E ficou muito legal. Acho que a maior parte da razão pela qual essa música soa bem é por causa do estilo de canto e das partes de guitarra que faço por cima do ritmo básico.”
Dave Grohl, Nirvana e composição
Além da música citada, Dave Grohl ganhou poucos outros créditos autorais no Nirvana. São eles:
- “Smells Like Teen Spirit”;
- “Endless, Nameless”, a jam que encerra “Nevermind”;
- “Gallons of Rubbing Alcohol Flow Through the Strip”, faixa bônus de “In Utero”;
- e “Marigold”, lado B de “Heart-Shaped Box” que conta com seus vocais.
A boa aceitação de “Scentless Apprentice” fez com que Grohl se motivasse a criar mais. Assim surgiram as demos de “Alone + Easy Target”, “Big Me”, “February Stars” e “Exhausted”. Embora não tenham tido tempo de serem trabalhadas pelo Nirvana, elas entraram nos primeiros discos do Foo Fighters.
* Texto por João Renato Alves e Igor Miranda.
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