Um dos maiores mitos a respeito do fim dos Beatles, relacionado à figura de Yoko Ono, pode ter caído por terra com o lançamento do documentário “The Beatles: Get Back”.
Disponível em três episódios no Disney+, a série dirigida por Peter Jackson relembra as tumultuadas gravações de “Let It Be” (1970), último álbum da banda. Imagens da época engavetadas por mais de 50 anos foram resgatadas para expandir e dar uma nova versão à história contada pelo outro documentário sobre as sessões, lançado também em 1970.
Mesmo com as idas e vindas em meio às gravações do álbum, que chegaram a ser interrompidas em alguns momentos, a figura de Yoko era presença certa no estúdio. Entre os fãs, havia quem considerasse a esposa de John Lennon intrometida e questionadora – para essa fatia do público, ela seria até mesmo responsável pelo fim dos Beatles.
Entretanto, “The Beatles: Get Back” não mostra nada disso. Yoko presenciou tudo, mas pouco opinou. Geralmente, enquanto fica ao lado do marido, ela está lendo jornal, costurando ou fazendo qualquer outra coisa que não era relacionada às deliberações dos músicos.
Por outro lado, também durante as sessões retratadas no documentário, Paul McCartney reconhece que quando Yoko Ono estava no local – e ela sempre estava -, parecia mais difícil ter contato com John Lennon. Não que ela fosse a responsável por causar o fim da banda na visão dele, mas o distanciamento entre as duas lideranças criativas do grupo teria esse elemento como uma das causas.
Apesar disso, a percepção dos fãs é de que não dá para culpar a esposa de Lennon pelo fim dos Beatles. Havia uma série de problemas de relacionamento entre os músicos que acabaria causando o rompimento da banda – e o público parece reconhecer isso de forma mais clara com o novo documentário.
Reações
O sucesso de “The Beatles: Get Back”, que estreou mundialmente no último dia de Ação de Graças, fez a questão ser ainda mais discutida nas redes sociais. O nome de Yoko Ono chegou aos assuntos mais comentados (trending topics) do Twitter ao longo do fim de semana enquanto os beatlemaníacos apontavam que ela não havia afetado o processo.
Confira algumas reações a seguir.
Peter Jackson e até Yoko Ono concordam
Em entrevista ao programa 60 Minutes, da rede CBS, Peter Jackson mostrou que concorda com a percepção dos fãs de que Yoko Ono não é a vilã imaginada por tantos durante esses anos. O diretor fala com a propriedade de quem assistiu e analisou quase 60 horas de material inédito da época para editar “The Beatles: Get Back”.
“Não tenho problemas com Yoko nesse sentido. Consigo entender que do ponto de vista de George, Paul e Ringo, era meio estranho. Mas é preciso admitir que ela não se impunha. Ela está lendo e escrevendo cartas, costurando, pintando, às vezes fazendo alguma arte ali do lado. Ela nunca opina sobre as coisas que eles estão fazendo. Ela nunca diz: ‘oh, eu acho que o take anterior era melhor que esse’. Era uma presença bastante benigna e não interferia em nada.”
A fala de Jackson foi repercutida no site Uproxx, que fala também da “queda do mito” de que Ono foi a causadora da separação. A própria artista compartilhou em seu perfil do Twitter o link da matéria, mostrando concordar com a visão do cineasta e dos fãs.
Hoje, o público parece entender mais que o comportamento mais autoritário de Paul McCartney teria sido o principal catalisador do fim dos Beatles. E mesmo essa postura é compreendida, já que Paul era o único realmente empolgado com o projeto naquele momento.
Os Beatles e as gravações de Let It Be
“Let It Be” acabou por se tornar o álbum final dos Beatles, mas não foi exatamente o último a ser gravado. A banda começou a trabalhar no projeto, inicialmente chamado “Get Back”, mas engavetou tudo para fazer o disco que viria a ser “Abbey Road”, lançado um ano antes. O trabalho foi retomado com o grupo praticamente separado, a ponto de John Lennon sequer participar de todas as faixas.
A formação dos Beatles chegou a enfrentar breves baixas em períodos anteriores. George Harrison saiu da banda ainda em 1969, quando o projeto “Get Back” estava em produção, mas voltou dias depois. O cenário foi semelhante com Ringo Starr, que ficou fora por um período durante as sessões do “White Album” (1968).
O documentário “The Beatles: Get Back” joga nova luz sobre as atitudes de Paul McCartney na época, mas segundo o próprio, o grande culpado pelo fim do grupo era John Lennon. Em recente entrevista ao jornal The Guardian, Macca foi bem direto em culpar o amigo pela separação.
“Não fui a pessoa que instigou a separação. Não, não, não. John entrou na sala um dia e disse: ‘estou saindo dos Beatles’. Isso é instigar a separação ou não?”
Culpados à parte, os Beatles anunciaram seu rompimento em 10 de abril de 1970. Na verdade, o próprio Paul ficou encarregado de dar a notícia ao mundo, em entrevista, alegando que John já havia saído. A banda nunca se reuniu, já que Lennon foi assassinado em 1980.
O documentário de Peter Jackson foi editadíssimo e retirou a maioria das intervenções de Yoko a pedido dela e de Sean (o material ao todo tinha cerca de 60 horas e o documentário ficou com apenas 08 horas). Há dezenas de bootlegs no youtube com os áudios das gravações originais, não só do Get back de 1969, como também do Álbum Branco de 1968, os quais demostram que Yoko fazia sim inúmeras intervenções, dando palpites e se atrevendo até a cantar algumas músicas.
Não é novidade que Yoko tem procurado desde os anos 2000 a reescrever a história dela em relação a banda e para isso usa o dinheiro e poder que ela tem de barganha, só autorizando documentários, livros e produções sobre os Beatles se publicarem a versão dela como a oficial. Inclusive na biografia de John Lennon: A vida de Phillip Norman, ela disse que só contribuiria com a obra, dando detalhes que ninguém sabia, se Phillip Norman se comprometesse a publicar a versão dela de como ela conheceu John, de como “eles teriam se apaixonado no primeiro encontro” e como “ela teria sido obrigada por John a ir para os estúdios inocentemente” etc. (TUDO MENTIRA, pois testemunhas oculares como Tonny Bramwell, Peter Brown, Cynthia Lennon disseram que Yoko stalkeou John por dois anos até fisgá-lo viciando em heroína, ao passo que tais testemunhas informaram que era ela que fazia chantagens com John para ele a levar aos estúdios a fim de que ela fosse aceita como o 5º Beatle pelos demais).
Norman aceitou as condições dela e inclusive mandou os manuscritos do livro para ela revisar e aprovar. (Foi aí que ela revelou a Norman, como pagamento, aquela história que John tinha desejos bissexuais e que seria apaixonado por Paul).
E foi exatamente isso que ela e Sean fizeram nesse documentário de Peter Jackson: Só autorizavam as imagens dela e de Jonh, se Jackson editasse o material para retirar a maior parte das intervenções dela.
Obrigado pelo comentário, Bruno. Mas não há nenhuma prova de que Yoko Ono e Sean Lennon pediram para Peter Jackson retirar conteúdo dela do documentário. Isso não pode ser dito em tom de fato, pois trata-se de uma especulação. Fato é que o fim dos Beatles foi causado pelos Beatles, não por Yoko.
Bruno André, pare de agir como um fanboy imaturo. Você está procurando um bode expiatório para condenar Yoko Ono. Cresça!
Você não tem prova alguma de que Yoko era intrusiva nas gravações do álbum Let It Be. Tá falando essas coisas porque tem raivinha da Yoko, como tantos outros fanboys por aí.