A vocalista do Garbage, Shirley Manson, ofereceu uma crítica contundente ao mundo da música como uma indústria onde o machismo, a misoginia, a exploração e o abuso predominam.
A banda lançou seu sétimo álbum, “No Gods No Masters”, no último mês de junho. Durante entrevista ao The Telegraph divulgando a obra, a cantora ofereceu um retrato sem barreiras da indústria musical como um espaço de abuso de poder e violência sexual.
“Se eu tivesse um p*u, seria tratada de maneira diferente. Trabalho com músicos, managers e contadores masculinos, que fazem eu me sentir relegada uma posição menor porque tenho uma vag*na.
Falei sobre isso durante toda a minha carreira. Tenho conseguido manter minha integridade e, se eu vou ser a única a apontar para o cocô no canto da sala, então que seja. Estou muito feliz por cumprir essa função.”
Shirley Manson não se furtou de expressar seu desprezo ao modo como meninas são tratadas como objetos desde a juventude por quem as promove.
“Essa é uma indústria totalmente desregulamentada, que legitima a venda de adolescentes. O apetite insaciável por carne jovem é de dar nojo. Contratam garotas de 13 anos e literalmente as preparam até que tenham 16 e possam lançar seus discos. Crianças não devem ser usadas para ganhar dinheiro e dar a grandes empresas”.
Shirley Manson e o “acerto de contas”
Por outro lado, a cantora do Garbage fica animada com a coragem que vê em artistas femininas emergentes, e dá as boas-vindas ao dia do acerto de contas que se aproxima para o mundo da música.
“Eu era uma anomalia na minha geração. Fui descrita como alguém que fala alto, teimosa e que não calava a boca. Agora vejo todas as mulheres fazendo isso. Mesmo aquelas que estão fazendo música pop bastante acessível também estão se manifestando e impondo a agenda para uma sociedade mais igualitária. Isso é emocionante para mim.”
“No Gods No Masters” chegou ao quinto lugar na parada britânica em sua semana de lançamento, melhor desempenho de um disco do Garbage no chart desde 2005.
