Lançado em 10 de novembro de 1981, “Music from The Elder” é considerado por muitos um dos pontos mais baixos da carreira do Kiss.
O nono trabalho de inéditas da banda trouxe o reencontro com o produtor Bob Ezrin cinco anos após o sucesso alcançado pela parceria em “Destroyer”. Mostrou o grupo buscando uma sonoridade com influências sinfônicas e temática conceitual que nem eles foram capazes de explicar sem se atrapalhar – embora tenham planejado até mesmo um filme.
O trabalho marcou a estreia em estúdio do baterista Eric Carr, que já havia feito a turnê do play anterior, “Unmasked” (1980). Lou Reed e Tony Powers colaboraram como coautores em parte da tracklist.
As músicas fugiram bastante dos padrões que consagraram o grupo na década anterior, até mais que os surpreendentemente pop dois discos anteriores. Com o tempo, “The Elder” ganhou status de cult, mas o fracasso mercadológico foi tão grande que nem houve uma turnê para divulgação.
Em recente entrevista ao Yahoo Entertainment, Paul Stanley e Gene Simmons refletiram sobre o período e fizeram questão de deixar claro que as opiniões negativas não mudaram com o passar dos anos. O guitarrista e vocalista começou dando um retrato sincero sobre o que era o Kiss em 1981.
“Estávamos perdidos. Estávamos delirando. Tínhamos nos tornado complacentes e meio ingratos pelo sucesso e em que ele se baseava. Ficamos preguiçosos e acho que todos nos sentimos muito confortáveis em um estilo de vida rico, por assim dizer, e nos preocupamos mais com a forma como nossos contemporâneos nos viam do que com nossos fãs, que foram abandonados. Não poderíamos fazer um álbum de rock nessas condições. Não tínhamos dentes. Nós estávamos gozando naquele ponto.”
Gene Simmons confessa que a banda não sabia que caminho seguir, além de deixar claro que sua megalomania vitimou a proposta.
“Quando você faz qualquer coisa, deseja autenticidade e honestidade. ‘The Elder’ era desonesto e mal direcionado. Éramos muito populares e tocávamos em estádios e outras coisas. Então, tivemos uma mudança na formação. Peter Criss sucumbiu a alguns dos clichês do rock ‘n’ roll. Todos nós, Ace, Paul e eu, votamos para que ele saísse. Chegou um cara novo, Eric Carr, que Deus o tenha. E nós tivemos um tempo de folga.
Eu estava no Beverly Hills Hotel. Comecei a brincar com a ideia de fazer filmes e conhecer gente do meio. Eventualmente acabaria fazendo alguns papéis e também produzindo, mas não era a coisa real para mim. Assim, comecei a escrever. E a primeira coisa que criei foi: ‘The Elder, quando a Terra era jovem, eles já eram velhos’. Era algo ao estilo de Tolkien, com inspiração em ‘The Watcher’, da Marvel. Trouxemos Bob Ezrin de volta, que havia produzido possivelmente nosso melhor álbum até então, Destroyer. Foi ele que sugeriu um álbum conceitual baseado na minha história.”
The Who influenciando o Kiss
Pouco tempo antes, Bob Ezrin havia trabalhado em “The Wall”, obra conceitual do Pink Floyd desenvolvida por Roger Waters. Porém, a maior inspiração para “Music from The Elder” era a ópera rock de outra banda britânica, como lembrou Gene Simmons.
“A referência foi ‘Tommy’, do The Who. Pensávamos que se eles tinham algo assim, também poderíamos ter. Mas para quê? O Led Zeppelin não teve um ‘Tommy’ e nem por isso deixou de se dar bem.”
O baixista e vocalista também confirmou os planos para a versão cinematográfica. Até mesmo a proposta original do disco previa maior uso de diálogos, ao invés do único que aparece em seu encerramento.
“O ator Chris Makepeace, que havia acabado de fazer ‘My Bodyguard’, estava envolvido. Chegou a ser escalado para o papel principal. Não me lembro se Patrick Stewart foi confirmado como Morpheus, mas o projeto chegou a ganhar estrutura. E íamos fazer um filme, mas como 95 por cento das ideias, nunca passa do roteiro. Parou por aí e desistimos.”
Paul Stanley considera esse o maior exemplo de como o grupo estava perdido.
“Mostra que estávamos nos iludindo com o que achávamos ser capazes. Poderíamos facilmente planejar o lançamento de um foguete para Marte. No que diz respeito a ‘The Elder’, foi forçado e acho que as músicas não eram boas. Estávamos cheios de nós mesmos. Não foi culpa de ninguém em específico e de todo mundo ao mesmo tempo.”
Acertos em Music from The Elder
Mesmo assim, Gene Simmons consegue ver pontos positivos na lista de músicas de “Music from The Elder”.
“Gosto de algumas músicas, como ‘I’, que era semiautobiográfica. Fala sobre a minha posição antidrogas. Por que eu machucaria meu corpo e minha mente? Eu acredito em mim. Há material decente, o que faltava era a honestidade. Foi um álbum mal direcionado”.
Quando a entrevistadora citou seu apreço pelo disco, citando artigo da revista Classic Rock que o coloca entre os álbuns mais subestimados da história, Stanley respeitou. Porém…
“Não significa que sua opinião não seja tão válida quanto a minha! Então, se a Classic Rock ou alguém quiser pensar que é subestimado, Deus os abençoe. Isso significa que vendemos seis cópias.”
Por muitos anos, “Music from The Elder” foi o único álbum do Kiss a não ganhar disco de ouro nos Estados Unidos. Hoje, com uma realidade de mercado bem diferente, a situação mudou. Porém, para os padrões de uma das bandas mais bem-sucedidas de sua época, foi um fracasso e tanto.
hoje entendo a posição da banda em relação ao album que, em minha opinião, é um bom registro, tendo a virtude de ter feito a banda se aventurar por novos caminhos, longe de sua zona de conforto à época, tanto sonoramente como liricamente apesar de, como eles mesmo comprovam, ter sido algo forçado e, sinceramente, o outro registro deles até esse momento da carreira, em que tentaram buscar novos caminhos, o tão superestimado “destroyer”, soa pra mim inferior, apesar de ter grandes clássicos e canções geniais, junto à outras fracas e até constrangedoras, acho muito instável como obra musical, além de muito mal gravado, com uma mixagem final terrível, diferente do “the elder” que acho bem gravado e mixado além de ter boas músicas, apesar de nada tão bom quanto as melhores de “destroyer”, assim como nada tão ruim quanto as piores.
Na minha opinião, é o melhor Álbum do Kiss!
‘The Elder’ contém belas canções com ótimas performances e ainda revelou um excelente baterista, superior a todos os outros que passaram pelo Grupo.
O depoimento da dupla Simmons/Stanley nesta entrevista parece querer “agradar a torcida” para justificar o fracasso nas vendas na época de seu lançamento, mas é injusto com o material produzido.
Enfim, a exceção acabou virando o “patinho feio” na discografia da Banda.
Mas tudo é uma questão de gosto, não é mesmo?
Eu tenho a seguinte opinião: existem álbuns ruins dentro dos estilos de determinadas bandas e bons individualmente. The Elder está nesse critério.
Na minha opinião the Elder da de 10 a 0 no destroyer que pra mim 2 músicas salva do álbum o The Elder contem obras primas mr Blackwell under rhe Rose only you e a melhor dark light do ace o solo é maravilhoso…minha opinião no caso pra mim o que faltou foi comprometimento com a duração das canções que algumas poderiam ser melhoradas mais um ótimo álbum se tiver um filme vou estar lá pra assistir …you wanted The best …
The Elder é o meu disco preferido de toda a discografia do Kiss. Tem uma sonoridade distinta, canções ótimas, muito acima da média dos demais Albuns, até mesmo que o Destroyer. Eric Carr dá um show de peso e técnica na bateria. E contém muitos dos melhores solos do Ace, especialmente, o que está em Dark Light. Uma pena ter vendido tão pouco e ter sido rejeitado pela maioria dos fãs que não compreenderam a proposta da Banda. O único defeito que vejo no The Elder é o som que ficou muito abafado…