Quando Richie Sambora trouxe Eric Clapton para participar de seu álbum solo

Lisonjeado pelo convite, o lendário guitarrista acabou sendo surpreendido pela dificuldade do solo que precisava executar

Entre 1990 e 1991, o guitarrista Richie Sambora aproveitou um hiato no Bon Jovi para produzir “Stranger in This Town”, seu primeiro álbum solo. Tendo o blues como principal influência, o disco prova que o músico não estava se aventurando no gênero – ele conseguiu trazer ninguém menos que Eric Clapton para uma participação especial.

Enquanto o vocalista Jon Bon Jovi lançou o álbum “Blaze of Glory” (1990), trilha sonora do filme “Jovens Demais para Morrer”, Sambora enxergou, naquele breve hiato, a oportunidade de mostrar ao mundo suas influências e raízes musicais. Houve quem esperasse que o guitarrista lançasse um disco típico de virtuoso das seis cordas, mas, felizmente passou longe disso.

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Em “Stranger in This Town”, que saiu oficialmente em 3 de setembro de 1991, o guitarrista reuniu o baterista Tico Torres e o tecladista David Bryan, dois de seus companheiros de Bon Jovi, além do veterano Tony Levin no baixo. O próprio Sambora assumiu os vocais e surpreendeu em músicas como “Ballad of Youth”, “One Light Burning”, “Church of Desire” e a faixa-título.

Além das canções mencionadas, um dos maiores destaques do disco é “Mr. Bluesman”, que conta com a colaboração de Eric Clapton. O lendário guitarrista britânico gravou o solo da faixa.

Em entrevista para a Rolling Stone, Clapton relatou como surgiu o convite:

“Richie realmente me colocou em uma ‘fria’. Recebi uma carta muito amigável por parte dele e fiquei muito comovido, meu ego estava inflado. E pensei: ‘claro, tenho que fazer isso’. E eu nunca havia escutado a música, nunca havia me familiarizado com ela. Só entrei nessa pequena fantasia sobre como seria fácil.”

O susto de Eric Clapton

Provavelmente, Eric Clapton foi enganado pelo título da faixa: “Mr. Bluesman” é uma das músicas menos blues em um álbum que exala o gênero em seus poros. O ex-guitarrista do Cream e de tantas outras grandes bandas foi bem recebido por Richie Sambora em Londres, mas, ao contrário do que pensou inicialmente, não teve vida fácil ao fazer seu trabalho.

“Richie veio a Londres com a fita, fui ao estúdio e ele me deu um presente: um violão Taylor de 12 cordas com meu nome nele. Magnífico. Daí, ele colocou a fita e eu percebi instantaneamente que estava perdido. A música não era o que eu esperava que fosse.”

Richie Sambora fez o “Sr. Bluesman” suar

Apesar da surpresa, o Slowhand conduziu a situação com maestria. Só ficou com o ego levemente ferido por ter “apanhado” mais do que imaginava da composição do guitarrista do Bon Jovi.

Por outro lado, o esforço rendeu um bom resultado, com a música sendo uma das melhores do disco.

“Tive que parar e puxar o que tinha para fazer funcionar. Demorou horas, suei muito. E Richie estava sentado lá, me vendo passar por isso. Era o tipo de coisa que eu gostaria de sair e fazer em particular, para não cometer todos os seus piores erros bem na frente de todos. Lá se vai sua reputação.”

Eric Clapton é um músico experiente e, por mais que as vezes não seja dos mais fáceis de lidar, sabe reconhecer as situações que enfrenta. Na mesma entrevista, ele revelou valorizar o ato de fazer participações em músicas de outros artistas:

“É uma experiência que me deixa humilde. Ando por aí com essa impressão de que sou esse grande músico, com capacidades incríveis. […] Daí, você me coloca em uma situação real, em um estúdio, com um gravador e alguém que espera o melhor de mim. Tenho que trazer o melhor, mas nunca consigo.”

* Texto desenvolvido em parceria por André Luiz Fernandes e Igor Miranda. Pauta, redação complementar e edição geral por Igor Miranda; redação e apuração adicional por André Luiz Fernandes.

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André Luiz Fernandes
André Luiz Fernandes
André Luiz Fernandes é jornalista formado pela Universidade Metodista de São Paulo (UMESP). Interessado em música desde a infância, teve um blog sobre discos de hard rock/metal antes da graduação e é considerado o melhor baixista do prédio onde mora. Tem passagens por Ei Nerd e Estadão.

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