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Como nasceu a capa incrível de “Facelift”, álbum de estreia do Alice in Chains

Conceito de "olho" acabou dando lugar ao rosto distorcido do baixista Mike Starr

O álbum “Facelift” foi o responsável por apresentar o Alice in Chains ao mundo. Seu conteúdo principal, evidentemente, são as músicas – com destaque para o hit “Man in the Box” –, mas o disco também é muito lembrado por sua capa.

A imagem traz o rosto distorcido do baixista Mike Starr em meio a luzes coloridas. Trata-se de um dos raros casos onde o título do álbum (que em inglês significa “ritidectomia”, um tipo de cirurgia facial) foi definido em função da arte, e não o contrário, como normalmente ocorre.

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Geralmente, bandas não têm grande orçamento para produzir seus álbuns de estreia – e não foi diferente com o Alice in Chains. A gravadora Columbia Records disponibilizou uma verba suficiente para apenas um dia de sessão de fotos com o diretor artístico Rocky Schenck, logo, todas as fotos de divulgação do que viria a ser “Facelift” deveriam ser feitas naquela ocasião.

Felizmente, Schenck gostou do grupo de Seattle, portanto, mesmo com o orçamento apertado, acabou estendendo o trabalho para mais de 3 dias. Foi o suficiente para todos os músicos discutirem e sugerirem ideias enquanto conheciam melhor o estilo do fotógrafo.

A ideia e a execução

Em 1991, um ano após o lançamento de “Facelift”, o guitarrista Jerry Cantrell chegou a dizer em entrevista que a ideia original da capa tinha a ver com um embrião humano, simbolizando o “nascimento” oficial do Alice in Chains. Esse tema acabou descartado e, junto com Schenck, outro conceito acabou surgindo.

O primeiro dia – que deveria ter sido o único – da sessão de fotos aconteceu em 2 de maio de 1990, na piscina do Oakwood Apartments, um condomínio de luxo em Burbank, na Califórnia. A água foi coberta com um plástico fino, fazendo com que os quatro membros da banda nadassem por baixo dele, subindo para respirar e sendo “cobertos” com o material.

O objetivo era fazer uma foto em que a banda parecesse estar saindo de um “olho”. Rolaram algumas tentativas, mas nenhuma das imagens foi escolhida como a definitiva.

O mais próximo disso foi uma imagem usada na contracapa, onde é possível ver os músicos cobertos pelo plástico na água.

Da mesma sessão, saiu a imagem usada na capa do single “We Die Young”, que mostra o vocalista Layne Staley enrolado no plástico, cercado pelos outros membros da banda. A proposta também foi reproduzida no videoclipe da canção.

Após esse primeiro dia, o Alice in Chains se reuniu no estúdio de Rocky Schenck, onde decidiriam o que usar e quais seriam os possíveis próximos passos.

Lá, em meio ao extenso portfolio do artista, os músicos se interessaram por algumas imagens em preto e branco feitas com uma técnica específica, de longa exposição. O próprio fotógrafo falou sobre a técnica na biografia do Alice in Chains, escrita por David De Sola.

“Estava fazendo experimentos com múltiplas exposições na câmera, onde eu criava uma imagem distorcida expondo diferentes partes de um único quadro do filme, uma exposição por vez. Eu utilizava essa técnica em vídeos e nas minhas fotografias artísticas há anos. Era perfeita para essa tarefa.”

De volta à piscina, Schenck optou por não repetir a técnica exatamente como havia feito, com imagens em preto e branco, agora utilizando cor. Com isso, foram feitas fotos dos rostos de todos os membros da banda, mas a imagem que trazia o rosto distorcido de Mike Starr acabou sendo escolhida. Baseado na arte, foi escolhido para o álbum o título de “Facelift”.

Versão com o rosto do vocalista Layne Staley
Versão com o rosto do guitarrista Jerry Cantrell

As fotos dos quatro membros unidas em uma só, que era a primeira ideia, antes da escolha da foto de Starr, acabou sendo usada anos depois, em artes do box set “Music Bank”, lançado em 1999.

Alice in Chains e o sucesso de “Facelift”

Com sua capa icônica, “Facelift” foi uma boa estreia para o Alice in Chains, trazendo alguns dos maiores sucessos da banda. Ao todo, foram lançados quatro singles: “Man in the Box”, “Sea of Sorrow”, “We Die Young” e “Bleed the Freak”. Os dois primeiros, em especial, atingiram boas marcas nas paradas americanas.

O álbum em si levou um tempinho para engrenar em suas vendas, mas logo embalou e hoje tem mais de 2 milhões de cópias vendidas em território americano.

Foi, ainda, o primeiro trabalho do chamado movimento grunge a chegar a público por uma grande gravadora, o que certamente preparou terreno para as chegadas de Pearl Jam, Nirvana e Soundgarden, entre outros nomes.

O sucesso do Alice in Chains seria amplificado no álbum seguinte, “Dirt” (1992). A estética musical foi aprimorada nesse disco, mas guardou muitas características de “Facelift”, o que mostra que o grupo sabia o que estava fazendo desde o começo.

* Texto desenvolvido em parceria por André Luiz Fernandes e Igor Miranda. Pauta e edição geral por Igor Miranda; redação e apuração adicional por André Luiz Fernandes.

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André Luiz Fernandes
André Luiz Fernandes
André Luiz Fernandes é jornalista formado pela Universidade Metodista de São Paulo (UMESP). Interessado em música desde a infância, teve um blog sobre discos de hard rock/metal antes da graduação e é considerado o melhor baixista do prédio onde mora. Tem passagens por Ei Nerd e Estadão.

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O álbum “Facelift” foi o responsável por apresentar o Alice in Chains ao mundo. Seu conteúdo principal, evidentemente, são as músicas – com destaque para o hit “Man in the Box” –, mas o disco também é muito lembrado por sua capa.

A imagem traz o rosto distorcido do baixista Mike Starr em meio a luzes coloridas. Trata-se de um dos raros casos onde o título do álbum (que em inglês significa “ritidectomia”, um tipo de cirurgia facial) foi definido em função da arte, e não o contrário, como normalmente ocorre.

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Geralmente, bandas não têm grande orçamento para produzir seus álbuns de estreia – e não foi diferente com o Alice in Chains. A gravadora Columbia Records disponibilizou uma verba suficiente para apenas um dia de sessão de fotos com o diretor artístico Rocky Schenck, logo, todas as fotos de divulgação do que viria a ser “Facelift” deveriam ser feitas naquela ocasião.

Felizmente, Schenck gostou do grupo de Seattle, portanto, mesmo com o orçamento apertado, acabou estendendo o trabalho para mais de 3 dias. Foi o suficiente para todos os músicos discutirem e sugerirem ideias enquanto conheciam melhor o estilo do fotógrafo.

A ideia e a execução

Em 1991, um ano após o lançamento de “Facelift”, o guitarrista Jerry Cantrell chegou a dizer em entrevista que a ideia original da capa tinha a ver com um embrião humano, simbolizando o “nascimento” oficial do Alice in Chains. Esse tema acabou descartado e, junto com Schenck, outro conceito acabou surgindo.

O primeiro dia – que deveria ter sido o único – da sessão de fotos aconteceu em 2 de maio de 1990, na piscina do Oakwood Apartments, um condomínio de luxo em Burbank, na Califórnia. A água foi coberta com um plástico fino, fazendo com que os quatro membros da banda nadassem por baixo dele, subindo para respirar e sendo “cobertos” com o material.

O objetivo era fazer uma foto em que a banda parecesse estar saindo de um “olho”. Rolaram algumas tentativas, mas nenhuma das imagens foi escolhida como a definitiva.

O mais próximo disso foi uma imagem usada na contracapa, onde é possível ver os músicos cobertos pelo plástico na água.

Da mesma sessão, saiu a imagem usada na capa do single “We Die Young”, que mostra o vocalista Layne Staley enrolado no plástico, cercado pelos outros membros da banda. A proposta também foi reproduzida no videoclipe da canção.

Após esse primeiro dia, o Alice in Chains se reuniu no estúdio de Rocky Schenck, onde decidiriam o que usar e quais seriam os possíveis próximos passos.

Lá, em meio ao extenso portfolio do artista, os músicos se interessaram por algumas imagens em preto e branco feitas com uma técnica específica, de longa exposição. O próprio fotógrafo falou sobre a técnica na biografia do Alice in Chains, escrita por David De Sola.

“Estava fazendo experimentos com múltiplas exposições na câmera, onde eu criava uma imagem distorcida expondo diferentes partes de um único quadro do filme, uma exposição por vez. Eu utilizava essa técnica em vídeos e nas minhas fotografias artísticas há anos. Era perfeita para essa tarefa.”

De volta à piscina, Schenck optou por não repetir a técnica exatamente como havia feito, com imagens em preto e branco, agora utilizando cor. Com isso, foram feitas fotos dos rostos de todos os membros da banda, mas a imagem que trazia o rosto distorcido de Mike Starr acabou sendo escolhida. Baseado na arte, foi escolhido para o álbum o título de “Facelift”.

Versão com o rosto do vocalista Layne Staley
Versão com o rosto do guitarrista Jerry Cantrell

As fotos dos quatro membros unidas em uma só, que era a primeira ideia, antes da escolha da foto de Starr, acabou sendo usada anos depois, em artes do box set “Music Bank”, lançado em 1999.

Alice in Chains e o sucesso de “Facelift”

Com sua capa icônica, “Facelift” foi uma boa estreia para o Alice in Chains, trazendo alguns dos maiores sucessos da banda. Ao todo, foram lançados quatro singles: “Man in the Box”, “Sea of Sorrow”, “We Die Young” e “Bleed the Freak”. Os dois primeiros, em especial, atingiram boas marcas nas paradas americanas.

O álbum em si levou um tempinho para engrenar em suas vendas, mas logo embalou e hoje tem mais de 2 milhões de cópias vendidas em território americano.

Foi, ainda, o primeiro trabalho do chamado movimento grunge a chegar a público por uma grande gravadora, o que certamente preparou terreno para as chegadas de Pearl Jam, Nirvana e Soundgarden, entre outros nomes.

O sucesso do Alice in Chains seria amplificado no álbum seguinte, “Dirt” (1992). A estética musical foi aprimorada nesse disco, mas guardou muitas características de “Facelift”, o que mostra que o grupo sabia o que estava fazendo desde o começo.

* Texto desenvolvido em parceria por André Luiz Fernandes e Igor Miranda. Pauta e edição geral por Igor Miranda; redação e apuração adicional por André Luiz Fernandes.

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André Luiz Fernandes
André Luiz Fernandes
André Luiz Fernandes é jornalista formado pela Universidade Metodista de São Paulo (UMESP). Interessado em música desde a infância, teve um blog sobre discos de hard rock/metal antes da graduação e é considerado o melhor baixista do prédio onde mora. Tem passagens por Ei Nerd e Estadão.

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