Em 1995, o Pink Floyd já era uma banda veterana, inclusive com mudanças importantes em sua formação. Entretanto, naquele momento, estavam lançando “Pulse”, que seria apenas seu segundo registro ao vivo oficial – terceiro, caso seja considerado “Live at Pompeii” (1972), que só saiu em vídeo.
A lendária gravação traz não só um dos últimos momentos do grupo na ativa, como, também, um repertório caprichado e surpresas para quem adquiria o produto, lançado em CD, VHS e DVD. Tudo isso colaborou para que a banda vendesse muito em todo o mundo – inclusive no Brasil, onde chegou à incrível marca de disco de diamante pela versão em vídeo.
Gravado durante a turnê do álbum de estúdio “The Division Bell” (1994), “Pulse” foi disponibilizado em um momento onde as fitas VHS estavam bem mais populares no Brasil. A versão em áudio trazia registros diversos de shows pela Europa, entre agosto e outubro de 1994, enquanto o vídeo captava diretamente uma performance em Londres, na Inglaterra, no dia 20 de outubro daquele ano.
Como o Pink Floyd nunca veio ao Brasil, era uma rara oportunidade para os fãs brasileiros terem acesso à produção gigantesca que da banda em suas turnês. Era um espetáculo tão visual quanto sonoro – o que também era registrado no trabalho ao vivo anterior, “Delicate Sound of Thunder” (1988), mas acabou não ficando tão popular quanto “Pulse”.
Aliás, é fácil encontrar explicações para o enorme sucesso de “Pulse” no Brasil e no mundo. O trabalho se destaca muito em ambos os aspectos e vale a pena esmiuçar isso.
Pink Floyd: música e som
O repertório de “Pulse”, tanto do álbum quanto do home video, é muito bem escolhido. Há um apanhado interessante dos trabalhos mais conhecidos do Pink Floyd, com destaque para o clássico “The Dark Side of the Moon” (1973), que foi executado na íntegra.
Além disso, foram tocadas faixas do disco “The Wall” (1979) e até mesmo a fase inicial da banda, ainda com o vocalista Syd Barrett, foi lembrada com uma de suas músicas mais famosas: “Astronomy Domine”.
O trio oficial do Pink Floyd era formado por David Gilmour (vocais, guitarra), Nick Mason (bateria) e Richard Wright (teclados). O time de músicos de apoio era invejável, pois incluía nomes como Guy Pratt (baixo), Dick Parry (saxofone) e Gary Wallis (percussão). Os backing vocals ficaram por conta de Sam Brown, Durga McBroom e Claudia Fontaine.
Fora o aspecto musical, havia um diferencial no som. Extremamente preciso, o áudio foi tratado com tecnologia QSound, uma das precursoras do som 3D, o que colaborou ainda mais para a atmosfera da experiência.
A parte visual de “Pulse”
As capas do Pink Floyd sempre são importantes no contexto de suas obras. Em “Pulse”, não poderia ser diferente.
Na verdade, é possível que eles tenham elevado ainda mais o quesito visual com esse álbum ao vivo, já que o show em si conta com uma produção de altíssimo nível. Tudo gira em torno do telão circular que simula o olho na capa do trabalho – onde também há uma surpresa.
Em “Pulse”, o Pink Floyd contou novamente com o designer Storm Thorgerson, que criou uma arte memorável. A imagem mescla um olho humano com o movimento do planeta e a vida “pulsando”, em referência direta ao título.
A capa, por si só, já era linda e muito chamativa. Porém na versão em CD, o conceito de “pulsação” ganharia ainda mais destaque: as primeiras edições vinham com uma luz de LED ligada a uma pequena bateria ou pilhas, dependendo da versão.
A vida útil do dispositivo era de cerca de 6 meses, já que o LED ficava piscando – ou “pulsando” – continuamente quando ligado, até as baterias serem substituídas.
Em 2011, o baterista Nick Mason comentou sobre a embalagem inusitada em entrevista à revista Mojo:
“Essencialmente, é um dispositivo que pensamos que seria divertido. Foi uma ideia de Storm Thorgerson, que tem relação com ‘Dark Side’ e o pulso, e é um álbum ao vivo, então a caixa está ‘viva’. Depois disso, em termos de significados profundos e sérios, vão ter que lutar um pouco (para superar).”
Resultados
Um produto único como “Pulse” só poderia ter resultados únicos. Em todo o mundo, o lançamento foi um grande sucesso.
O trabalho ficou em primeiro lugar nos Estados Unidos, Reino Unido, Áustria, Austrália, Bélgica, Canadá, França, Países Baixos, Alemanha, Noruega, Nova Zelândia, Portugal e Suíça.
No Brasil, o material também teve um desempenho notável. De acordo com a Pró-Música Brasil, instituição que contabiliza o mercado fonográfico do país, a versão em DVD conquistou disco de diamante devido às mais de 125 mil cópias vendidas por aqui.
Os números conquistados em outros países também são impressionantes. O álbum vendeu mais de 2,5 milhões de cópias no mundo todo, enquanto o vídeo chegou a mais de 1,5 milhões de unidades globais. Marcas expressivas, especialmente pela filmagem.
Não dá para negar que em tempos atuais, em que o formato físico perdeu força de mercado e hoje é mais voltado para colecionadores, um lançamento como “Pulse” seria inviável. Entretanto, serve como uma bela amostra de como a arte de um disco pode transcender as músicas gravadas nele, formando um produto especial.
* Texto desenvolvido em parceria por André Luiz Fernandes e Igor Miranda. Pauta, edição geral e argumentação-base por Igor Miranda; redação geral, argumentação e apuração adicional por André Luiz Fernandes.
Pulse é o maior espetáculo da terra criado por uma banda de rock em local fechado. Seja pela inigualável e incrível qualidades das canções, dos músicos em acordes magníficos, efeitos visuais e palco estarrecedoramente inovador para a sua época. NADA SE IGUALA EM QUALIDADE DE TUDO !! NADA!!
Compartilho integralmente as referências.
É simplesmente inacreditável.
Gostaria de saber se a capa de Pulse tem relação com algum filme !