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Andi Deris detalha amizade com Michael Kiske após reunião do Helloween

Os dois cantores estão juntos na formação atual da banda, que também conta com Michael Weikath, Kai Hansen, Sascha Gerstner, Markus Grosskopf e Dani Löble

Em 2016, chegou ao fim, oficialmente, uma das grandes tretas do heavy metal. O vocalista Michael Kiske voltou ao Helloween, juntamente do guitarrista Kai Hansen, fazendo da banda um septeto: Andi Deris (voz), Michael Weikath e Sascha Gerstner (guitarras), Markus Grosskopf (baixo) e Dani Löble (bateria) completam a formação junto da dupla.

As voltas não rolaram apenas com intenções comerciais, como uma mera proposta de trabalho: as amizades foram retomadas e, agora, o clima na banda parece melhor do que nunca.

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Isso se reflete, especialmente, na relação entre Michael Kiske, que havia deixado a banda em 1993, e Andi Deris, que ocupou sua vaga a partir de 1994. Os dois não escondem que se tornaram, praticamente, melhores amigos – eles próprios têm se definido dessa forma.

Em entrevista exclusiva a IgorMiranda.com.br, Deris falou sobre essa química com Kiske, que se estende para fora dos palcos. O vocalista deu risadas, de início, quando soube que alguns fãs definem como “bromance” (um “romance entre irmãos”) a relação dele com o colega de banda. Depois, fez uma reflexão sobre o assunto.

“Definitivamente, é um romance espiritual (risos). É engraçado quando você conhece alguém apenas em teoria. Ele estava sempre aqui, vivo, porque ele era o ex-vocalista e eu tenho que cantar as músicas dele. As músicas dele sempre me davam trabalho, nunca tive uma vida fácil quando cantava as músicas dele, porque ele é muito bom. Ele sempre esteve comigo, embora eu não o conhecesse pessoalmente. Quer dizer, ok, nós tivemos um: ‘olá, como você está?’. Foi a única coisa que tivemos, lá na década de 1990. Não nos conhecíamos.”

Assista à entrevista em vídeo, na íntegra, abaixo. Outros trechos estão disponíveis em texto na sequência.

Andi Deris roubou o emprego de Michael Kiske?

Durante o bate-papo, Andi Deris destacou que Michael Kiske pode ter tido sentimentos negativos com relação a ele, no passado, devido a uma interpretação equivocada a respeito dos eventos internos do Helloween.

“Sei que sempre estive na cabeça do Michael assim: ‘ah, aquele cara que está cantando agora, ele roubou meu emprego bla-bla-bla’ – o que não é verdade, eu não roubei o emprego dele. Na verdade, só me pediram para entrar porque Michael já havia saído. Então, nunca foi como roubar o emprego, porque Weiki estava na verdade se despedindo dele, acho, quatro dias antes de ele me telefonar.”

Dono de uma ótima memória, Deris se recorda, especificamente, das palavras que ouviu de Michael Weikath no convite para se juntar à banda.

“Ele me disse: ‘agora você finalmente vai para Hamburgo, encontre-se conosco e entre para essa banda agora, senão eu acabo com essa banda’. Essas foram suas palavras. Eu falei: ‘uh, ok’. Como sempre, ele sentiu que havia algo de errado com o Pink Cream 69 (banda anterior de Andi). Tivemos muitos problemas exatamente ao mesmo tempo. Eu falei: ‘sabe de uma coisa… estou indo para Hamburgo, amanhã pego o trem e mostro minhas demos, aí eu decido’.”

Helloween sempre conectou os vocalistas

Involuntariamente, o trabalho de Michael Kiske no Helloween fazia com que Andi Deris sempre se lembrasse do colega de profissão. O contrário também ocorria, de acordo com Deris.

“Acho que Michael e eu sempre estivemos, de uma forma estranha, em paralelo em nossas vidas. Sempre. Em tudo que fizemos. Havia esse idiota do Andi… na mente do Michael, eu roubei o emprego dele. E havia esse Michael no fundo da minha mente que eu sempre me lembrava com cada tom ao cantar ‘I Want Out’, ‘Future World’, entre outras. Sempre foi complicado.”

O cantor deixou claro que nunca escondeu sua admiração por Kiske enquanto artista.

“Nunca fiz segredo sobre isso. Eu disse a todos na imprensa ao longo de todas as décadas: ‘esse é um dos melhores cantores que já ouvi no mundo e nunca tentarei copiá-lo’. Como você poderia alcançar um dos maiores cantores desse estilo? Só tenho a perder. Portanto, nunca tentei copiá-lo. E isso provavelmente salvou meu pescoço (risos).”

Andi, aliás, enxerga que nunca foi unanimidade entre os fãs de Helloween. Porém, ele precisava desempenhar seu trabalho da forma como sentia que seria correta – para isso, adaptou as músicas da “fase Kiske” para acomodar sua voz, mais grave e rasgada, com origem no hard rock.

“Apenas cantei do jeito que sentia, tipo… cantando como Andi. Para muitos, provavelmente foi decepcionante quando quiseram ouvir as músicas de Michael Kiske e tinha a voz de Andi sobre elas. É uma interpretação diferente, mas você tem que conviver com isso. Não queria copiá-lo. O cara era definitivamente melhor nesse jeito de cantar do que eu jamais serei.”

Curiosamente, Michael Kiske também sente que não consegue cantar bem as músicas da “fase Deris”. Como os dois cantores se completam, a reunião com ambos assumindo os vocais nos shows e em álbuns teria tudo para dar certo.

“Michael diz o mesmo para as pessoas agora. Ele diz que nunca gostaria de cantar as músicas de Andi, porque simplesmente não conseguiria. Ponto. É muito difícil, vem muito do estômago, muito rock and roll, esse não é o estilo de Michael. Provavelmente, essa é a razão pela qual, desde o início, percebemos que combinaríamos perfeitamente. Ele não precisa cantar a m*rda que ele não quer cantar. É o meu trabalho. E eu não tenho que cantar todas essas músicas do Michael Kiske que sempre me dão dor de cabeça. Combinação perfeita, na verdade.”

Quando começou a relação de irmãos

Depois de praticamente duas décadas, Michael Kiske e Andi Deris tiveram a oportunidade de se conhecerem. A volta de Kiske à banda fez com que o cantor fosse convidado por Deris para passar alguns dias em sua casa, em Tenerife, ilha espanhola do arquipélagio das Canárias.

“Lembro de quando estávamos em Tenerife, na ilha. Em dois ou três dias, estávamos como irmãos. Fiquei super feliz, animado em levá-lo para conhecer todos os meus cantinhos que eu gosto e a cada lugar que mostro para ele, percebo que ele se apaixona, o que significa que você tem um terreno totalmente em comum. Ele ama o que eu amo, eu amo o que ele ama, o que é ótimo.”

Por fim, Andi reconhece que ficar tantos anos sem a amizade de Michael foi como uma perda de tempo. Os dois tinham muito em comum, mas não puderam se conhecer de fato devido às circunstâncias.

“É um pouco triste, porque foram tantos anos perdidos quando você realmente poderia ter um amigo, mas por causa das circunstâncias, era meio impossível antes, porque ele é Michael Kiske, eu sou Andi Deris, a banda não o queria mais, e eu só conhecia as histórias de Michael Weikath e de Markus Grosskopf no começo – o que eu sei que é sempre apenas 50%.

Não tive a chance de ouvir os outros 50% de Michael Kiske para decidir por mim quem está certo ou errado, ou será que há certo ou errado? Ou eram apenas dois idiotas, ou três idiotas, que não se suportavam mais? Não sei. Presenciei a mesma m*rda no Pink Cream 69 e estava sempre pronto para falar: ‘olha, é sempre 50-50’. Eu nunca diria: ‘seu c*zão’, porque provavelmente cometi alguns erros e é sempre 50-50.”

Assista à entrevista exclusiva de Andi Deris:

** Foto da matéria: Gustavo Maiato

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Igor Miranda
Igor Miranda
Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), com pós-graduação em Jornalismo Digital. Escreve sobre música desde 2007. Além de editar este site, é colaborador da Rolling Stone Brasil. Trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, revista Guitarload, jornal Correio de Uberlândia, entre outros. Instagram, Twitter e Facebook: @igormirandasite.

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Em 2016, chegou ao fim, oficialmente, uma das grandes tretas do heavy metal. O vocalista Michael Kiske voltou ao Helloween, juntamente do guitarrista Kai Hansen, fazendo da banda um septeto: Andi Deris (voz), Michael Weikath e Sascha Gerstner (guitarras), Markus Grosskopf (baixo) e Dani Löble (bateria) completam a formação junto da dupla.

As voltas não rolaram apenas com intenções comerciais, como uma mera proposta de trabalho: as amizades foram retomadas e, agora, o clima na banda parece melhor do que nunca.

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Em entrevista exclusiva a IgorMiranda.com.br, Deris falou sobre essa química com Kiske, que se estende para fora dos palcos. O vocalista deu risadas, de início, quando soube que alguns fãs definem como “bromance” (um “romance entre irmãos”) a relação dele com o colega de banda. Depois, fez uma reflexão sobre o assunto.

“Definitivamente, é um romance espiritual (risos). É engraçado quando você conhece alguém apenas em teoria. Ele estava sempre aqui, vivo, porque ele era o ex-vocalista e eu tenho que cantar as músicas dele. As músicas dele sempre me davam trabalho, nunca tive uma vida fácil quando cantava as músicas dele, porque ele é muito bom. Ele sempre esteve comigo, embora eu não o conhecesse pessoalmente. Quer dizer, ok, nós tivemos um: ‘olá, como você está?’. Foi a única coisa que tivemos, lá na década de 1990. Não nos conhecíamos.”

Assista à entrevista em vídeo, na íntegra, abaixo. Outros trechos estão disponíveis em texto na sequência.

Andi Deris roubou o emprego de Michael Kiske?

Durante o bate-papo, Andi Deris destacou que Michael Kiske pode ter tido sentimentos negativos com relação a ele, no passado, devido a uma interpretação equivocada a respeito dos eventos internos do Helloween.

“Sei que sempre estive na cabeça do Michael assim: ‘ah, aquele cara que está cantando agora, ele roubou meu emprego bla-bla-bla’ – o que não é verdade, eu não roubei o emprego dele. Na verdade, só me pediram para entrar porque Michael já havia saído. Então, nunca foi como roubar o emprego, porque Weiki estava na verdade se despedindo dele, acho, quatro dias antes de ele me telefonar.”

Dono de uma ótima memória, Deris se recorda, especificamente, das palavras que ouviu de Michael Weikath no convite para se juntar à banda.

“Ele me disse: ‘agora você finalmente vai para Hamburgo, encontre-se conosco e entre para essa banda agora, senão eu acabo com essa banda’. Essas foram suas palavras. Eu falei: ‘uh, ok’. Como sempre, ele sentiu que havia algo de errado com o Pink Cream 69 (banda anterior de Andi). Tivemos muitos problemas exatamente ao mesmo tempo. Eu falei: ‘sabe de uma coisa… estou indo para Hamburgo, amanhã pego o trem e mostro minhas demos, aí eu decido’.”

Helloween sempre conectou os vocalistas

Involuntariamente, o trabalho de Michael Kiske no Helloween fazia com que Andi Deris sempre se lembrasse do colega de profissão. O contrário também ocorria, de acordo com Deris.

“Acho que Michael e eu sempre estivemos, de uma forma estranha, em paralelo em nossas vidas. Sempre. Em tudo que fizemos. Havia esse idiota do Andi… na mente do Michael, eu roubei o emprego dele. E havia esse Michael no fundo da minha mente que eu sempre me lembrava com cada tom ao cantar ‘I Want Out’, ‘Future World’, entre outras. Sempre foi complicado.”

O cantor deixou claro que nunca escondeu sua admiração por Kiske enquanto artista.

“Nunca fiz segredo sobre isso. Eu disse a todos na imprensa ao longo de todas as décadas: ‘esse é um dos melhores cantores que já ouvi no mundo e nunca tentarei copiá-lo’. Como você poderia alcançar um dos maiores cantores desse estilo? Só tenho a perder. Portanto, nunca tentei copiá-lo. E isso provavelmente salvou meu pescoço (risos).”

Andi, aliás, enxerga que nunca foi unanimidade entre os fãs de Helloween. Porém, ele precisava desempenhar seu trabalho da forma como sentia que seria correta – para isso, adaptou as músicas da “fase Kiske” para acomodar sua voz, mais grave e rasgada, com origem no hard rock.

“Apenas cantei do jeito que sentia, tipo… cantando como Andi. Para muitos, provavelmente foi decepcionante quando quiseram ouvir as músicas de Michael Kiske e tinha a voz de Andi sobre elas. É uma interpretação diferente, mas você tem que conviver com isso. Não queria copiá-lo. O cara era definitivamente melhor nesse jeito de cantar do que eu jamais serei.”

Curiosamente, Michael Kiske também sente que não consegue cantar bem as músicas da “fase Deris”. Como os dois cantores se completam, a reunião com ambos assumindo os vocais nos shows e em álbuns teria tudo para dar certo.

“Michael diz o mesmo para as pessoas agora. Ele diz que nunca gostaria de cantar as músicas de Andi, porque simplesmente não conseguiria. Ponto. É muito difícil, vem muito do estômago, muito rock and roll, esse não é o estilo de Michael. Provavelmente, essa é a razão pela qual, desde o início, percebemos que combinaríamos perfeitamente. Ele não precisa cantar a m*rda que ele não quer cantar. É o meu trabalho. E eu não tenho que cantar todas essas músicas do Michael Kiske que sempre me dão dor de cabeça. Combinação perfeita, na verdade.”

Quando começou a relação de irmãos

Depois de praticamente duas décadas, Michael Kiske e Andi Deris tiveram a oportunidade de se conhecerem. A volta de Kiske à banda fez com que o cantor fosse convidado por Deris para passar alguns dias em sua casa, em Tenerife, ilha espanhola do arquipélagio das Canárias.

“Lembro de quando estávamos em Tenerife, na ilha. Em dois ou três dias, estávamos como irmãos. Fiquei super feliz, animado em levá-lo para conhecer todos os meus cantinhos que eu gosto e a cada lugar que mostro para ele, percebo que ele se apaixona, o que significa que você tem um terreno totalmente em comum. Ele ama o que eu amo, eu amo o que ele ama, o que é ótimo.”

Por fim, Andi reconhece que ficar tantos anos sem a amizade de Michael foi como uma perda de tempo. Os dois tinham muito em comum, mas não puderam se conhecer de fato devido às circunstâncias.

“É um pouco triste, porque foram tantos anos perdidos quando você realmente poderia ter um amigo, mas por causa das circunstâncias, era meio impossível antes, porque ele é Michael Kiske, eu sou Andi Deris, a banda não o queria mais, e eu só conhecia as histórias de Michael Weikath e de Markus Grosskopf no começo – o que eu sei que é sempre apenas 50%.

Não tive a chance de ouvir os outros 50% de Michael Kiske para decidir por mim quem está certo ou errado, ou será que há certo ou errado? Ou eram apenas dois idiotas, ou três idiotas, que não se suportavam mais? Não sei. Presenciei a mesma m*rda no Pink Cream 69 e estava sempre pronto para falar: ‘olha, é sempre 50-50’. Eu nunca diria: ‘seu c*zão’, porque provavelmente cometi alguns erros e é sempre 50-50.”

Assista à entrevista exclusiva de Andi Deris:

** Foto da matéria: Gustavo Maiato

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Igor Miranda
Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), com pós-graduação em Jornalismo Digital. Escreve sobre música desde 2007. Além de editar este site, é colaborador da Rolling Stone Brasil. Trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, revista Guitarload, jornal Correio de Uberlândia, entre outros. Instagram, Twitter e Facebook: @igormirandasite.

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