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Helloween, a banda que não soube ser grande

O Helloween é um caso atípico dentro do cenário metálico. É, provavelmente, a única banda que teve a oportunidade de alçar voos maiores e estabelecer um novo jeito de tocar metal em uma grande vitrine, e desperdiçou. Jogou fora. Isso aconteceu logo depois que “Keeper of the Seven Keys, Pt. 2” foi um sucesso e o grupo foi contratado pela gravadora EMI, entre o fim da década de 1980 e o início dos anos 1990, quando o momento comercial ainda era propício para o estilo.
Há duas justificativas que frearam o crescimento do Helloween, que não se tornou tão grande quanto poderia. A primeira foi o destempero de seus integrantes. Michael Kiske e Michael Weikath não se davam. Uma das forças criativas da banda, Kai Hansen saiu logo em 1988, alegando, entre outros motivos, problemas de convivência com os músicos e com os empresários.
A segunda foi a péssima condução artística de sua carreira. “Pink Bubbles Go Ape” é um dos meus discos favoritos, mas foge muito daquilo que a banda estava propondo nos dois “Keepers” – e, assim, dificilmente agradaria. Em entrevistas, o próprio Kai Hansen disse que a proposta de Michael Kiske e Michael Weikath, para a sequência, era a de abrir mão de um estilo musical específico para experimentar mais. Algo semelhante que os Beatles fizeram no auge de sua criatividade.
O problema é que Kiske e Weikath, lideranças nas composições após a saída de Hansen, não eram John Lennon e Paul McCartney. Não souberam conduzir uma proposta ambiciosa com a genialidade necessária. Por isso, “Pink Bubbles Go Ape” e especialmente “Chamaleon” (um álbum fraco para o nível do Helloween) se tornaram dois fiascos. A base de fãs antiga não aprovou e não houve conquista massiva de novos admiradores com a ideia. Curiosamente, tratam-se dos álbuns com maior investimento, visto que ambos são os únicos que o grupo lançou pela EMI.
Em entrevistas, Markus Grosskopf condena Michael Kiske por tudo isso. Segundo o baixista, a intenção do vocalista era propor ainda mais mudanças. Provavelmente, fazer algo como o que foi feito em “Instant Clarity”, primeiro disco solo de Kiske – que tem algumas pérolas, mas não tem identidade em geral. Mas, se “Pink Bubbles Go Ape” foi praticamente composto por Kiske, os créditos autorais de “Chameleon” são bem distribuídos: quatro músicos do cantor, quatro de Michael Weikath e quatro de Roland Grapow. Ou seja, não há só um culpado.
As propostas musicais quase insanas fizeram o Helloween perder o momento ideal para a ascensão. Depois, Andi Deris chegou tarde demais para salvar os caras. Viraram peça fundamental no underground e “só”
Os alemães são muito influentes. Colocaram as regras do power metal à mesa para que centenas de bandas copiassem e se consagrassem, especialmente em mercados não-americanos. Inegavelmente, porém, não se firmou enquanto grande.

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Igor Miranda
Igor Miranda
Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), com pós-graduação em Jornalismo Digital. Escreve sobre música desde 2007. Além de editar este site, é colaborador da Rolling Stone Brasil. Trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, revista Guitarload, jornal Correio de Uberlândia, entre outros. Instagram, Twitter e Facebook: @igormirandasite.

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