As inovações de “Pet Sounds”, o álbum lendário dos Beach Boys

Figurinha carimbada em listas de discos mais importantes da história, 11º trabalho do grupo britânico apresentou um novo panorama para a música em geral

Em listas que reúnem os álbuns mais importantes da história da música, “Pet Sounds”, dos Beach Boys, é uma das presenças garantidas. Lançado em 1966, o 11º trabalho de estúdio do grupo pode ser definido em apenas uma palavra: inovador, não só para a banda, como para o rock em geral.

“Pet Sounds” foi gravado em uma série de sessões entre os anos de 1965 e 1966. O projeto todo foi comandado por Brian Wilson, líder criativo dos Beach Boys e grande responsável por algumas das loucuras presentes no álbum.

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Em entrevistas, Wilson explica que “Pet Sounds” é um disco conceitual, mas não pelas letras ou temáticas em comum de suas músicas e, sim, por sua produção. Ele conta:

“Se você pega o álbum ‘Pet Sounds’ como uma coleção de peças de arte, cada uma designada de forma individual, mas que pertencem a um conjunto, você perceberá para onde eu estava mirando. Não era realmente um álbum conceitual de canções ou um álbum liricamente conceitual: era, de fato, um álbum conceitual de produção.”

Beach Boys, “Pet Sounds” e a “parede de som” reinventada

Mesmo com a notória evolução nas letras e na sonoridade, é realmente na produção de Brian Wilson que “Pet Sounds” encontra seu valor. A inspiração nas técnicas de gravação veio do método “Wall of Sound“, criado pelo produtor Phil Spector.

O estilo fazia uso de reverberações para criar um grande “volume” sonoro, muitas vezes com o uso de guitarras, baixo e até percussões “dobrados”. Encantado com essa técnica, Brian Wilson mostrou que produzir um disco também pode ser um processo artístico.

Além disso, instrumentos considerados exóticos para a época foram usados exaustivamente nas gravações do álbum. Foram usados desde acordeons, ukuleles, teremins, bongôs e trombones – todos bem incomuns em registros anteriores da banda – até garrafas de Coca-Cola, buzinas de bicicleta e latidos de cães. Tudo o que pudesse acrescentar volume, seguindo a escola de Spector, mas com conteúdo, era considerado.

Vale destacar, ainda, que Brian trabalhou em “Pet Sounds” enquanto seus colegas de banda estavam em turnê. Para isso, ele convocou músicos de estúdio que trabalhavam justamente com Phil Spector, compondo a famigerada Wrecking Crew. Guiados por Wilson, os profissionais criaram um registro que trazia o pop e o rock como fios condutores, mas que percorriam ramificações do jazz à world music.

Reconhecido até os dias de hoje, o trabalho é apontado como ponto de partida para mais de um gênero musical, ou ao menos uma grande influência para vários deles. Entre os estilos mencionados, estão vertentes do porte de pop progressivo e art rock, entre outros, além de ter oferecido um verdadeiro desenvolvimento ao pop psicodélico.

Rótulos à parte, “Pet Sounds” é um dos álbuns mais importantes da história da música. Representou um avanço na carreira dos Beach Boys e da música como um todo – sendo, inclusive, a grande influência para “Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band” (1967), disco dos Beatles que também entraria para a história.

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André Luiz Fernandes
André Luiz Fernandes
André Luiz Fernandes é jornalista formado pela Universidade Metodista de São Paulo (UMESP). Interessado em música desde a infância, teve um blog sobre discos de hard rock/metal antes da graduação e é considerado o melhor baixista do prédio onde mora. Tem passagens por Ei Nerd e Estadão.

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