A jovem Arielle é um dos grandes nomes atuais da guitarra e com seu novo álbum, “Analog Girl in a Digital World”, ela mostra que a fama é válida.
“Descoberta” pelo guitarrista Nuno Bettencourt, do Extreme, a artista americana chamou atenção de diversos nomes consagrados do rock, incluindo o guitarrista do Queen, Brian May, com quem firmou recentemente uma parceria para o lançamento de um modelo de guitarra signature.
“Analog Girl in a Digital World”, terceiro álbum de sua trajetória solo, segue a linha do classic rock, com referências do blues e de sons das décadas de 1960 e 1970, ainda que com uma veia particular, sem limitar-se a replicar influências. Há um tempero pop nos vocais que soa bem-vindo, como contraponto a um instrumental retrô tão bem tocado. O título da obra também indica a forma como o trabalho foi gravado: dividindo-se entre modos analógicos e digitais, como as coisas eram feitas há um bom tempo.
Ouça “Analog Girl in a Digital World” via Spotify:
Com esse nome para o álbum, não é por acaso suas músicas lidam com esse paradoxo de uma artista tão jovem, nascida em 1990, explorando uma sonoridade antiga no mundo atual. O resultado é satisfatório: apesar de curtinho (menos de 30 minutos), “Analog Girl in a Digital World” é conciso e aposta em um repertório cativante, que desce redondo logo na primeira audição.
A vinheta “Dialup”, que indica uma conexão telefônica, abre o álbum e prepara o ouvinte para “Digital World”, música que demora a engrenar, mas até convence. O álbum começa a pegar de vez em “Peace of Mind”, típica faixa soft rock que parece ter saído diretamente dos anos 1970.
A partir daí, há vários acertos. “This is Our Intervention” surpreende com suas mudanças de ritmo, enquanto “Still a Man” puxa o ouvinte pelos cabelos com seus riffs ardidamente bluesy. “Inside & Outside” pisa um pouco no freio, mas é uma boa balada, com veia upbeat e influência southern.
Os momentos finais do disco reservam alguns momentos curiosos. A divertida “I’d Rather Be in England”, por exemplo, brinca com clichês da música britânica. “Living in a Fortress”, de letra pessoal, soa como uma balada country rock radiofônica sem abrir mão da qualidade. “Reimagine Redefine”, que conclui a tracklist, tem sua primeira metade bem experimental, quase como uma vinheta, e evolui para uma boa canção em sua etapa final, com um ótimo solo de guitarra.
A guitarra lançada pela Brian May Guitars
Um dos segredos e também marca registrada da sonoridade de Arielle é o uso de suas guitarras próprias. O primeiro modelo chama-se Two-Tone e foi desenhado e construído por ela em parceria com o amigo Patrick Yates.
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A história da guitarra chamou a atenção de outro músico famoso por ter criado seu próprio instrumento e ter feito sucesso com ele: o já mencionado Brian May. Em março deste ano, a Brian May Guitars lançou um modelo signature inspirado na Two-Tone que leva o nome de The BMG Arielle.
Em uma ação para promover a preservação ambiental, Arielle prometeu plantar uma árvore para cada uma das primeiras 24 unidades vendidas do instrumento.
O próprio guitarrista do Queen comentou sobre sua admiração por Arielle, enfatizando que esse é o primeiro modelo da Brian May Guitars a não ter relação com a Red Special, modelo criado por ele.
“Arielle é uma musicista incrível. Ela é uma guitarrista verdadeiramente fenomenal, com uma habilidade para produzir as entonações mais belas, assim como o domínio da técnica. É claro, isso está nos dedos, mas eu estava ansioso para descobrir como ela modelava seu próprio instrumento para alcançar seu som. Nós colaboramos em fazer da ‘The BMG Arielle’ uma nova missão para os guitarristas em todo lugar – abrir uma nova porta para a excelência!”
“Analog Girl in a Digital World” está representado em minha playlist de lançamentos, atualizada semanalmente. Siga e dê o play:
Arielle – “Analog Girl in a Digital World”
- Dialup
- Digital World
- Peace of Mind
- This Is Our Intervention
- You’re Still A Man
- Inside & Outside
- I’d Rather Be In England
- Living In A Fortress
- Reimagine Redefine
Arielle – vocais, backing vocals, guitarra elétrica e acústica, sintetizadores, harmonium
Justin Weaver – guitarra elétrica, violão
Kate Haldrup – bateria
Michael Davila – bateria
Bill Levsey – teclados, piano, sintetizadores, órgãos, rhodes, harmonium
AJ Vincent – Hammond, piano, sintetizadores
Nick Byrd – baixo
Devin North – baixo
Guthrie Brown – backing vocals
* Texto desenvolvido em parceria por Igor Miranda e André Luiz Fernandes. Pauta, edição geral e conteúdo opinativo (resenha) por Igor Miranda; redação geral e apuração aprofundada do conteúdo informativo por André Luiz Fernandes.