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Bob Kulick: 5 discos para conhecer o trabalho do guitarrista, que nos deixou

Bob Kulick, um dos guitarristas mais produtivos do hard rock, nos deixou. O músico faleceu aos 70 anos, conforme publicado pelo irmão dele, Bruce Kulick, nas redes sociais. A causa não foi informada.

Tanto Bob quanto Bruce tiveram longas relações com o Kiss, só que de formas diferentes. Bruce foi um integrante oficial, entre os anos de 1984 e 1995. Bob não chegou a esse ponto (apesar de ter tentado entrar ainda em 1972, perdendo a vaga em uma audição para Ace Frehley), mas fez uma série de gravações com a banda entre o fim da década de 1970 e início dos anos 1980, período mais tumultuado do grupo, com mudanças constantes na formação.

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Bob Kulick também teve uma longa trajetória musical ao lado de Meat Loaf, participando de álbuns e turnês do cantor, e atuou como músico de estúdio do W.A.S.P. em dois discos. Trabalhou, ainda, com nomes do porte de Lou Reed, Michael Bolton, Diana Ross e Doro, além de ter montado grupos próprios, como o Blackthorne, Balance e Skull.

Nos últimos anos, o músico estava mais dedicado à atuação como produtor. Trabalhou em diversos tributos a bandas como Aerosmith, Queen, Shania Twain e Iron Maiden, entre outros – sempre no formato “all-star”, onde convidava uma série de artistas famosos para participar. Porém, chegou a lançar um álbum solo em 2017, intitulado ‘Skeletons in the Closet’.

Teve colaborações esporádicas com Ronnie James Dio e Lemmy Kilmister – com este último, gravou a música ‘The Game’, usada em torneios de wrestling da WWE. Chegou até a tocar e produzir uma canção intitulada ‘Sweet Victory’ para um episódio do desenho animado ‘Bob Esponja Calça Quadrada’ em 2001. O currículo é extenso que deixei de citar muitos outros trabalhos.

A lista a seguir busca apontar cinco dos vários álbuns com envolvimento de Bob Kulick ao longo dos anos. Serve como uma boa porta de entrada para a obra desse guitarrista, que nunca foi devidamente reconhecido.

Kiss – ‘Paul Stanley’ (1978)

Bob Kulick nunca chegou a gravar um álbum na íntegra com o Kiss, enquanto banda propriamente dito. Ele participou das faixas inéditas do ao vivo ‘Alive II’ (1977) e da coletânea ‘Killers’ (1982), além de gravar o solo de ‘Naked City’ em ‘Unmasked’ (1980). Ele também trabalhou em ‘Creatures of the Night’ (1982), mas o material com ele não entrou na versão final.

Porém, Bob teve um trabalho de destaque no álbum solo de Paul Stanley, lançado em 1978. O registro é creditado ao Kiss porque os discos solo foram uma iniciativa da banda: os quatro integrantes divulgaram seus materiais na mesma data, em um ato conjunto e com capas/artes no mesmo estilo.

Entre os quatro músicos, Stanley foi o que entregou um álbum mais próximo do que era feito pelo Kiss. Foi o primeiro indídco de que o Starchild era, de fato, a grande mente artística por trás da banda. Convocar Bob Kulick para gravar as guitarras só reforçou isso, já que Bob quase foi um integrante do grupo e sabia como as coisas funcionavam nos bastidores.

O restante da formação foi completa por uma série de músicos de estúdio, com destaque ao baterista Carmine Appice em ‘Take Me Away (Together As One)’. Paul e Bob foram os únicos a tocar em todas as faixas e capricharam no hard rock de pegada melódica apresentado em faixas como ‘Tonight You Belong To Me’, ‘Goodbye’ e ‘Wouldn’t You Like to Know Me’.

A parceria rendeu a ponto de Bob Kulick ter sido convidado para integrar a banda solo de Paul Stanley em uma curta turnê em 1989. Pena que não evoluiu para um novo disco, mas deu para sentir como seria se Kulick tivesse entrado para o Kiss na década de 1970.

Meat Loaf – ‘Bad Attitude’ (1984)

Após não conseguir entrar para o Kiss nos anos 1970, Bob Kulick seguiu a vida e trabalhou com uma série de artistas em estúdio, como Lou Reed. Algum tempo depois, teve início sua longa relação profissional com Meat Loaf, com quem esteve, especialmente, em turnês.

Já em estúdio, Bob Kulick gravou o álbum ‘Bad Attitude’, quarto da discografia de Meat Loaf. O disco é lembrado pela faixa-título, um dueto com Roger Daltrey (The Who), e pelo single ‘Modern Girl’, o único a ter algum destaque no mercado naquele período.

Eram tempos bicudos para Meat Loaf, que passava por uma série de problemas financeiros e não conseguia repetir o sucesso do lendário ‘Bat Out Of Hell’ (1977). ‘Bad Attitude’ conquistou disco de ouro no Reino Unido e ficou por isso mesmo. O sucessor ‘Blind Before I Stop’ (1986) teve vendas ainda piores e apenas na década posterior, com ‘Bat Out of Hell II: Back into Hell’ (1993), Loaf voltaria a fazer sucesso.

Apesar disso, mesmo os trabalhos de menor sucesso do cantor devem ser exaltados. ‘Bad Attitude’ é um deles. Soa envolvente ao apostar em uma estética que mescla os contornos épicos que consagraram Meat Loaf com a pegada hard/pop oitentista, em voga naquele momento.

W.A.S.P. – ‘The Crimson Idol’ (1992)

O W.A.S.P. meio que acabou em 1989, após a saída do guitarrista Chris Holmes. O frontman Blackie Lawless projetou uma carreira solo, mas acabou retomando o nome da banda para lançar ‘The Crimson Idol’, quinto disco de estúdio.

Conceitual, o registro conta a história de um adolescente de passado conturbado que se torna um rockstar. Seria uma autobiografia velada de Blackie Lawless?

Fato é que Bob Kulick foi contratado para gravar o álbum em estúdio e ofereceu uma performance que Chris Holmes jamais conseguiria. Melódico, técnico e preciso, Bob deu a complexidade que as canções pediam, seja em momentos mais “exibicionistas” como o incrível solo de ‘The Idol’ ou em registros realmente elaborados como a pesada ‘Chainsaw Charlie (Murders In The New Morgue)’.

Bob voltou a trabalhar com o W.A.S.P. no álbum seguinte, ‘Still Not Black Enough’ (1995), que aproveita um pouco da complexidade de ‘The Crimson Idol’ com um peso extra. São dois bons trabalhos, que se tornaram “clássicos cult” da discografia da banda.

Blackthorne – ‘Afterlife’ (1993)

Os anos 90 não eram o melhor período para se montar uma banda de hard rock e/ou heavy metal. Mesmo assim, o vocalista Graham Bonnet resolveu arriscar algum tempo após o fim do Alcatrazz ao criar o Blackthorne.

O grupo trazia uma formação de peso: Bonnet nos vocais, Bob Kulick na guitarra, Jimmy Waldo (também ex-Alcatrazz) nos teclados e dois ex-Quiet Riot, Chuck Wright e Frankie Banali, no baixo e bateria, respectivamente. Kulick e Banali, inclusive, já haviam trabalhado juntos em ‘The Crimson Idol’.

‘Afterlife’ é, talvez, um dos álbuns que traz Bob Kulick mais solto. Aqui, ele realmente era um integrante da banda, não um contratado para tocar em estúdio. A guitarra ocupa a linha de frente em uma estética sonora mais pesada, que mescla hard e heavy com os contornos que os anos 1990 pediam.

Infelizmente, o Blackthorne não conquistou o sucesso almejado e logo se dissolveu. Em 2016, um álbum intitulado ‘Don’t Kill The Thrill’, com faixas inéditas que formariam o segundo disco da banda, foi divulgado.

Bob Kulick – ‘Skeletons in the Closet’ (2017)

Após os trabalhos com Skull, W.A.S.P. e Blackthorne no início dos anos 1990, Bob Kulick assumiu carreira como produtor musical. Trabalhou com diversos artistas e, exceto em alguns casos, acabou deixando de gravar guitarras para outros artistas.

Todavia, em 2017, ele resolveu gravar um álbum solo e surpreendeu quando ninguém esperava mais dele. ‘Skeletons in the Closet’ reúne composições atuais e antigas, incluindo de projetos como Murderer’s Row e Skull.

Chama atenção o time de peso que Bob reuniu para as gravações. Entre alguns nomes, estão Dee Snider (Twisted Sister), Eric Singer (Kiss), Brent Fitz e Todd Kerns (ambos Slash), Robin McAuley (MSG), Andrew Freeman (Last in Line), Rudy Sarzo e Chuck Wright (ambos Quiet Riot), Jimmy Waldo (Alcatrazz), o próprio irmão Bruce Kulick, entre vários outros. A lista é realmente grande.

Especialmente nas cinco primeiras faixas, que são inéditas e contemporâneas, Bob Kulick apresenta um material pesado, que volta a mesclar heavy metal com hard rock, só que com um frescor atual. A segunda metade também é boa, ainda que flerte com outros conceitos.

Infelizmente, é o único trabalho da lista que não está em plataformas de streaming comuns, como Spotify e Apple Music, mas dá para ouvir ‘Skeletons in the Closet’ pelo Soundcloud.

Outros trabalhos recomendados:

  • Kiss – faixas inéditas de ‘Alive II (1977) e ‘Killers’ (1982);
  • W.A.S.P. – ‘Still Not Black Enough’ (1995);
  • Michael Bolton – ‘Michael Bolton’ (1983);
  • Doro – ‘Calling the Wild’ (2000);
  • Lou Reed – ‘Coney Island Baby’ (1975);
  • Skull – ‘No Bones About It’ (1991);
  • Balance – ‘Balance’ (1981)
  • Tributo aos Beatles ‘Butchering the Beatles: A Headbashing Tribute’ (2006 – como produtor e arranjador).
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Igor Miranda
Igor Miranda
Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), com pós-graduação em Jornalismo Digital. Escreve sobre música desde 2007. Além de editar este site, é colaborador da Rolling Stone Brasil. Trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, revista Guitarload, jornal Correio de Uberlândia, entre outros. Instagram, Twitter e Facebook: @igormirandasite.

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