O Alter Bridge lançou o sexto álbum de estúdio de sua carreira nesta sexta-feira (18). O trabalho, intitulado ‘Walk Tke Sky’, chega por meio da Napalm Records.
O disco também será lançado no Brasil, em edição nacional, pela Hellion Records. Vale destacar que o país também deve receber shows do grupo em 2020.
– Veja: 135 álbuns de rock e metal que serão lançados em outubro de 2019
Em entrevista à ‘Kerrang!’, o guitarrista Mark Tremonti destacou que a sonoridade do álbum ‘Walk The Sky’ é “como um filme de John Carpenter”, cineasta famoso no mundo do terror, “em uma veia mais synthwave old-school”. “Alguém pode ouvir o disco e não ter ideia da intenção, mas em um monte de músicas, toquei uns loops antigos que eu criei – ou encontrei na internet – e trabalhei em cima deles como fundo, para me inspirar a uma direção diferente”, disse.
Ainda durante a conversa, Mark Tremonti disse que o novo álbum não se afastará do que o Alter Bridge tem feito, mas as pessoas que ouviram as gravações feitas até agora afirmaram que soa diferente de todo o resto da discografia. “Myles (Kennedy, vocalista) disse que é como a resposta ao ‘AB III’ (2010). Liricamente, é muito obscuro. ‘AB III’ é sobre perder a fé, Myles estava em um momento obscuro na época e fez a maior parte das letras. Esse novo é como a luz encontrada, mais zen. Não é pregação, é algo mais de espírito livre”, comentou.
Ouça ‘Walk The Sky’ a seguir, via Spotify ou YouTube:
Walk The Sky, a versão mais feliz do Alter Bridge?
As recentes declarações de Mark Tremonti à ‘Kerrang!’ sobre ‘Walk The Sky’ foram precisas, especialmente pela comparação com ‘AB III’, terceiro álbum do Alter Bridge – tanto nas semelhanças quanto nas diferenças. Há algo de diferente neste novo álbum que pode dividir opiniões, mas, ao mesmo tempo, mostra que a banda se influencia muito por fatos de seu cotidiano para compor.
Os primeiros trabalhos do Alter Bridge são, sem dúvida, obscuros. Até ‘AB III’, a banda apostava em letras e, especialmente, melodias mais “dark”. A situação começou a mudar de forma discreta em ‘Fortress’ (2013) e ganhou contornos mais claros em ‘The Last Hero’ (2016), onde a banda chegou a flertar com ramificações mais tradicionais do hard rock e, por vezes, deixou de lado a veia “alternativa” de seu repertório inicial.
– Leia também: Como foi o fim do Creed e o início do Alter Bridge
‘Walk The Sky’ apenas dá sequência a essa mudança. Myles Kennedy e Mark Tremonti, lideranças criativas do Alter Bridge, parecem estar mais satisfeitos com os rumos de suas carreiras. Cada um deles conseguiu ter tempo para trabalhar em projetos solo, além de Kennedy ser cada vez mais reconhecido pela sua parceria com Slash. As comparações com o Creed, que já eram bizarras logo no começo, deixaram de existir.
Como os demônios foram exorcizados, o Alter Bridge passou a apresentar uma proposta mais positiva, que pode se encaixar com a vida atual de seus integrantes. Por isso, conforme Mark Tremonti destacou, ‘Walk The Sky’ explora temáticas mais “zen” nas letras.
A grande mudança, porém, está nas harmonias. As construções em escala maior, que deixam a melodia mais “feliz”, se tornaram mais frequentes – não só nos refrães, como já era de costume, mas, também, nos versos.
Já dava para perceber esse direcionamento em alguns singles (aliás, a banda errou a mão ao divulgar tantas músicas antes do lançamento, mas pode ter sido estratégico), como ‘In The Deep’ e até ‘Take The Crown’. Outras canções, como a boa ‘Godspeed’ e a dispensável ‘Tear Us Apart’, usam esses elementos de forma mais escancarada.
O “velho” Alter Bridge, com aquela ponta de angústia mais evidente, aparece em canções como ‘Wouldn’t You Rather’, ‘Native Son’, ‘Walking On The Sky’ e ‘Dying Light’. Curiosamente, são alguns dos melhores momentos do álbum, junto a ‘Pay No Mind’ – esta, um dos destaques justamente por aliar o melhor desses “dois mundos”.
Sobrou, ainda, algum espaço para experimentos, como as mais arrastadas ‘Indoctrination’ e ‘Clear Horizon’, fora a ótima ‘Forever Falling’, que tem vocais principais de Tremonti.
Um ponto bastante positivo em ‘Walk The Sky’ é que o entrosamento do Alter Bridge, cuja parte instrumental já toca junto desde os tempos do Creed, está cada vez maior. O trabalho da cozinha, formada por Brian Marshall no baixo e Scott Phillips na bateria, merece ser mencionado com destaque. Os dois trabalhos muito bem juntos e dão peso raro às composições.
Contudo, ‘Walk The Sky’ repete o mesmo problema da maior parte de seus antecessores: é cansativo ouvi-lo em uma tacada só. Com tantas músicas mais “alegres”, de recursos mais radiofônicos, essa sensação fica mais acentuada.
Não há nenhuma música ruim por aqui, mas como o Alter Bridge costuma seguir uma fórmula do início ao fim de seus discos e costuma recorrer a tracklists e durações mais longas, as últimas faixas ficam desfavorecidas. O maior exemplo disso é ‘Dying Light’, uma boa música que funciona de forma isolada, só que não causa tanto impacto no encerramento. Dosar os vocais agudos de Myles Kennedy também segue como um desafio.
No geral, ‘Walk The Sky’ não chega a se posicionar entre os melhores trabalhos do Alter Bridge – que, para mim, seguem sendo os três primeiros. Porém, indica um caminho que pode se tornar um pouco mais experimental e diverso para uma banda de muita qualidade, mas que ainda não conseguiu fazer um disco “100%”, por assim dizer.
Veja, a seguir, a capa e a tracklist de ‘Walk The Sky’:
01. One Life
02. Wouldn’t You Rather
03. In The Deep
04. Godspeed
05. Native Son
06. Take The Crown
07. Indoctrination
08. The Bitter End
09. Pay No Mind
10. Forever Falling
11. Clear Horizon
12. Walking On The Sky
13. Tear Us Apart
14. Dying Light
‘Walk The Sky’ está representado na playlist de lançamentos do site, atualizada semanalmente. Confira::