O cantor e músico Bruce Springsteen divulgou, nesta sexta-feira (14), um novo álbum de estúdio. O registro é intitulado ‘Western Stars’ e está disponível nas plataformas digitais.
Ouça ‘Western Stars’ a seguir, via Spotify:
‘Western Stars’ é o primeiro trabalho autoral de estúdio feito por Bruce Springsteen em cinco anos. O último, ‘High Hopes’, foi lançado em 2014 e, apesar da participação do guitarrista Tom Morello como diferencial, tem sua lista de faixas composta por covers e composições antigas reimaginadas.
Além disso, trata-se do primeiro disco solo de Springsteen, sem a sua tradicional E Street Band, desde ‘Devils & Dust’, de 2005. O músico confirmou que vai trabalhar em um novo álbum ao lado de sua banda ainda em 2019, já que ‘Western Stars’ não terá uma turnê de divulgação.
“Esse disco (‘Western Stars’) é uma volta para meus trabalhos solo com músicas guiadas por personagens e arranjos de orquestra”, disse Springsteen, em material de divulgação. Ainda segundo o músico, o trabalho foi influenciado por “álbuns pop da Califórnia do Sul das décadas de 1960 e 1970”.
Country rock reflexivo
O workaholic Bruce Springsteen está mais contemplativo em ‘Western Stars’. Prestes a fazer 70 anos de idade, o músico adota, em suas letras, um caráter mais nostálgico e até reflexivo a respeito dos próximos passos de sua vida. Parece reconhecer que já não tem muito tempo por aqui, apesar de seguir bastante saudável e fazendo shows extensos. Rola até uma menção ao Viagra na faixa título.
O que oferece certa “proteção” ao discurso adotado por Bruce Springsteen nas letras de ‘Western Stars’ é que as composições não são necessariamente, autobiográficas – ou, ao menos, não se apresentam sempre como tal. A tal música do Viagra relata, na verdade, a trajetória de um ator que trabalhou com John Wayne no passado, mas, hoje, se rendeu a comerciais bobos de TV. A ideia, inclusive, é dar um caráter “cinematográfico” ao registro, lírica e melodicamente.
Ainda assim, as composições evidenciam fragilidades na vida de um homem que chegou ao topo do mundo e se tornou um artista gigantesco, mas luta há décadas contra a depressão e se mostra tão humano a cada novo trabalho. ‘Western Stars’ soa como desabafo – e a sinceridade cativa.
Musicalmente, ‘Western Stars’ reforça ainda mais esse tom contemplativo. As canções são mais lentas e contam com influência do country e de outros ritmos mais típicos da cultura norte-americana. Não chega a ser um country típico, lógico: aqui, Springsteen aproveita diversas referências distantes do rock para trabalhar em uma sonoridade bem própria, como de costume.
Não é a primeira vez, aliás, que Bruce Springsteen flerta com o country e com gêneros mais tradicionais da música americana. Registros como ‘The Ghost of Tom Joad’ (1995) e ‘Nebraska’ (1982) desempenham essa atividade de forma até mais fluida e criativa – sim, ‘Western Stars’ não pode ser classificado como um dos melhores trabalhos de Springsteen. Porém, a maturidade do músico faz a diferença nesse novo álbum, que pode soar minimalista ou superproduzido apenas no desenrolar de alguns compassos.
Embora eu não seja um fã devoto da obra de Bruce Springsteen, admiro o seu trabalho, ainda que com certa distância, e reconheço a sua grandeza enquanto cantor, músico e compositor. E ‘Western Stars’ reforça todas as boas características de uma obra do The Boss.
Veja, abaixo, a capa e a tracklist de “Western Stars”.
01. Hitch Hikin’
02. The Wayfarer
03. Tucson Train
04. Western Stars
05. Sleepy Joe’s Café
06. Drive Fast (The Stuntman)
07. Chasin’ Wild Horses
08. Sundown
09. Somewhere North of Nashville
10. Stones
11. There Goes My Miracle
12. Hello Sunshine
13. Moonlight Motel