A história de Greg Leon, o primeiro guitarrista do Mötley Crüe

Uma cena que chamou a atenção em “The Dirt”, cinebiografia sobre o Mötley Crüe é a que o baixista Nikki Sixx e o baterista Tommy Lee ensaiam com um guitarrista que, aparentemente, não conseguia aprender as passagens da música “Live Wire”. A ideia era que ele fizesse bases para Mick Mars ser o guitarrista solo, porém, acabou dispensado por não conseguir acompanhar o grupo.

A premissa da cinebiografia era seguir ao máximo o livro autobiográfico da banda, de mesmo título, lançado em 2001. Todavia, a cena com o guitarrista em questão tem pouca relação com a realidade. A pessoa que mais teria proximidade com aquele guitarrista pouco habilidoso seria Greg Leon, que integrou o Mötley Crüe em seu período inicial.

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Ao contrário do que se retrata em “The Dirt”, Greg Leon era um guitarrista habilidoso e de muita reputação na cena musical de Los Angeles. Além das seis cordas, Leon também tocava bateria e teclados e era vocalista. No ano de 1980, ele fazia parte de um trio chamado Suite 19, que contava com o baterista Gary Holland, que viria a ser do Great White.

Em entrevista ao TrueMetalFan em 2007, compilada recentemente pelo Ultimate Classic Rock, Leon contou que era Tommy Lee quem acompanhava o Suite 19 e pedia para que Gary Holland fosse dispensado para que ele se juntasse à banda. “Acabamos tocando com ele, que era ótimo desde o início. Tommy é um dos grandes bateristas do rock vivos por aí”, afirmou o guitarrista, na ocasião.

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Uma demo chegou a ser gravada, mas o Suite 19 não foi adiante. Então, Greg Leon foi convidado para outro projeto, que viria a se tornar o Mötley Crüe. Ao site Crüe Past, em 2017, Leon contou que, na verdade, era ele quem não queria se juntar à banda por causa de Nikki Sixx. “Fiz audições duas vezes com ele, que não conseguiu a vaga nos meus outros projetos porque ele não conseguia tocar. Eu estava empenhado em ser um músico e não me rebaixar, pois eu queria melhorar. Eu tive que afinar o baixo de Nikki nas audições. Ele não sabia escalas, era horrível. Porém, Tommy o amava, assim como adorava o visual dele”, disse.

Dessa forma, um ultimato foi dado a Tommy Lee. “Eu falei para Tommy: ‘faça o que quiser, mas não tocarei com ele’. E eu estava de saco cheio de dividir o vocal com algo, como a guitarra, porque eu percebi que poderia cantar tão bem quanto, se não melhor, que qualquer um desses caras. Então, eu não queria fazer parte desse projeto, pois Nikki estava atrás de ter um frontman porque era o charme do Van Halen e outras bandas. Eu avisei que não estava interessado e que faria algo meu, no estilo de Eric Clapton ou Jimi Hendrix. Era mais a minha pegada”, afirmou.

Curiosamente, pouco antes daquela época, Greg Leon acabou se juntando ao Quiet Riot, após Randy Rhoads ter deixado a banda para tocar com Ozzy Osbourne. Leon afirma que sua entrada para o grupo foi aprovada pelo próprio Rhoads. “Ele achava que eu era perfeito para a vaga. E eu era! Eu o vi tocando várias vezes e estive em diversos shows, então, eu sabia as músicas. Eu amava Randy, todos amavam”, disse. Ele não ficou por muito tempo com o grupo, que se desfez em 1980, mas voltou em 1982 para fazer história com Carlos Cavazo nas seis cordas.

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Outra banda conhecida que Greg Leon integrou em seus primórdios foi o Dokken, em meados de 1979, ao lado de Gary Holland. Novamente, Leon não ficou por muito tempo: ele e Holand saíram antes mesmo do EP “Back in the Streets” ter sido gravado, apesar de aparecerem na capa.

Na imagem abaixo, estão, da esquerda para a direita: Gary Holland, Greg Leon, Don Dokken e Gary Link. Com exceção de Don, ninguém tocou no EP. O frontman assumiu a guitarra, enquanto Juan Croucier (futuramente do Ratt) tocou baixo e Greg Pecka, bateria.

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O projeto definitivo da vida de Leon foi o Greg Leon Invasion, que chegou a contar com o baixista Joey Vera (Armored Saint, Anthrax). Nos anos 1990, ele integrou o Wishing Well, com o baterista Marc Droubay (Survivor). O Invasion foi retomado nos anos 2000 e segue na ativa, ainda que de forma ocasional. Foram lançados quatro álbuns no total: “Greg Leon Invasion” (1983), “Born to Die” (1984), “Unfinished Business” (2005) e “Guitars, Cars and Women” (2010).

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Igor Miranda
Igor Miranda
Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), com pós-graduação em Jornalismo Digital. Escreve sobre música desde 2007. Além de editar este site, é colaborador da Rolling Stone Brasil. Trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, revista Guitarload, jornal Correio de Uberlândia, entre outros. Instagram, Twitter e Facebook: @igormirandasite.

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