O músico Roger Waters ofereceu uma entrevista coletiva, em São Paulo, na última sexta-feira (8), para falar sobre os shows que fará no Brasil em outubro de 2018. Embora tenha vindo com tamanha antecipação, uma reportagem do site G1, que acompanhou a entrevista, revelou que Waters pouco comentou sobre as apresentações – ele preferiu conversar sobre as inspirações políticas de seu trabalho, que se refletem tanto em seu último disco, “Is This the Life We Really Want?” (2017), quanto em sua atual turnê, “Us+Them”.
Waters é favorável à Palestina e um dos líderes de um boicote artístico a Israel, onde pede para que músicos não se apresentem por lá. E, após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ter reconhecido Jerusalém como capital israelense (decisão que contrariou palestinos), o músico teve muito o que falar sobre o assunto.
Em um trecho de destaque da entrevista, o ex-Pink Floyd chegou a dizer que corre risco de morte em suas próximas datas de turnê, na Europa. “Sei que vou enfrentar uma grande batalha na Europa, porque os israelenses vão tentar me matar. Não literalmente, provavelmente, embora eles possam fazer isso também. Eu não ficaria surpreso. Eles são bem estranhos. Mas eles vão me atacar com a toda a voracidade deles para me descreditar”, afirmou.
Ao ser questionado sobre a divisão entre as pessoas, tema central de seu trabalho recente, Roger Waters afirmou que tal fenômeno social acontece porque “acontece porque os poderosos sempre roubaram dos sem poder”. “Todo mundo continua corrupto. Por que isso acontece? Todos vivemos, especialmente vocês aqui no Brasil, as consequências de séculos de colonização. Oprimiram não só os povos indígenas brasileiros, mas todos os escravos que trouxeram”, disse.
Em menção específica aos shows, Waters disse que gostaria que cada apresentação discutisse problemas locais. “Eu já editei uma nova versão (do vídeo) da música ‘Money’, agora não é só sobre Trump e Putin. Vou adicionar Theresa May, Macron e líderes da Europa, porque vamos tocar lá. Eu adoraria fazer um show diferente para cada lugar, sobre cada problema local, político, discriminação e etc, mas é impossível. Confesso que não tinha pensado na América do Sul ainda. Estou pensando na Europa”, disse.
O músico pontuou, ainda, que há conexão entre seus trabalhos antigos e atuais na nova turnê. “Já falei sobre tudo isso antes. O show é sobre esses babacas têm o pé na nossa garganta. Eles não se importam com a vida humana, com nossos filhos, ou uma criança em Aleppo. Desde 2001 os EUA já mataram 4 milhões de pessoas no Oriente Médio. É um começo. Quantos muçulmanos há no mundo? Três ou quatro bilhões. Eu estou certo de que se eles mantiverem a fábrica funcionando… Quanto tempo pode levar para matar alguns bilhões de pessoas?”, afirmou.