Elton John quase foi vocalista do King Crimson; conheça a história

Elton John tem uma conexão com o rock que segue desconhecida por muitos. Seus primeiros discos flertam com gêneros como o rock progressivo, o psicodélico e o folk, apesar da pegada soft/pop sempre ter marcado presença.

A ligação de Elton John com o rock poderia ter sido ainda mais intensa se ele tivesse entrado para o King Crimson. O músico chegou a ser considerado para fazer parte da banda no ano de 1970.

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Simon Dupree/Gentle Giant

Tudo começou quando Elton John, até então desconhecido e sob o seu nome de batismo – Reginald Dwight -, integrou, como pianista, o grupo britânico Simon Dupree And The Big Sound, durante parte do ano de 1967. A banda de rock/pop psicodélico era formada por três irmãos da família Shulman: Phil, Derek e Ray.

Inicialmente, Elton John havia sido contratado para substituir Eric Hine, que estava doente, para uma turnê na Escócia. A sua performance acabou agradando e ele foi convidado a permanecer.

Só que duas situações desagradaram o pianista na época. A primeira é que os integrantes do Simon Dupree And The Big Sound se recusaram a gravar algumas de suas composições – embora tenham registrado “I’m Going Home” como B-side de um single. A segunda é que os músicos riram quando ele, então Reginald Dwight, disse que passaria a atender pelo nome artístico de Elton John.

John acabou não sendo efetivado e o Simon Dupree And The Big Sound encerrou suas atividades em 1969. A banda foi reformada sob a alcunha Gentle Giant, em uma pegada mais ligada ao rock progressivo e ao experimental.

Elton John e King Crimson

Decidido a investir em sua carreira solo, Elton John voltou a se dedicar aos seus projetos particulares. Na época, ele também trabalhava como músico de estúdio e principal compositor da DJM Records. Ao lado de seu eterno parceiro, Bernie Taupin, Elton produziu material para Roger Cook e Lulu, além de ter gravado piano para a música “He Ain’t Heavy, He’s My Brother”, do The Hollies.

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Em 1970, Elton John já contava com dois discos lançados e começava a fazer sucesso graças ao hit “Your Song”. Ainda assim, estava em busca de mais projetos para trabalhar.

Um desses projetos foi o King Crimson, que começava a despontar como revelação do rock progressivo graças ao disco “In The Court Of The Crimson King” e ao show de abertura que fizeram para os Rolling Stones no Hyde Park, para 500 mil pessoas.

Antes das gravações de seu segundo disco, “In The Wake Of Poseidon”, o King Crimson passou por diversas mudanças em sua formação. O guitarrista Robert Fripp ficou sozinho na banda, enquanto todos os demais músicos foram dispensados ou deram no pé, como o vocalista Greg Lake.

Robert Fripp, então, passou a procurar por músicos para gravar “In The Wake Of Poseidon”. O baterista Michael Giles, que gravou “In The Court Of The Crimson King”, acabou por retornar para o registro, enquanto seu irmão, Peter Giles, assumiu o baixo. O saxofonista Mel Collins e o pianista Keith Tippett também colaboraram.

Faltava um cantor para substituir Greg Lake. E foi para esta vaga que Elton John faria um teste. A ideia era que ele ocupasse a vaga de vocalista e, pelo menos, registrasse “In The Wake Of Poseidon”, sem compromisso inicial de realizar uma turnê. Robert Fripp se animou com a ideia, visto a ligação de John com os irmãos Shulman, que, naquele momento, tocavam adiante o Gentle Giant.

O teste nunca aconteceu. Robert Fripp marcou uma audição com Elton John, mas voltou atrás e desmarcou o compromisso após ouvir um dos primeiros discos do músico britânico – provavelmente “Empty Sky”, o debut, de 1969. Não que Fripp tenha considerado John ruim, mas o guitarrista pensou que a voz dele não se encaixaria na proposta do King Crimson.

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Curiosamente, Elton John já havia sido contratado para gravar os vocais antes mesmo de ter sido feito o teste. E, mesmo com a desistência por parte de Robert Fripp, foi necessário pagar 250 euros para Elton John, que embolsou o valor sem cantar uma nota sequer em “In The Wake Of Poseidon”.

As vozes do disco acabaram sendo gravadas por Greg Lake. Neste caso, o pagamento pelo serviço não foi feito em dinheiro: Lake recebeu o equipamento de amplificação de som (as PAs) do King Crimson.

Apesar dos backgrounds diferentes, imagino que seria satisfatório para o King Crimson ter um disco com Elton John. O músico é altamente talentoso e creio que não faria feio durante as gravações.

No fim das contas, Elton John chegou à fama com seus discos lançados posteriormente e atingiu um novo patamar em 1973, com “Goodbye Yellow Brick Road”. Desde então, não parou mais e se transformou em um dos artistas mais conhecidos – e ricos – da história.

O King Crimson, por sua vez, seguiu o seu caminho com diversos álbuns de estúdio. O grupo nunca repetiu os números de vendas do primeiro disco, “In The Court Of The Crimson King”, embora tenha construído uma excelente reputação em seu segmento e seja uma banda influente no rock progressivo. Tanto a banda quanto Elton John seguem em atividade até os dias de hoje.

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Igor Miranda
Igor Miranda
Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), com pós-graduação em Jornalismo Digital. Escreve sobre música desde 2007. Além de editar este site, é colaborador da Rolling Stone Brasil. Trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, revista Guitarload, jornal Correio de Uberlândia, entre outros. Instagram, Twitter e Facebook: @igormirandasite.

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