20 discos atuais de bandas clássicas tão bons quanto os antigos

“O rock está morto”. Quem nunca ouviu essa frase? Uma sentença tão errada que mal sei por onde começar.

O estilo não tem o mesmo apelo comercial de outrora, é verdade. Entretanto, ele ainda existe e nos apresenta bons trabalhos, sejam de bandas novas ou de grupos que se consagraram no passado.

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A lista abaixo apresenta 20 discos atuais de bandas consideradas clássicas que, em meu ver, são tão bons quanto os registros antigos. Como critério, foram considerados apenas os trabalhos lançados na década vigente.

Apesar de óbvio, vale destacar: são apenas 20 discos (e “Dystopia”, do Iced Earth, seria o 21°, por exemplo), citados em ordem alfabética, e englobam a preferência do autor. Não faz sentido me ofender nos comentários, pois é uma lista de teor pessoal. Mas, claro, contribuições na seção destinada à opinião do amigo leitor são sempre bem-vindas.

AC/DC – “Rock Or Bust” (2014)

O disco mais recente do AC/DC apresenta um som oxigenado. Os instrumentos soam mais graves e, na parte autoral, percebe-se uma mistura de fases: há uma aposta em estilos de riffs, bases e cozinhas presentes nos primeiros trabalhos da banda, aliados a uma produção e ao estilo de cantar por parte de Brian Johnson que remete aos álbuns lançados na segunda década de 1980.

No fim das contas, gerou um álbum melhor do que qualquer outro lançado pela banda na década de 1980 – com exceção, é claro, de “Back In Black”.

Accept – “Blood Of The Nations” (2010)

Ninguém apostaria que, a essa altura do campeonato, o Accept renasceria com tanta potência. “Blood Of The Nations” marcou a estreia do vocalista Mark Tornillo no lugar de Udo Dirkschneider.

Tornillo não deixou pedra sobre pedra em sua estreia. E muito disso se deve ao fato de que o próprio Accept sabia muito bem o que fazer: um heavy metal revigorado, mas ainda muito semelhante ao que era feito antes. “Blood Of The Nations”, para mim,  é tão bom quanto alguns clássicos do grupo lançados na década de 1980.

Alice Cooper – “Welcome 2 My Nightmare” (2011)

A discografia de Alice Cooper é muito extensa e, especialmente, variada. O icônico cantor já flertou com tantos estilos diferentes que é complicado, até mesmo, elencá-los.

Tudo isto parece estar reunido em “Welcome 2 My Nightmare”, um álbum que resume a grandeza criativa de Alice Cooper. Cada faixa é uma viagem diferente e propõe um clima distinto. E algumas músicas ainda marcam a reunião com membros da Alice Cooper Band, como as boas “A Runaway Train” e “I’ll Bite Your Face Off”.

Angra – “Secret Garden” (2015)

“Secret Garden” é, facilmente, o melhor trabalho do Angra desde “Temple Of Shadows”. Está um pouco atrás dos clássicos, como “Angels Cry” e “Rebirth”, mas é um disco de incrível relevância.

Com músicas mais introspectivas e um peso que estava se tornando raro no Angra, “Secret Garden” se destaca por soar inspirado. Pena que a trajetória autoral da banda parece acabar por aqui, ao menos pelos próximos anos.

Anthrax – “Worship Music” (2011)

Pode parecer uma afirmação empolgada de minha parte, mas, para mim, “Worship Music” está no nível dos clássicos do Anthrax lançados na década de 1980. A maturidade fez muito bem a esta banda.

O histórico conturbado de “Worship Music” não fez com que ninguém apostasse alto nesse álbum. O disco que foi projetado com Dan Nelson e, depois, com John Bush nos vocais acabou parando nas mãos de Joey Belladonna, que fez bonito – afinal, um repertório de qualidade soa bem com qualquer vocalista minimamente adequado. A ótima produção e as boas composições são os destaques por aqui.

Black Sabbath – “13” (2013)

“13” é a continuação sombria dos primeiros discos do Black Sabbath. Ainda em sua fase clássica, a banda lançou alguns trabalhos mais experimentais, como “Sabbath Bloody Sabbath” (1973), mas “13” é doom metal puro.

A tecnologia também fez com que tudo soasse melhor. Cada nuance deste álbum, bem produzido por Rick Rubin, pode ser sentida nos tímpanos – e na pele, com os devidos arrepios.

Dream Theater – “Dream Theater” (2013)

Não sou grande fã de Dream Theater, mas o 12° álbum de estúdio da banda me surpreendeu de verdade. Trata-se de um grupo renovado, que abandonou sua zona de conforto e mostrou criatividade.

Influências diferentes foram exploradas aqui, desde elementos do jazz até de música clássica, em uma vibe operática. Mas o principal aqui é o resgate do peso (e que peso!) e a união com ganchos melódicos sem soar maçante.

Europe – “Bag of Bones” (2012)

É incrível pensar que uma banda tenha evoluído tanto com o passar dos anos, tendo ficado separada por uma década e longe de sua fase de maior sucesso. O Europe vem demonstrando essa evolução a cada álbum que lança.

Vejo “Bag Of Bones” como o ponto alto da volta dos suecos, ocorrida no início do século. O quinteto proporciona uma mistura de ótimo gosto entre hard rock setentista com pitadas blues. Joey Tempest não perdeu o faro para fazer boas composições e o guitarrista John Norum não se iludiu pelo sucesso – é perceptível que ele continuou estudando seu instrumento.

KISS – “Monster” (2012)

Ainda lembro que, em sua época de lançamento, “Monster” não me conquistou de primeira. Confiei nas declarações dos membros da banda, que tanto diziam que teriam influências de trabalhos mais pesados, como “Creatures Of The Night” e “Revenge”. Precisei escutar algumas vezes para entender o quão grandioso é este álbum.

“Monster”, no fim das contas, é um legítimo retorno aos anos 1970, de uma forma que nunca havia sido feita pelo KISS – e olha que eles tentaram, especialmente no controverso “Psycho Circus”. Aqui, são quatro caras fazendo o que sabem, sem tentar reinventar a roda. A genialidade autoral dos chefes aliada à competência dos empregados Tommy Thayer e Eric Singer gerou um disco que, para mim, está no patamar dos clássicos da discografia.

Megadeth – “Dystopia” (2016)

Um dos discos que mais criaram expectativa no metal em 2016. Afinal, o que esperar de uma inusitada parceria entre Dave Mustaine e Kiko Loureiro? Imaginava-se que o brasileiro não teria voz ativa, mas chegou a emendar até uma faixa instrumental por aqui.

Dave Mustaine e David Ellefson formaram um grande time ao lado de Kiko Loureiro e Chris Adler e ofereceram um dos melhores trabalhos do Megadeth. Não é exagero: bate de frente com outros registros aclamados, como “Endgame” e até os clássicos da década de 1990.

Mr. Big – “What If…” (2011)

O Mr. Big se separou em 2002, mas sempre imaginei que voltariam. E esse retorno, é claro, deveria acontecer com Paul Gilbert na guitarra.

“What If…” mostra porque o quarteto voltou: eles se completam perfeitamente quando tocam juntos. O som que eles tiram em conjunto jamais foi reproduzido por algum deles em separado. É único. E vale destacar que o disco seguinte, “…The Stories We Could Tell” (2014), também é ótimo.

Opeth – “Sorceress” (2016)

Sou suspeito para emitir alguma opinião sobre Opeth. Gosto muito da fase atual e não sou grande fã dos trabalhos mais clássicos – não por serem ruins, mas porque death metal não é a minha praia.

Ainda assim, achei legítimo incluir “Sorceress” nesta lista. É, para mim, o melhor disco do Opeth. A aposta, aqui, é em um híbrido perfeito entre rock e metal progressivo, com pitadas retrô e momentos instrumentais pontuais de pegada experimental.

Pearl Jam – “Lightning Bolt” (2013)

“Lightning Bolt” é um ponto fora da curva da discografia recente do Pearl Jam. Os trabalhos anteriores não me agradaram tanto, mas o disco mais recente desta banda foge a esta regra.

O motivo é evidente: em “Lightning Bolt”, o Pearl Jam voltou a tocar seu rock meio clássico, meio alternativo, com pegada e ênfase nas guitarras distorcidas. Está no patamar dos grandes trabalhos lançados na década de 1990.

Ratt – “Infestation” (2010)

Àquela altura do campeonato, ninguém esperava um bom disco do Ratt. Eles não o faziam desde “Detonator”, de 1990. É verdade que não existiram tantas tentativas – apenas o mediano álbum autointitulado, de 1999.

Mas “Infestation” fez com que as expectativas até do fã mais empolgado se superassem. É um disco incrível do início ao fim. O flerte com o heavy metal apareceu com tudo no repertório deste álbum. Par mim, está no mesmo nível do grande “Out Of The Cellar” (1984) e é melhor do que qualquer outro registro do grupo.

Rush – “Clockwork Angels” (2012)

O Rush sempre conseguiu manter uma estabilidade em seus álbuns de estúdio. Com exceção de um ou outro momento menos inspirado, a discografia do trio canadense é homogênea em termos de qualidade.

“Clockwork Angels”, que deve ser o último disco da carreira do Rush, se destaca por sua solidez. É como se toda a experiência conquistada em décadas de carreira se aglutinassem nesse petardo do rock progressivo. Muito bom álbum.

Sepultura – “Machine Messiah” (2017)

“Machine Messiah” é um presente musical dos bons para aqueles que admiram as formações mais recentes do Sepultura. E uma oportunidade para que os mais conservadores repensem, novamente, sobre a vida pós-Max Cavalera.

Para mim, “Machine Messiah” é o grande trabalho do Sepultura com Derrick Green nos vocais e um dos melhores da discografia geral. A sua pegada, groovy e mais sofisticada, soou ideal em meu ver. O ar levemente experimental e a própria batuta do bom produtor sueco Jens Bogren fizeram com que o grupo se apresentasse renovado.

Soundgarden – “King Animal” (2012)

“King Animal” é o primeiro disco do Soundgarden desde 1996. Não havia muito parâmetro de comparação com relação ao que esperar deste trabalho – só há cinco antecessores.

Por outro lado, Chris Cornell não ficou parado desde o fim da banda. Dava para esperar um leque maior de influências aparecendo neste disco. E foi o que aconteceu: o grunge se misturou ao hard rock, com pitadas de metal e até de psicodelia. Bom registro.

Stryper – “No More Hell To Pay” (2013)

Seria pretensioso dizer que o Stryper nunca decepciona. Os dois trabalhos anteriores a este são apenas bons. Mas “No More Hell To Pay” mostra que eles nunca desaprenderam a fazer música.

O quarteto liderado por Michael Sweet (vocalista, guitarrista e compositor de todas as canções aqui) chutou o balde, com um hard n’ heavy direto, pesado, repleto de bons refrães e com os típicos berros de Michael, um dos grandes cantores do gênero. Está, sem dúvidas, no patamar dos clássicos oitentistas.

Van Halen – “A Different Kind Of Truth” (2012)

O Van Halen foi uma das poucas bandas da história a não soar pedante em uma volta às raízes. É verdade que “A Different Kind Of Truth” parece ser ambientado na década de 1980, mas desde essa época o VH não fazia um álbum nesses moldes. De “1984” em diante, o grupo experimentou diversos formatos.

“A Different Kind Of Truth” apresenta um hard rock fanfarrão, performático e focado nas guitarras. É, basicamente, o que fez o grupo se consagrar em seus primeiros anos. Não deixa a desejar em nada quando comparado aos discos clássicos. E como é bom ouvir Eddie Van Halen tocar…

Whitesnake – “Forevermore” (2011)

Outra banda que ninguém colocava muita fé após seu retorno era o Whitesnake. O grupo retomou suas atividades no início dos anos 2000, após uma turbulenta década de 1990, e só lançou registros ao vivo.

A situação mudou com o ótimo “Good To Be Bad” (2008). E “Forevermore” segue o alto padrão estabelecido pelo antecessor. A parceria entre David Coverdale e Doug Aldrich, aliada a uma boa banda de apoio, fez com que o Whitesnake ganhasse uma fórmula diferente, baseada em um hard rock oxigenado e cheio de pegada.

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Igor Miranda
Igor Miranda
Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), com pós-graduação em Jornalismo Digital. Escreve sobre música desde 2007. Além de editar este site, é colaborador da Rolling Stone Brasil. Trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, revista Guitarload, jornal Correio de Uberlândia, entre outros. Instagram, Twitter e Facebook: @igormirandasite.

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