5 nomes do metal que se entregaram ao glam metal nos anos 80

A diferenciação entre hard rock e metal existe de forma mais rigorosa no Brasil e em outras regiões isoladas. Nos locais onde essa sonoridade é produzida – Estados Unidos e Reino Unido, em maioria -, tudo fica, mais ou menos, no mesmo balaio.

Não é de se espantar que em diversas partes do mundo, bandas separadas por tais sub-rótulos excursionem juntas e toquem nos mesmos festivais. A não ser pelo visual e por alguns momentos específicos, não há tanta diferença assim.

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Cientes disso – e, talvez, de olho em uma projeção comercial maior -, algumas bandas consagradas no metal fizeram trabalhos orientados ao hard rock oitentista. Ou glam metal. Talvez hair metal. Use a nomenclatura que preferir.

Fato é que tais momentos, que podem ser descritos até como “experimentais”, geraram controvérsia. Separo, abaixo, cinco discos de bandas de metal que agregam influências do hard rock oitentista.

Ozzy Osbourne: “The Ultimate Sin” (1986)

A carreira solo de Ozzy Osbourne, especialmente em registros da década de 1980, nunca esteve 100% direcionada ao metal. Cada disco contém pinceladas do hard rock, seja em um estado mais “puro”, com influências da década de 1970, ou em uma pegada mais oitentista.

“The Ultimate Sin” é o disco mais orientado ao hard rock oitentista que Ozzy Osbourne poderia fazer. O cantor passava por problemas pessoais – causados, especialmente, pelo abuso de tóxicos – e pouco esteve presente no processo de concepção autoral do disco.

O trabalho ficou, basicamente, a cargo do guitarrista Jake E. Lee e do baixista Bob Daisley. Como resultado, fugiu um pouco das características sonoras do Madman. E, apesar dos bons momentos no álbum – que chegou a ter grande êxito comercial -, Ozzy não gosta do reslutado final. “É justo dizer que você possivelmente encontrará minha pior música no ‘Ultimate Sin'”, disse, em entrevista ao Guitar Center.


Judas Priest: “Turbo” (1986)

O Judas Priest resolveu experimentar até demais em “Turbo”. Há muita tecnologia neste disco, que foi o primeiro da história do metal a ser gravado e mixado inteiramente em equipamento digital. Os sintetizadores e timbres quase eletrônicos são a principal característica de um álbum que tentou flertar com o hard rock oitentista.

O mau gosto na produção é amenizado pela qualidade do repertório. “Turbo” seria ainda mais valorizado pelos fãs se contasse com maior cuidado nas gravações. Ainda assim, foi o suficiente para ter bom desempenho comercial, com direito a uma 17ª posição nas paradas americanas – algo que não seria superado até “Angel Of Retribution” (2005).

Rob Halford reconheceu, em recente entrevista ao podcast The Rock Brigade, os excessos de “Turbo”. “Vivíamos a vibração de todos aqueles bons tempos cheios de festas e isto influenciou o disco. Grande parte dele foi feito nos Estados Unidos. Íamos ao Whisky, à Sunset Strip, Miami… cara, era um delírio total. E apenas estávamos curtindo aqueles tempos, a banda estava se divertindo muito”, disse.

Celtic Frost: “Cold Lake” (1988)

A inserção mais curiosa dessa lista. Uma banda de metal extremo se rendeu ao hard rock oitentista?

Não é bem assim. “Cold Lake”, lançado em 1988, foi uma mistura confusa de influências – entre elas, o glam metal. Há passagens que remetem, também, ao heavy tradicional e, com algum esforço para se notar, o sleaze rock.

O problema é que soa deslocado. É um álbum ruim não pelo estilo seguido, mas pela produção confusa e pela falta de boas composições. E Tom G. Warrior concorda. “A produção, as fotografias, as letras, as músicas, a capa são uma porcaria, tudo o que o Celtic Frost significava não foi alcançado nesse álbum”, disse, em entrevista ao Metal Temple.

Saxon: “Destiny” (1988)

O Saxon já flertava com o hard rock em gravações anteriores, especialmente no antecessor direto de “Destiny”, “Rock The Nations” (1986). A pegada mais melódica das composições já aparecia ali.

Em “Destiny”, essa influência se expôs de vez. Há pitadas não só do hard rock oitentista, mas, também, do AOR. Soa como o Def Leppard de “Pyromania” (1983) ou o Dokken em geral – o que, para mim, é um elogio.

Curiosamente, o disco mais “comercial” do Saxon foi um fiasco em vendas. “Destiny” não teve boa performance e o grupo acabou demitido da gravadora EMI, taxada como a principal responsável pela mudança de sonoridade do grupo à época.

Accept: “Eat The Heat” (1989)

Já no fim da década de 1980, o Accept resolveu apostar em uma sonoridade mais orientada ao hard rock. “Eat The Heat” aliou o útil ao agradável: o grupo precisava de uma nova faceta, já que o vocalista Udo Dirkschneider havia deixado a formação.

O ameriacno David Reece ocupou o posto de Udo e a banda guinou para um hard rock de pegada oitentista. A pegada melódica chega a assustar: não dava para saber que os músicos do Accept, por melhores que fossem, conseguiriam fazer canções tão grudentas como as presentes nesse disco.

A tentativa de conquistar um novo mercado fracassou e o Accept se dissolveu. Anos depois, Udo Dirkschneider retornou ao seu posto e a banda alemã nunca mais experimentou como em “Eat The Heat”.

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Igor Miranda
Igor Miranda
Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), com pós-graduação em Jornalismo Digital. Escreve sobre música desde 2007. Além de editar este site, é colaborador da Rolling Stone Brasil. Trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, revista Guitarload, jornal Correio de Uberlândia, entre outros. Instagram, Twitter e Facebook: @igormirandasite.

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