A cintura dura do Whitesnake no desnecessário “Purple Album”

Whitesnake – “The Purple Album” (2015)

Um headbanger de cintura dura no meio de uma festa ao som de ritmos grooveados, onde todos ao menos dão uma reboladinha. Essa é a melhor analogia possível para definir o que pode ser encontrado em “The Purple Album”, novo e desnecessário lançamento do Whitesnake.
Entendo que o trabalho tenha um valor pessoal para David Coverdale, pois, até os anos 2000, ele não lidava muito bem com seu passado – depois, chegou a mexer pauzinhos para se reunir com os antigos colegas de banda, até que a ideia foi abandonada após a morte do tecladista Jon Lord. Compreendo, ainda, que Coverdale não tem a mesma voz de décadas atrás (apesar de ainda ser um cantor fora de série) e que está com músicos de backgrounds bem diferentes nos dias de hoje.
Ainda assim, “The Purple Album” é desnecessário. Não soa orgânico. A calça jeans está apertada demais. Faltou o bendito swing que sempre foi o elemento de destaque da formação MK III do Deep Purple. É como uma porção de releituras feitas por uma banda de metal, que pouco se recria. Só David Coverdale faz justiça à performance, com adaptações que, mesmo necessárias, ainda soam charmosas.
A plasticidade era esperada de Reb Beach, um virtuoso, e de Joel Hoekstra, cujas influências estão mais para os 80’s do que para os 70’s. O baixista Michael Devin, coitado, praticamente não aparece. Os teclados de Michele Luppi só enfeitam. Mas a decepção, para mim, ficou a cargo de Tommy Aldridge. Sua competência é incontestável, mas seus arranjos parecem ter sido tão moldados que a bateria soa como se tivesse sido programada por computador.
Algumas faixas se destacam. “Comin’ Home”, colocada como bônus, ficou ótima. “Lady Double Dealer” combinou com o peso. “Mistreated” mostra que David Coverdale ainda tem gogó (apesar dos efeitos) e, o mais importante, não perdeu capacidade de interpretação. “Holy Man”, originalmente cantada por Glenn Hughes, ficou interessante na voz de Coverdale.
Só que ainda é pouco. Admiro que tenham tentado algo diferente das versões originais, mas chega a ser triste que tempo e dinheiro tenham sido investidos nesse trabalho, que poderia ter sido substituído por uma sequência para os ótimos “Good To Be Bad” e “Forevermore”.
Nota 4
David Coverdale (vocal)
Reb Beach (guitarra)
Joel Hoekstra (guitarra)
Michael Devin (baixo)
Tommy Aldridge (bateria)
Michele Luppi (teclados)
01. Burn
02. You Fool No One (interpolating Itchy Fingers)
03. Love Child
04. Sail Away
05. The Gypsy
06. Lady Double Dealer
07. Mistreated
08. Holy Man
09. Might Just Take Your Life
10. You Keep On Moving
11. Soldier Of Fortune
12. Lay Down Stay Down
13. Stormbringer
14. Lady Luck (Bonustrack)
15. Comin’ Home (Bonustrack)
16. Soldier Of Fortune (Bonustrack)
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Igor Miranda
Igor Miranda
Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), com pós-graduação em Jornalismo Digital. Escreve sobre música desde 2007. Além de editar este site, é colaborador da Rolling Stone Brasil. Trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, revista Guitarload, jornal Correio de Uberlândia, entre outros. Instagram, Twitter e Facebook: @igormirandasite.

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