Entrevista com Dr. Sin: dos primórdios com Supla ao trabalho “intacto”

Lançado no início deste ano, o disco mais recente do Dr. Sin, “Intactus”, tem uma relação direta com a própria situação da banda: mais de duas décadas após sua formação, ela se mantém com a formação intacta. Não somente isso.
Para Ivan Busic, baterista, estar intacto vai além de manter a própria formação. “Não nos vendemos a nenhum estilo para fazer sucesso”, disse o músico da banda que, realmente, não mudou tanto de seu som em seus trabalhos. O hard rock com pitadas melódicas e ocasionais influências do jazz – Ivan e seu irmão, o vocalista e baixista Andria Busic, são filhos do trompetista André Busic – permanece, de certa forma, intacto.
Pude bater um papo com uma das mais conhecidas bandas de hard rock do Brasil. A conversa, originalmente publicada no site Revista Cifras, girou em torno do atual momento do grupo e da indústria musical, além de resgatar momentos dessa trajetória – até mesmo a parceria com o Supla, antes do Dr. Sin apostar em seu trabalho próprio, como trio.
IGOR MIRANDA: Primeiramente, obrigado pela oportunidade de entrevista e parabéns pelo novo trabalho! Fazendo menção ao título do disco, até que ponto e em quais sentidos vocês se veem “intactos” enquanto banda?

IVAN BUSIC: “Primeiro, a formação se mantém a mesma desde o inicio em 1993. Nós não nos vendemos a nenhum estilo para fazer sucesso. Continuamos com o som que sempre gostamos, fiéis aos nossos ideais desde o começo. Não vejo como alguém pode ser mais intacto do que isso”.
A mudança de afinação em determinadas faixas tem deixado o Dr. Sin cada vez mais pesado, sob meu ponto de vista – e isso aconteceu especialmente em “Intactus” e “Animal” (2011) -, apesar da essência estar sendo mantida. Essa mudança é vista como uma forma de atualizar o som do grupo?

ANDRIA BUSIC: “Só há três musicas no Intactus que fizemos mudança de afinação. Não pensamos em modernizar, foi um jeito de achar a sonoridade que a música necessitava. Se ocorreu uma modernização, não foi premeditada”.
O Dr. Sin começou na Warner Music, trabalhando com o renomado Stephen Gallas. Agora, os discos são autoproduzidos e a distribuição acontece de forma independente. Outras bandas, dentro e fora do Brasil, têm optado por esse modo de trabalho – até mesmo o KISS, com quem vocês já dividiram palco. Em tantos anos na área, o que vocês concluem sobre essa mudança nos meios de produção e promoção musical? A grande indústria musical está com engrenagens a menos?

EDU ARDANUY: “A grande industria musical principalmente no Brasil, já não existe mais no Brasil para o nosso estilo. Fora do Brasil, é quase inexistente, a não ser para as grandes bandas, devido à pirataria e ao budget das gravadoras”.
Praticamente a cada dois ou três anos há material novo do Dr. Sin à disposição. Enquanto isso, muitas bandas da geração de vocês tem se tornado cada vez mais improdutivas, no sentido de gerar material novo. A que vocês atribuem essa produtividade, em comparação às bandas colegas?

IVAN BUSIC: “Nunca paramos para analisar a situação das outras bandas e nem da nossa, nesse sentido. Acredito que para algumas bandas o sonho acaba, mas para o Dr. Sin não deixamos acontecer. No geral, se isso continuar, os discos serão cada vez mais raros”.
Além de serem reconhecidos como banda, vocês são reconhecidos como referências individuais em seus instrumentos. Como é ter esse reconhecimento como aliado?

ANDRIA BUSIC: “Tudo é muito gratificante. Todos os comentários são de grande importância”.
A história do Dr. Sin vem antes mesmo da banda, quando vocês formavam a banda de apoio do Supla. O “papito” é uma figura caricata, mas quem o conhece um pouco, sabe que entende de som. Como foi esse trabalho com ele?

IVAN BUSIC: “Foi bom porque foi quando começamos a trabalhar como banda. Eu, Andria e Edu percebemos que seria muito fácil compormos juntos. Foi uma experiência muito legal”.
Ainda olhando um pouco para trás, gostaria de saber sobre o momento no qual Mike Vescera (ex-vocalista do Loudness e Yngwie Malmsteen) fez parte da banda. Foi uma tentativa de internacionalizar o Dr. Sin? Se sim, o que deu certo e o que não deu certo?

ANDRIA BUSIC: “Foi um projeto feito muito mais pela nossa amizade do que uma tentativa de internacionalização. Tínhamos combinado de fazer um projeto juntos, mas como a amizade era – e é – tão grande e a musicalidade era compatível, resolvemos fazer aquilo virar um disco do Dr. Sin”.
O que é planejado para a sequência, nos próximos meses?

IVAN: “Continuarmos com a turnê e tentarmos até o fim do ano finalmente gravar um DVD”.
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Igor Miranda
Igor Miranda
Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), com pós-graduação em Jornalismo Digital. Escreve sobre música desde 2007. Além de editar este site, é colaborador da Rolling Stone Brasil. Trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, revista Guitarload, jornal Correio de Uberlândia, entre outros. Instagram, Twitter e Facebook: @igormirandasite.

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