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Black Sabbath: 45 anos do disco de estreia, o início do heavy metal


Black Sabbath: “Black Sabbath”
Lançado em 13 de fevereiro de 1970

Muitos aqui não têm a menor noção de como o mundo era em 1970. Só quem viveu para realmente saber – ou seja, me tirem dessa lista. Mas sabe-se que, no âmbito musical, os hippies dominavam tudo. Aliás, a música estava em certo progresso, mas nada como se tem conhecimento no dia de hoje. O progressivo/psicodélico começava a tomar seus rumos e o rock ficava cada dia mais pesado. Alguns dos embriões do heavy metal, como Deep Purple, Led Zeppelin, Blue Cheer e Steppenwolf, já desenhavam o que seria o heavy metal. No entanto, nada se compara ao disco que hoje completa 45 anos, que é considerado o verdadeiro “marco zero” do gênero.
O álbum de estreia do Black Sabbath, grupo inglês fundado em 1968, se deu em 1970. Antes haviam sido uma banda de blues e, além da formação clássica, tinham um saxofonista chamado Alan Clarke, que logo deu no pé quando os caras decidiram que gostavam do obscuro. A influência começou a se mostrar em função da paixão do baixista Geezer Butler por terror e magia negra. Butler começou a escrever músicas mais sombrias e convenceu a mudança de estilo, que passou uma transição entre o blues, o folk e o heavy metal. Após serem contratados pela Vertigo Records, gravaram seu primeiro trabalho.
O play, homônimo, foi gravado de forma primitiva e corrida: o processo de gravação foi ao vivo, em quatro canais, e durou apenas doze horas. Meio dia para registrar um clássico. O lançamento do disco em terras inglesas se deu numa sexta-feira 13, assim como é hoje, 45 anos depois. O debut do Black Sabbath é o real início do estilo que hoje se disseminou e tem dezenas de vertentes.
Logo a primeira canção, que dá nome ao álbum e à banda, apresenta elementos que descreveriam o heavy metal futuramente. Com o tocar do sino e o barulho da chuva, tem-se início a canção, com o andamento arrastado, guitarra horripilante, letra sombria entoada pela voz possuída de Ozzy Osbourne e, ao fim, em outra nuance, cozinha crua e solo fantástico que é uma cortesia do lendário Tony Iommi.
A seguir está a marcante “The Wizard”, que resgata um pouco do que foi o Black Sabbath antes: uma banda de blues rock. A batida mais rápida e o uso de uma gaita fascinante dão uma ótima visão à forte composição. “Behind The Wall Of Sleep” bebe no groove do Led Zeppelin, com incrível performance da bateria de Bill Ward e das vozes novamente assustadoras de Ozzy Osbourne. A clássica “N.I.B.” começa com um cavalar solo de baixo de Geezer Butler, distorcido e com uso de wah wah. Logo, a canção é tomada por uma atmosfera pesada, com guitarras e cozinha perfeitamente densas. Anos depois de ouvir os solos pela primeira vez, a performance de Tony Iommi ainda me dá arrepios.
“Evil Woman”, cover da pouco conhecida Crow, volta a flertar com levadas tradicionais. Na versão norte-americana do álbum, “Evil Woman” foi substituída, em função de direitos autorais, por “Wicked World”, composição arrastada, pesada e genuinamente sabbática.
A acústica e depravada “Sleeping Village” introduz o ouvinte para o final estratosférico “Warning”, épico de 10 minutos que presta tributo à composição original de Aynsley Dunbar Retailation. O quarteto se destaca individualmente de diversas formas: Ozzy Osbourne com vocais carregados de angústia, Tony Iommi com um verdadeiro despejo de riffs geniais, Geezer Butler com baixo pesado e consistente e consistentes e uma enérgica exibição de técnica por Bill Ward.
O álbum chegou à 23ª posição nas paradas norte-americanas quando lançado por lá e 8ª posição nos charts ingleses. Hoje acumula milhões de cópias vendidas por todo o mundo e não fez feio, já que o magnum opus dos caras, “Paranoid”, foi lançado logo depois. O estilo foi desenhado anteriormente, mas a criação foi sacramentada aqui. Curve-se à bíblia do heavy metal.
Ozzy Osbourne (vocal, gaita em 2)
Tony Iommi (guitarra)
Geezer Butler (baixo)
Bill Ward (bateria)
01. Black Sabbath
02. The Wizard
03. Behind The Wall Of Sleep
04. N.I.B.
05. Evil Woman (Crow cover – na versão britânica) / Wicked World (na versão norte-americana)
06. Sleeping Village
07. Warning (Aynsley Dunbar Retaliation cover)

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Igor Miranda
Igor Miranda
Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), com pós-graduação em Jornalismo Digital. Escreve sobre música desde 2007. Além de editar este site, é colaborador da Rolling Stone Brasil. Trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, revista Guitarload, jornal Correio de Uberlândia, entre outros. Instagram, Twitter e Facebook: @igormirandasite.

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