Disco novo de Slash é bom, mas pretensioso e exagerado na duração

Slash: “World On Fire” (2014)

- Advertisement -
Fazer um disco longo é uma decisão ousada. Para produzir um trabalho mais extenso, você precisa ter muitas composições relevantes – e diferentes entre si – para atender a essa proposta. Afinal, não dá para fazer um álbum com várias músicas sendo que muitas delas são parecidas demais, com a mesma estrutura. É necessário ter conexão entre as canções. Deve ser analisado como um todo.
“World On Fire”, terceiro disco solo de Slash, tinha tudo para continuar o legado quase irretocável de “Apocalyptic Love”, álbum anterior. O novo trabalho do icônico guitarrista, acompanhado de Myles Kennedy e The Conspirators (Todd Kerns e Brent Fitz), tem 17 faixas e quase 80 minutos de duração. A proposta é a mesma de antes: hard rock forte, com destaque para os riffs, vocais agudos de Kennedy e Kerns e ganchos melódicos atrativos. Em alguns momentos, há algumas propostas diferentes – natural, pela duração do registro. Mas poderia ser enxugado. Tanto é que não consegui ouvir “World On Fire” na íntegra de uma vez só.

A faixa título, já conhecida por ter sido lançada anteriormente. É animada, potente e resume um pouco o que está por vir: boa performance do guitarrista da cartola, entrosamento da cozinha e dos vocais de Myles Kennedy e Todd Kerns. Vídeo sensacional. “Shadow Life” dá sequência com um swing e um peso que lembra um pouco do Alter Bridge, mas com o estilo de Slash. Apenas boa. “Automatic Overdrive” é o típico rock n’ roll para se pisar no acelerador do carro em uma estrada. O riff principal é sensacional e a canção cresce muito depois do solo.
“Wicked Love” parece seguir a fórmula de “Standing In The Sun”, do disco anterior, pelo campo harmônico em que trabalha. Faixa um pouco previsível. “30 Years To Life” é animal desde o começo, com guitarra slide e vocal em coro. O refrão grudento, o solo e o dinamismo da canção são alguns dos atrativos. Acompanhada de violão de 12 cordas, “Bent To Fly” é uma boa balada, diferente da maioria lançada pela carreira solo de Slash até o momento. Tem peso no refrão, não é estática e destaca a voz de Myles Kennedy.
“Stone Blind” mescla o agressivo ao radiofônico. Poderia ser um single. O guitarrista da cartola debulha no solo. A pesada “Too Far Gone” começa interessante, com pausas e um riff poderoso. A perforance de Brent Fitz é o destaque. Slash se apresenta muito bem novamente. “Beneath The Savage Sun” alterna entre versos arrastados e refrão acelerado. O solo é incrível. Faixa curiosa, até pelo campo harmônico um pouco incomum e duração mais longa.
“Withered Delilah” é um legítimo hard rock com a assinatura de Slash. O refrão poderia empolgar mais, mas a música é boa. “Battleground” é uma balada com ares épicos, com ganchos melódicos no estilo Alter Bridge e mais um solo incrível. Os quase sete minutos da canção se justificam pela qualidade. “Dirty Girl” tem versos pesados, mas o restante da música é forte e grudento, especialmente pelo refrão.
“Iris Of The Storm” é previsível e enjoativa, com exceção do solo, que tem uma cozinha diferente. Não é ruim, mas a essa altura do disco, já se torna um pouco maçante. “Avalon” é divertida e tem um riff incrível, vale a atenção. “The Dissident” começa imprevisível, com uma passagem de rádio que logo descamba para uma canção agitada, mas muito melódica e interessante. O refrão é poderoso e o pós-solo, em que o instrumental praticamente é interrompido, colabora para o dinamismo. Uma das melhores.
“Safari Inn” encaminha o disco para o final de forma arrastada, com influência do blues rock. A faixa mostra que Slash é realmente diferente: o guitarrista consegue fazer uma canção instrumental sem que se torne maçante. O encerramento com “The Unholy” é soturno. O dedilhado e a voz calma no começo são sombrios e explodem para um refrão pesado. A tônica da música de quase sete minutos varia entre momentos calmos e pesados, sem deixar a proposta dark de lado. Em entrevista, Slash alegou ter sido influenciado pelo filme que produziu, “Nothing Left To Fear”, que é, justamente, de terror. Ótimo fim.
Em uma análise de “World On Fire”, enquanto disco, ele decepciona pela duração muito longa e pelas faixas repetitivas entre si. As estruturas são mantidas em várias canções, o que torna a audição muito maçante. Sem umas seis faixas, seria facilmente o álbum do ano. Da forma que está, é só um bom apanhado de músicas, sem conjunto, com destaques pontuais isolados – especialmente para as músicas mais experimentais, como as mais sombrias e arrastadas.
Para o disco como um produto único, nota 7
Para o apanhado de faixas, nota 8
Myles Kennedy (vocal)
Slash (guitarra)
Todd Kerns (baixo, vocal)
Brent Fitz (bateria)
01. World on Fire
02. Shadow Life
03. Automatic Overdrive
04. Wicked Stone
05. 30 Years To Life
06. Bent To Fly
07. Stone Blind
08. Too Far Gone
09. Beneath The Savage Sun
10. Withered Delilah
11. Battleground
12. Dirty Girl
13. Iris Of The Storm
14. Avalon
15. The Dissident
16. Safari Inn
17. The Unholy

Leia também:  Como Slash fez Demi Lovato cantar “Papa Was a Rollin’ Stone”
ESCOLHAS DO EDITOR
InícioResenhasDisco novo de Slash é bom, mas pretensioso e exagerado na duração
Igor Miranda
Igor Miranda
Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), com pós-graduação em Jornalismo Digital. Escreve sobre música desde 2007. Além de editar este site, é colaborador da Rolling Stone Brasil. Trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, revista Guitarload, jornal Correio de Uberlândia, entre outros. Instagram, Twitter e Facebook: @igormirandasite.

DEIXE UMA RESPOSTA (comentários ofensivos não serão aprovados)

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Últimas notícias

Curiosidades