David Coverdale confirmou oficialmente sua aposentadoria na última quinta-feira (13). Aos 74 anos, o líder do Whitesnake e ex-vocalista do Deep Purple, que já estava afastado dos palcos desde 2022 por motivos de saúde, anunciou a notícia por meio de um vídeo no YouTube.
Desde então, ex-companheiros de banda do artista prestaram tributos. Foi o caso de Reb Beach e também de Steve Vai, que tocou no Whitesnake brevemente entre 1989 e 1990, ano em que encerrou as atividades temporariamente.
O músico virtuoso gravou ao lado do grupo o disco “Slip of the Tongue” (1989). Num longo texto nas redes sociais, o guitarrista não só relembrou o momento, mas também a breve colaboração realizada no que tornou-se o último show do Whitesnake, em junho de 2022, no festival francês Hellfest.
Inicialmente, Vai elogiou os vocais de Coverdale, além de sua personalidade. Segundo o instrumentista, o colega era sempre uma companhia agradável, com um cavalheirismo e uma simpatia que transpareciam no palco:
“Quero tirar um momento para parabenizar o Father Snake, David Coverdale, por 60 anos entregando pura genialidade de rock ’n’ roll de maneira real. David vem sacudindo a terra há mais de meio século com uma voz capaz de derrubar uma montanha. Com instintos impecáveis para composição, melodia, presença e atitude, sua música sempre deu ao resto de nós algo para nos sentirmos gloriosamente incríveis.
Tive a sorte de fazer uma turnê e gravar o disco ‘Slip of the Tongue’ com o Whitesnake em 1989–1990, ao lado de Adrian Vandenberg, Rudy Sarzo e Tommy Aldridge. Aquela banda estava absolutamente pegando fogo e dividir o palco com aquela potência foi um dos grandes destaques da minha carreira. E em cada um dos 119 shows da turnê ‘Slip of the Tongue’, David subiu ao palco e se entregou como um verdadeiro chefe. Nunca reclamou, sempre um cavalheiro, sempre se apresentando como se estivesse incendiando a casa. Foi uma época mágica na indústria da música e sou eternamente grato por aquela experiência com o Whitesnake.”
Então, o guitarrista mencionou a última “parceria” com o vocalista que, diante do contexto, tornou-se “lindamente poética”. Em suas palavras:
“Em 23 de junho de 2022, toquei no Hellfest com minha banda, na França. O Whitesnake se apresentou depois de nós e David teve a gentileza de me chamar para subir ao palco na última música da noite, ‘Still of the Night’. Sempre adorei tocar essa faixa e estar novamente no palco com David, liberando aquele verdadeiro monstro histórico de música, foi uma honra. Quem poderia imaginar que seria a apresentação final da banda e que eu tocaria aquela última música com eles? Há algo de lindamente poético (e absurdamente legal) nisso.“
Por fim, Vai demonstrou gratidão pela amizade com Coverdale e finalizou a postagem descrevendo a voz do amigo como “a maior do rock desse planeta”:
“Irmão David, depois dos meus 50 anos como músico profissional, aqui vai uma coisa que eu sei com certeza: o sucesso é ótimo, os palcos são divertidos, os riffs são altos, mas são as pessoas que você encontra no caminho e as amizades que você constrói que acabam significando mais. E por nossa amizade, sou profundamente grato. E, amizade à parte… sua voz de ouro continua sendo, para este cara, a maior voz do rock desse planeta. Você é impecável. Você chegou, dominou e entregou tudo e somos todos gratos por isso.”
Steve Vai e Whitesnake
Antes de se juntar ao Whitesnake, Steve Vai já era conhecido no meio musical por ter trabalhado com Frank Zappa e David Lee Roth. Porém, David Coverdale soube do guitarrista de outra forma: por meio do filme “Crossroads” (1986), lançado no Brasil sob o título “Encruzilhada”.
Em entrevista ao podcast Appetite for Distortion, transcrita pelo Ultimate Guitar, o vocalista contou:
“Enquanto eu ainda trabalhava com John Sykes, vi o filme ‘Crossroads’ e foi a primeira vez que fui exposto àquela – se você me perdoa a expressão – indecência pública. Fui exposto a Steve Vai, que interpretou o guitarrista do diabo. Logo pensei: ‘oh meu Deus’.”
Vai lembra com carinho do período em que integrou o Whitesnake. Mencionando a relação com o chefe, o guitarrista disse à Guitar World em 2020:
“David era um príncipe. Ele tinha muita confiança em mim e basicamente sabia que precisava apenas me deixar fazer o meu trabalho. David sabia do que eu era capaz e realmente não interferia no que eu queria fazer.”
Aposentadoria de David Coverdale
Na última quinta-feira (13), David Coverdale publicou um vídeo com uma mensagem de despedida em seu canal no YouTube. O cantor agradeceu o apoio ao longo de todas as décadas e fez declarações de amor aos fãs e pessoas próximas.
Disse o músico (com transcrição do Blabbermouth):
“Senhoras e senhores, meninos e meninas, irmãos e irmãs da ‘cobra’, um anúncio especial para vocês. Depois de mais de 50 anos de uma jornada incrível com vocês, com o Deep Purple, com o Whitesnake, Jimmy Page, os últimos anos ficaram evidentes para mim que realmente é hora de pendurar meus sapatos de plataforma rock and roll e meu jeans colado. E como vocês podem ver, nós cuidamos da peruca do leão. Mas é hora, para mim, de encerrar.
Amo muito vocês. Eu agradeço a todos que me ajudaram e apoiaram nessa jornada incrível – todos os músicos, a equipe, os fãs, a família. É incrível, mas realmente é a minha hora de aproveitar minha aposentadoria. E eu espero que vocês possam apreciar isso.
Mais uma vez, eu amo vocês com todo o meu coração. Adeus.”
Ao longo dos últimos anos, David Coverdale vinha enfrentando problemas respiratórios que, somados à idade, o impedem de se apresentar em alto nível. A banda foi colocada em hiato em 2022, após um show no Hellfest, na França, e o cancelamento de datas remanescentes de uma turnê de despedida.
A última formação do Whitesnake trouxe Tanya O’Callaghan (baixo, também da banda solo de Bruce Dickinson), Reb Beach (Winger) e Joel Hoekstra (guitarras), Dino Jelusick e Michele Luppi (teclados e vocais de apoio) e Tommy Aldridge (bateria).
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