Fernanda Lira usou as redes sociais para relatar uma situação que vem enfrentando. Em vídeo publicado na última quarta-feira (12), a vocalista e baixista da Crypta expôs comentários gordofóbicos dos quais tem sido alvo em suas páginas na internet.
Entre os ataques, havia comentários como: “Vegana e só ganhando peso”, “Quando começa a dieta?”, “E é gorda, imagina se comesse carne” e “Tem que fazer regime, hein, Fefe, quase não tá cabendo mais no palco”. Uma das mensagens ainda possivelmente fazia referência a Max Cavalera, afirmando: “Fernanda, só se cuida! Você é uma mulher bonita. Não vire uma versão feminina do Max. Ele era boa pinta quando jovem, mas se deteriorou muito.”


No vídeo, a musicista afirmou não se sentir abalada, mas aproveitou o momento para propor uma reflexão sobre o culto ao corpo, a associação entre peso e saúde e a forma como a magreza é vista na sociedade. Ela destacou:
“Eu não deixo esses comentários me atingirem, mas compartilho com vocês para vocês saberem que eles existem e para trazer uma reflexão para vocês. [Os comentários começaram] quando eu estava passando por um momento muito frágil da minha saúde mental. [Depois me elogiaram por estar magra] quando eu tinha acabado de sair da pior intoxicação alimentar da minha vida que durou 10 dias, praticamente sem comer e que me deu esofagite e gastrite que tive de tratar por três meses. E essa sou eu hoje, com sobrepeso, mas em um excelente momento da minha vida e com os exames médicos perfeitos. Baseado nisso, trago algumas reflexões. A primeira: o corpo de uma pessoa não é parâmetro de saúde. Existem pessoas gordas com a saúde impecável e pessoas magras com a saúde em frangalhos e vice versa. A segunda: o seu corpo não diz nada sobre o seu valor. O seu tamanho não é revelante pro seu direito de ser feliz. Por fim: a que tipo de padrão estético a internet nos está acostumando? Ele é real, atingível, acessível? Qual o limite entre falar sobre saúde e fazer pessoas se sentirem insuficientes? Parem de comentar sobre o corpo das pessoas na internet, vocês não sabem absolutamente nada sobre a vida de ninguém.”
Já na legenda, a cantora relembrou como sofreu bullying pelo peso abaixo da média durante a infância e adolescência e detalhou a rotina intensa na estrada que, ainda assim, faz com que esteja com a “saúde em dia”:
“Sim, eu comecei a receber comentários gordofóbicos. Eles não me atingem porque tô com a terapia em dia, mas quero que saibam que eles existem e também provocar uma reflexão. Eu sofri bullying minha infância e adolescência inteira por ser ‘esquelética’, hoje tenho quase 40 anos e meu metabolismo não é mais o mesmo, minha vida na estrada (onde passo maior parte do ano) é desregrada, muitas vezes fast food é a única opção, não durmo direito, e é quase que impossível manter minha rotina de exercícios, porém estou bem e com a saúde em dia. Já nos meus vídeos mais esbeltos desse reels era quando eu não estava nada bem, me recuperando de traumas que me fizeram ter vontade de desistir da vida. Entendem como o corpo é relativo? A gente precisa lembrar que por trás de qualquer corpo existem fatores genéticos, psicológicos, sociais, ritmos de vida e metabolismos diferentes.”
Em seguida, Fernanda citou novamente os padrões estéticos inalcançáveis e como isso afeta as pessoas de diferentes maneiras, sobretudo as mulheres. Mencionando uma “epidemia de pessoas infelizes consigo mesmas”, a musicista disse:
“Vivemos uma era em que se vende ‘bem-estar’ como disfarce pro culto à estética. Pessoas com procedimentos, hormônios, remédios, com corpos cada vez mais inatingíveis, porém tratadas como referência de naturalidade, reforçam a mensagem de que você não é suficiente, pra vender publicidade. Isso sem contar o patriarcado usando isso como ferramenta para desestruturar mulheres incríveis. Não, não sou uma pessoa gorda e mesmo assim recebo esse tipo de comentário, e me dói pensar pelo que pessoas gordas ou muito magras passam. E o mais triste é ver uma epidemia de pessoas infelizes consigo mesmas. Conheço pessoas gordas que sofrem pra secar a barriga, e pessoas magras que vivem presas à balança, querendo mais músculo, mais bunda, mais peito.”
Por fim, deu o seguinte conselho:
“Parem de comentar sobre o corpo dos outros na internet. Você provavelmente não tá nem com a saúde nem tem uma lataria ‘perfeitas’ pra sair julgando os outros. Vocês não sabem absolutamente nada sobre a vida de ninguém. Repitam comigo: o corpo de uma pessoa não é parâmetro de saúde, seu corpo não diz nada sobre o seu valor e o padrão estético da internet é publicidade pra vender produto de ‘bem estar’. O corpo é pra viver, pra sentir, pra navegar pela vida e colecionar memórias — não pra te punir ou caber em um padrão.”
Crypta atualmente
A Crypta terminou recentemente uma turnê pelos Estados Unidos e já anunciou mais shows pela América Latina. O Brasil ficou com três datas do giro, que ainda passará por Uruguai, Argentina, Chile, Colômbia e México.
Atualmente, a banda é formada de modo oficial por Fernanda Lira (vocal e baixo), Luana Dametto (bateria) e Tainá Bergamaschi (guitarra), desde a saída de Jéssica di Falchi (guitarra), em março deste ano. O trio vem testando novas integrantes a cada turnê antes de escolher uma integrante definitiva.
Os primeiros shows sem Jéssica foram feitos com Helena Nagagata, que não deve estar disponível durante a nova turnê por conta de compromissos com o Shamangra. Na excursão norte-americana recém-completada, quem assumiu a vaga foi Victoria Villarreal (Bow Before None, Syrebris). Não se sabe se ela retornará nas apresentações latino-americanas.
Confira as datas da turnê da Crypta pela América Latina (todas com a banda francesa Dvrk como atração de abertura, com exceção dos shows no México).
- 19/11 – Montevidéu, Uruguai (Live Era)
- 20/11 – Córdoba, Argentina (Sala Formosa)
- 21/11 – Buenos Aires, Argentina (Uniclub)
- 22/11 – Santiago, Chile (RBX Club)
- 26/11 – Bogotá, Colômbia (Ace of Spades)
- 28/11 – Monterrey, México (Café Iguana)
- 29/11 – Guadalajara, México (Tattoo Music Fest)
- 30/11 – Cidade do México, México (Circo Volador)
- 05/12 – Belo Horizonte, MG (Mister Rock)
- 06/12 – Brasília, DF (Toinha)
- 07/12 – Belém, PA (Botequim)
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