Com o fim do Led Zeppelin em 1980 ocasionado pela morte do baterista John Bonham, Robert Plant iniciou uma carreira solo. Apesar da empreitada ter funcionado e trazido sucesso para o vocalista que segue em atividade até hoje, o próprio enxerga o início da trajetória fora da banda com um olhar crítico.
Durante entrevista à edição 345 da revista Classic Rock, o cantor definiu os primeiros discos solo como frutos de um período “cômodo que durou tempo demais”. Conforme transcrição do site IgorMiranda.com.br, o artista trouxe o raciocínio da seguinte maneira:
“Todo mundo com quem vocês [jornalistas] conversam segue a mesma linha: só indo de um projeto para outro, pensando no próximo passo. De certa forma, eu também sou assim. Mas preciso mudar o tempo todo, senão não acredito no que estou fazendo. Tenho que fazer isso. Caso contrário, vira uma carreira cômoda. Já estive em algo cômodo que durou tempo demais.”
Nas palavras do cantor replicadas pela revista, o período em questão envolveu os anos 1980 e começo dos 1990 – ou seja, inclui os álbuns “Pictures at Eleven” (1982), “The Principle of Moments” (1983), “Shaken ‘n’ Stirred” (1985), “Now and Zen” (1988) e “Manic Nirvana” (1990). Plant explicou que a virada de pensamento só aconteceu em 1992 com a gravação do disco “Fate of Nations” (1993):
“Eu estava jogando o jogo. E consegui uma grande fuga. Realmente saí dessa [em 1992]. Eu amadureci. De verdade. De repente, percebi que, se você faz algo consistente, pode convidar qualquer outra pessoa de peso para se juntar; Richard Thompson, Nigel Kennedy, Moya do Clannad. Fez com que o fosse mais do que só o trabalho do ‘cara do Led Zeppelin’. Quando me juntei ao Strange Sensation, pensava: ‘colabore com mais pessoas, veja o que acontece quando mistura Jah Wobble com alguém do Portishead’.”
Trabalho inicialmente frágil
Para Robert Plant, o maior problema está na direção artística que seguiu nos primeiros projetos, guiada pelo o que então o emocionava. Ao site Long Live Vinyl em 2020, o vocalista descreveu como “frágeis” as primeiras de suas canções diante de tal contexto:
“Em 1981, eu tinha uma posição de destaque como cantor e uma certa reputação. Depois do Led Zeppelin não havia uma fórmula e eu fui pulando de um lado para o outro. A repetição é entediante. Acabei desenvolvendo múltiplas identidades ao longo de vários discos e tive a liberdade de fazer coisas muito variadas. Na época em que gravei a maioria dessas músicas, eu estava fascinado pelo que era contemporâneo. Então, hoje elas soam meio frágeis. Era a época eletrônica e ninguém queria guitarras, mas desse mesmo período saíram muitas coisas boas: Cocteau Twins, The Jesus and Mary Chain e a música incrível da gravadora 4AD.”
Para completar, o passado de Plant com o Zeppelin ainda vivia no imaginário do público. Isso também influenciou a criação dos materiais mencionados, segundo o artista à Classic Rock no mesmo ano:
“Eu realmente não sabia o que fazer, porque o destino e também a Warner Bros me incentivavam a jogar duro e a seguir firme, de algum modo mantendo a tradição que já existia na mente de todo mundo por causa do Led Zeppelin. E acho que toquei nesse ponto com músicas como ‘Slow Dancer’. Fiz alguns vídeos e eles entraram em rotação máxima na MTV, o que foi meio engraçado. Aos poucos, meu amadurecimento foi me conduzindo até ‘Fate of Nations’. Eu só precisava me cercar de boa companhia e, aos poucos, fui encontrando meu caminho. Pude trabalhar com pessoas por quem tenho enorme respeito, como Richard Thompson, e depois entrar em uma zona na qual, no fim das contas, estava fazendo discos com T Bone Burnett e Alison Krauss.”
Robert Plant atualmente
No início de 2019, Robert Plant formou o grupo Saving Grace junto à cantora Suzi Dian. Com a banda, mais voltada ao folk e ao blues, o vocalista tem apresentado shows intimistas, nos quais revisita obras de nomes como Neil Young, Sarah Siskind, Low e até do Led Zeppelin.
Desde que iniciou as atividades, o Saving Grace ainda não havia lançado nenhum material de estúdio, mas, recentemente, anunciou seu disco de estreia. Homônimo, o álbum chega a público no dia 26 de setembro pela Nonesuch Records.
Segundo comunicado, as gravações aconteceram entre abril de 2019 e janeiro de 2025. Com 10 músicas, o tracklist incluirá releituras de nomes como Memphis Minnie, Bob Mosley (Moby Grape), Blind Willie Johnson, The Low Anthem, Martha Scanlan e Sarah Siskind.
Além de Plant e Dian, o Saving Grace é formado por Oli Jefferson (bateria), Tony Kelsey (guitarra), Matt Worley (banjo) e Barney Morse-Brown (violoncelo). Divulgando o vindouro disco, a banda realizará uma nova série de shows até novembro, que incluirá as primeiras apresentações nos Estados Unidos.
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