De acordo com duas fontes próximas, a cantora Marcie Free morreu aos 71 anos. Ainda não há comunicado oficial. A artista americana ficou conhecida por integrar bandas de hard rock e AOR como King Kobra, Signal e Unruly Child, além de ter lançado trabalhos solo.
A informação foi publicada por Bruce Gowdy, guitarrista do Unruly Child — grupo com o qual Marcie gravou seu último trabalho, “Our Glass House” (2020). Não se sabe a causa do falecimento.
Heidi Thompson, ex-esposa de Marcie, também trouxe a situação em postagem no Facebook. Um trecho de texto afirma:
“Nos falávamos todos os dias, mas eu precisava de um tempo para me concentrar na minha própria recuperação de uma cirurgia. Mandei uma mensagem para ela uma semana depois, na última terça-feira (21). Ela não respondeu. Mandei outra mensagem no dia seguinte. Silêncio absoluto. Era muito incomum dela. Então, entrei em contato com seu grande amigo e ex-guitarrista de uma de suas bandas (Unruly Child), Bruce Gowdy, para ver se ele tinha notícias dela. Bruce era um dos poucos que mantinha contato constante com ela.
Bruce mencionou que ela havia reclamado de dores no peito. Ela não era de procurar ajuda médica, então tenho certeza de que ela atribuiu isso a algo além do coração. Não tenho certeza se foi isso que tirou a vida dela. Mas parece que sim. Bruce disse que também não tinha notícias dela desde 14 de outubro. Isso foi ontem, 23 de outubro. […] Entrei em contato com as duas irmãs dela pelo Messenger do Facebook. […] A polícia a encontrou sozinha em casa ontem à noite, por volta das 20h, horário de Michigan. Meu coração já sabia que ela tinha ido embora.”
Sobre Marcie Free
Marcie Free nasceu como Mark Edward Free em 12 de abril de 1954, em South Bend, Indiana. Após uma série de projetos na década de 1970, conheceu o baterista Carmine Appice, já uma lenda pelo trabalho com Vanilla Fudge, Cactus e outros, em 1983. Appice convidou Free para seu novo grupo, King Kobra, que lançou dois álbuns pela Capitol Records — o clássico cult “Ready to Strike” (1985) e “Thrill of a Lifetime” (1986) — antes de sua saída, ainda em 1986.
No ano seguinte, Free entrou para The Fugitive Kind, que virou Signal e lançou apenas um álbum, “Loud and Clear” (1989), pela EMI. Já em 1990, criou o Unruly Child, criado junto ao guitarrista Bruce Gowdy e o tecladista Guy Allison. Entre idas e vindas, foram lançados seis álbuns, a maior parte na década de 2010.
Dois discos solo foram disponibilizados nos anos 1990: “Long Way from Home” (1993) e “Tormented” (1995), este assinando já como Marcie Free após a cirurgia de redesignação sexual. Entre o segundo álbum citado e o retorno do Unruly Child em 2009, a artista sofreu com o alcoolismo, mas garantiu sua sobriedade antes da reunião da banda.
Em entrevista de 2011 ao jornalista Ricardo Batalha, para a edição 149 da revista Roadie Crew, Marcie explicou sua disforia de gênero e a realização da cirurgia de redesignação sexual. Ela disse:
“Bem, foi muito difícil crescer nos anos 60 em Michigan, numa região muito conservadora do país, de classe média e operária, repleta de religiosidade, com costumes tradicionais. Não dava para falar nada sobre esses assuntos polêmicos. Eu não tinha para onde ir e, então, me calava. Depois, entrei de cabeça no álcool, que era a minha válvula de escape. Aí vieram as drogas e até os 40 anos de idade eu quase me matei diversas vezes. Certa noite, quando me preparava para um show, lembro que vi uma entrevista de Michael Jackson para Oprah Winfrey, e jamais esqueci. Ele estava lá sem nenhum medo de falar. E eu, um ser insignificante perto dele, me escondendo. Foi então que percebi que ou ia cometer suicídio ou mudaria tudo. Decidi que seguiria em frente. Tinha perdido tudo, estava sozinho e havia me separado de minha segunda esposa. Bebia, usava drogas… Não tinha o que perder. Mas foi a melhor coisa que fiz por mim, pois fez uma grande diferença na minha vida.”
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