...

O emotivo discurso de Fred Durst em tributo a Sam Rivers, do Limp Bizkit

Baixista e membro fundador da banda teve sua morte anunciada no último sábado (18), aos 48 anos; causa não foi anunciada

O vocalista do Limp Bizkit, Fred Durst, se pronunciou a respeito da morte de Sam Rivers. O baixista e membro fundador da banda teve sua morte anunciada no último sábado (18).

Durst relembrou o amigo, falecido aos 48 anos de idade, por meio de um vídeo de 8 minutos compartilhado nas redes sociais por meio da página LBUnderground. Conforme transcrição do Blabbermouth, ele declarou:

- Advertisement -

“Sam Rivers, a lenda. De verdade. Uma pessoa tão talentosa, incrivelmente doce e maravilhosa. Conheci Sam quando comecei a trabalhar em algumas iterações de uma ideia de banda que eu estava tentando fazer acontecer em Jacksonville, Flórida. Eu tinha essa ideia e visão para esse tipo específico de estilo e som, mas não dava certo. Então decidi: ‘Vou encontrar os músicos certos para fazer isso e dar forma a tudo isso’. Fui a um pequeno bar/pub onde uma banda estava tocando em Jax Beach, chamado Pier 7. E lá estava o Sam no palco com sua banda, arrasando no baixo. E eu pensei: ‘Meu Deus, esse cara é incrível’.

Na minha cabeça, era preciso começar com a seção rítmica, o baixo e a bateria. E eu não sabia quem eu ia encontrar primeiro para colocar essa ideia em prática — não sabia se seria o baterista ou o baixista —, mas acabou sendo o baixista. Vi Sam tocar e fiquei impressionado. Ele estava tocando com um baixo de cinco cordas. Eu nunca tinha visto alguém usando um baixo de cinco cordas. E ele era tão suave e bom, e se destacava. Não conseguia ouvir nada além do Sam. Tudo desapareceu, exceto o talento dele. Fui até o Sam depois do show e disse: ‘Ei, cara, você é inacreditável. Eu tive uma ideia para uma banda que eu quero formar’. E meio que a lancei e disse a ele o que eu queria que fosse. E ele olhou para mim e disse: ‘Demais. Eu topo. Vamos fazer isso’. Foi assim que as coisas começaram a se encaixar. Eu tinha um baixista.

Depois que Sam e eu começamos a improvisar e a experimentar um pouco, comecei a procurar outros músicos e coisas do tipo, e o Sam disse: ‘Bem, meu primo John [Otto] é um baterista incrível. Ele é baterista de jazz e deveria tocar com a gente’. E eu disse: ‘Bem, jazz seria ótimo porque nos dará aquele tipo de batida que queremos, aquele estilo’. Conheci John através do Sam e vi que John tinha o que era preciso. Então, eu, John e Sam tocávamos na garagem do Sam. Eu estava tocando guitarra na época, meio que fazendo rap e cantando, e eu não toco guitarra muito bem. A afinação era drop-D e eu ficava tocando com um dedo só, enquanto Sam preenchia e segurava, porque claramente eu não conseguia. Era mágico ver John e Sam. Pensei: ‘é isso que eu estava procurando’.

Sam tinha essa coisa de fazer qualquer coisa que eu pudesse sugerir — ‘tente isso’, ‘faça isso’ ou ‘aquilo’. Sam conseguia fazer, e fazia mil vezes melhor do que eu conseguia ouvir na minha cabeça. E também Sam e eu compartilhávamos uma afinidade, um amor pela música grunge. Isso era algo sobre o qual nós dois estávamos realmente na mesma página. Sam realmente amava Mother Love Bone, Alice in Chains, Stone Temple Pilots e todo o movimento grunge de Seattle. E ele tinha essa habilidade de extrair uma tristeza linda do baixo que eu nunca tinha ouvido. Ele fazia acordes. Era tão talentoso. Não consigo explicar. Sei que estou viajando aqui. Só de pensar nele… é tão trágico que ele não esteja aqui agora. Chorei muito desde ontem, e penso: ‘meu Deus, o Sam é uma lenda’. Ele conseguiu. Ele viveu isso.

Com o Limp Bizkit, simplesmente vivemos uma jornada. Tem sido uma montanha-russa enorme. Aqui estamos nós, vivendo esse momento incrível, e está indo tão, tão maravilhosamente tranquilo. E o Sam estava muito feliz com isso. Detonamos juntos em estádios, viajamos o mundo juntos, compartilhamos tantos momentos juntos. E eu sei que onde quer que o Sam esteja agora, ele está sorrindo e sentindo, tipo: ‘Cara, eu consegui. Eu consegui’. O que ele nos deixou não tem preço. Ele era uma pessoa tão especial.

Sam era uma pessoa muito reservada também. Então, as poucas pessoas que conseguiram ser próximas dele e ao seu redor sabem que o que estou dizendo é verdade. Ele era uma pessoa muito especial e genuína. E quando ele subia no palco, aquele Sam-I-Am, aquele Sam Rivers, apareceu e ele era uma fera. Uma pessoa incrível. E quando penso em como o conheci e como tudo isso aconteceu… Sam foi o primeiro cara que realmente apareceu e ajudou a tornar esse sonho realidade. E ele não pensou duas vezes sobre isso. Ele disse: ‘Vamos nessa, parece ótimo’. E eu tinha 25 anos e ele tinha 18 anos, era jovem, tinha toda aquela chama e todo aquele talento. E eu sabia que eu era muito, muito, muito sortudo por tê-lo na minha vida. E sou tão grato, incrivelmente grato por ter compartilhado parte dessa jornada com Sam Rivers — uma parte enorme dessa jornada, uma parte enorme da minha jornada. Sou super, super grato e já sinto muita falta dele. E todo o apoio e amor que vi online é impressionante. Ele realmente teve um impacto no mundo, e sua música e seu talento são os que continuarão rendendo frutos. E eu simplesmente o amo muito.”

Sobre o falecimento

Como noticiado, morreu aos 48 anos o baixista Sam Rivers. Ele ficou conhecido como integrante do Limp Bizkit desde a formação do grupo em 1994, exceto pelo curto período de ausência entre 2015 e 2018.

A informação foi confirmada por meio das redes sociais da banda. A causa não foi divulgada.

Sabe-se, no entanto, que ele sofria de doença hepática devido ao consumo excessivo de álcool, chegando a passar por um transplante de fígado. Esta foi a razão para seu afastamento na segunda metade da década passada.

Curiosamente, quando os colegas de Rivers revelaram que ele passaria um tempo ausente dos shows e demais compromissos, a informação era de que o baixista estava com problemas na coluna.

Em entrevista publicada em 2020 no livro “Raising Hell (Backstage Tales From the Lives of Metal Legends)” (via Loudwire), Sam explica:

“Eu tive uma doença hepática por causa do consumo excessivo de álcool. Tive que deixar o Limp Bizkit em 2015 porque me sentia péssimo, e alguns meses depois percebi que precisava mudar tudo porque tinha uma doença hepática muito grave. Parei de beber e fiz tudo o que os médicos me disseram. Fiz tratamento para o alcoolismo e um transplante de fígado, que foi perfeito.”

E complementa:

“Fui diagnosticado em 2011. Eu não entendia bem o que estava acontecendo naquela época. Parei de beber e lutei contra a doença hepática por um tempo. Fiquei limpo por uns nove ou dez meses e saí em turnê. Eu estava supersóbrio, mas minha vida em casa não era tão boa na época e, assim que terminei a turnê, comecei a beber, e depois a beber mais. Voltei a ser um bêbado horrível. A situação ficou tão ruim que precisei ir ao hospital e o médico disse: ‘Se você não parar, vai morrer. E agora, parece que você precisa de um novo fígado’. Lutei contra uma doença hepática por alguns anos e ela venceu. Precisei fazer um transplante de fígado em 2017.”

Deve-se reforçar, contudo, que a razão para o falecimento do músico não consta na nota publicada pelo Limp Bizkit. O texto afirma:

“Uma lembrança carinhosa do nosso irmão, Sam Rivers. Hoje perdemos nosso irmão. Nosso companheiro de banda. Nosso coração pulsante.

Sam Rivers não era apenas nosso baixista — ele era pura magia. A pulsação por trás de cada música, a calma no caos, a alma no som.

Desde a primeira nota que tocamos juntos, Sam trouxe uma luz e um ritmo que nunca poderiam ser substituídos. Seu talento era natural, sua presença inesquecível, seu coração enorme.

Compartilhamos tantos momentos — selvagens, tranquilos, lindos — e cada um deles significou mais porque Sam estava lá.

Ele era um ser humano único. Uma verdadeira lenda das lendas. E seu espírito viverá para sempre em cada groove, cada palco, cada memória.

Nós te amamos, Sam. Nós te carregaremos conosco, para sempre. Descanse em paz, irmão. Sua música nunca acaba. — Fred, Wes, John e DJ Lethal”

Rivers viria com o Limp Bizkit para show único no Brasil em 20 de dezembro. Yungblud, 311, Ecca Vandal, Riff Raff e Slay Squad dividem o palco com a banda americana de nu metal no Allianz Parque, em São Paulo.

Sam Rivers e Limp Bizkit

Nascido em 2 de setembro de 1977 em Jacksonville, Flórida, Estados Unidos, Samuel Robert Rivers começou sua trajetória na música ainda na escola. Ele tocava tuba quando criança e migrou para a guitarra na adolescência. Acabou adotando o baixo por sugestão de um professor.

Rivers e o vocalista Fred Durst se conheceram enquanto trabalhavam em uma rede de fast food em um shopping de Jacksonville. Formaram a banda Malachi Sage, que serviria de base para a fundação do Limp Bizkit, junto do baterista John Otto. O guitarrista Wes Borland e o DJ Lethal entraram posteriormente.

Sam participou de todos os seis álbuns de estúdio do grupo. Chegou a gravar guitarra, também, em algumas faixas do disco “Results May Vary” (2003), feito sem Borland.

Em 2015, foi informado que Rivers deixaria temporariamente o Limp Bizkit devido a um problema na coluna. Anos depois, revelou-se que na verdade ele sofria de doença hepática em função do consumo de álcool. O músico chegou a passar por um transplante de fígado.

Além do Limp Bizkit, Sam Rivers integrou o Sleepkillers e produziu álbuns de bandas como Burn Season e The Embraced.

Clique para seguir IgorMiranda.com.br no: Instagram | Bluesky | Twitter | TikTok | Facebook | YouTube | Threads.

ESCOLHAS DO EDITOR
InícioNotíciasO emotivo discurso de Fred Durst em tributo a Sam Rivers, do...
Igor Miranda
Igor Miranda
Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), com pós-graduação em Jornalismo Digital. Escreve sobre música desde 2007. Além de editar este site, é colaborador da Rolling Stone Brasil. Trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, revista Guitarload, jornal Correio de Uberlândia, entre outros. Instagram, Twitter e Facebook: @igormirandasite.

DEIXE UMA RESPOSTA (comentários ofensivos não serão aprovados)

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui


Últimas notícias

Curiosidades